Capítulo final -

Especial | Tudo que você precisa saber sobre o Superman (Fim)

 

Ei, você, sabia que essa é a parte final? Volte algumas casas antes. Parte I, Parte 2, Parte 3, Parte 4 e Parte 5.

Todas as artes da capa da postagem são do Alex Ross.

 

Anos 2000

O Superman não ficou muito tempo longe das TVs. Pouco tempo após o fim de Lois & Clark, em 1997, o herói voltou com tudo às telinhas. A Warner queria, inicialmente, fazer uma série de TV que explorasse a vida do jovem Bruce Wayne antes dele se tornar o Batman, mas com os planos de uma nova franquia do homem morcego para os cinemas, o estúdio mudou de ideia e colocou o Superman na mesma posição. Para desenvolver o projeto, foi convocada a dupla Alfred Gough e Miles Millar, que criaram um programa que mostraria a adolescência de Clark Kent com uma regra: no suits, no flying, ou seja, sem uniformes e sem voos.

A explicação era criar um universo mais crível e moderno ao mesmo tempo em que explorava as motivações do jovem fazendeiro em se tornar o maior herói da Terra. O nome da série seria o da cidade onde rapaz cresce: Smallville. Com elenco puxado por jovens nomes – Tom Welling (Clark Kent), Kristin Kreuk(Lana Lang) e Michael Rosenbaum (Lex Luthor) – Smallville teve seu Episódio Piloto exibido em 2001 e fez tanto sucesso que marcou um recorde: oito milhões de expectadores!

 

A serie se desenvolveu explorando as personalidades de Clark e Lex, que vão lentamente de amigos a inimigos, aprofundando muito a psiquê do vilão, criando talvez a sua melhor versão entre todas. Inicialmente de natureza mais realista (apenas fantasiosa), lentamente, a série foi acrescentando elementos do universo do Superman, como Jor-El, a Fortaleza da Solidão, outros heróis da DC (Flash, Aquaman, Arqueiro Verde) e até a formação da Liga da Justiça. Na reta final, vilões como Brainiac, Doomsday/Apocalypse, General Zod e até Darkseid apareceram. Isso tudo antes de Clark Kent colocar seu uniforme de Sueperman! Lois Lane também foi introduzida bem cedo, na quarta temporada.

Embora muitos achem que Smallville perdeu a força com o passar dos anos, a série teve 10 temporadas até se encerrar em maio de 2011, sendo a mais longeva série de ficção científica da história da TV norte-americana.

Com o início dos anos 2000, as histórias do Superman sofreram outra queda de interesse. Desde então, o personagem só ganha relevância de mercado pontualmente. Ainda assim, vale nota a fase escrita porKarl Kesel, que lidou com vários desafios éticos. A escritora Gail Simone também produziu histórias interessantes em que John Byrne atuou “apenas” como desenhista, na revista Action Comics.

Já em Superman, houve uma boa fase escrita por Mark Verheiden (um dos roteiristas de Smallville) e com desenhos do brasileiro Ed Benes, que se tornou um dos grandes nomes da editora.

Ed Benes: Batman #50 (2016); Superman #50 (2016); Justice League of America #7 (2006) (Ed Benes/Reprodução)
Ed Benes: Batman #50 (2016); Superman #50 (2016); Justice League of America #7 (2006) (Ed Benes/Reprodução) 

 

Também alguns eventos importantes ocorreram na época, como a eleição de Lex Luthor como Presidente dos Estados Unidos, numa sacada ousada e interessante da DC. Também funcionava como uma crítica à Era Bush. Muitas boas histórias foram contadas em torno disso.

Além disso, a DC decidiu resgatar vários dos elementos pré-Crise eliminados na reformulação de John Byrne. Por exemplo, Krypto, o supercão, foi reintroduzido em 2001, em Superman (vol 2) 167, numa história da dupla Jeph Loeb eEd McGuiness.

Um dos marcos dessa virada foi a maxissérie Superman: Birthright(Legado das Estrelas, no Brasil), publicado em 12 partes entre 2002 e 2003, escrito por Mark Waide desenhado por Leinil Francis Yu. A história até tenta não “atropelar” a Byrne, mas traz várias modificações, como reintroduzir a amizade juvenil entre Clark Kent e Lex Luthor; uma explicação para o fato do Superman não usar máscara; e mostra Clark como um jovem repórter viajando pelo mundo em busca de conhecê-lo e, secretamente, ajudar as pessoas com suas habilidades, antes de se tornar o Superman, propriamente dito.

Superman - O Legado das Estrelas
Superman - O Legado das Estrelas 

 

Era uma forma da DC se aproximar da série de TV Smallville, que fazia um grande sucesso na época.

Também foi um marco da volta dos elementos pré-Crise a maxissérie All-Star Superman, escrita por Grant Morrison e desenhada por Frank Quitely, com a publicação iniciada em 2005. A proposta da série All-Star era criar histórias icônicas de personagens icônicos. As tramas seriam à parte da cronologia e deveriam focar na essência dos personagens. Nisto, Morrison e Quitely acertaram em cheio. Os 12 capítulos são um deleite ao leitor, mostrando uma história ao mesmo tempo complexa (pois brinca com centenas de referências às Eras de Prata e Bronze) e simples (a linha principal da trama), em que o Lex Luthor consegue superexpor o Superman ao sol, no que resulta em sua morte lenta. Ao perceber que vai morrer, o homem de aço se autodetermina a uma série de atividades que quer realizar antes de partir, o que é pretexto para uma bela história.

Grant Morrison e Frank Quitely,
Grant Morrison e Frank Quitely, 

 

Os críticos afirmam que é a melhor história do Superman em décadas e, definitivamente, é um clássico moderno. Mais tarde, foi adaptada como um longa-metragem animado de mesmo título muito interessante.

 

A linha All-Star, entretanto, não emplacou. Um volume do Batman chegou a ser publicado com roteiros de Frank Miller e desenhos de Jim Lee, mas sequer foi terminado. Um outro da Mulher-Maravilha foi anunciado, mas nunca iniciado.

Ao longo dos anos, surgiram várias versões da heroína, mas nenhuma emplacava até que, no segundo arco da revista Superman/Batman, em 2004, o escritor Jeph Loeb e o desenhista Michael Turner criaram uma história que, mais ou menos, adaptava a mesma premissa da Era de Prata: o Batman encontra uma nave kryptoniana no mar e dentro dela uma garota que, depois o Superman descobre, é Kara Zor-El, sua prima. O vilão Darkseid, então, tenta pervertê-la, mas a dupla de heróis consegue impedir. Esta história foi adaptada, mais tarde, como um longa-metragem animado chamadoSuperman & Batman – Apocalipse.

 

Falando em Superman/Batman foi uma nova revista criada pela DC em 2003 para reprisar os encontros entre seus maiores heróis, tal qual em World’s Finest. O primeiro arco, escrito por Jeph Loeb e desenhado porEd McGuiness, mostrava a dupla tirando Lex Luthor da Presidência dos EUA. Esta história também foi adaptada como longa metragem de animação em Superman & Batman – Inimigos Públicos

O Retorno ao Cinema

Falando em filmes, o Superman demorou quase 20 anos para voltar às telas do cinema. Depois do fracasso de Superman IV, a Warner deixou o azulão de lado e promoveu uma bem-sucedida franquia do Batman, que lançou dois grandes filmes – Batman – O Filme (1989) e Batman – O Retorno (1992), ambos de Tim Burton – e dois grandes fiascos – Batman Eternamente (1995) e Batman & Robin (1997), ambos de Joel Schumacher.

Apesar do homem de aço frequentar bem as telinhas da TV, como já vimos, sua trajetória aos cinemas foi bem mais árdua. No início dos anos 1990, motivada pelo sucesso deLois & Clark, a Warner retomou a ideia de um filme do Superman. Um roteiro foi feito e terminou caindo nas mãos do diretorKevin Smith, conhecido nerd que mais tarde faria também quadrinhos de sucesso. Como era uma porcaria total, Smith terminou conseguindo convencer os executivos do estúdio em produzir um novo texto. O projeto seria Superman Lives e adaptaria o arco da morte e do retorno do Superman.

Veja a seguir, estaria morto e enterrado qualquer coisa do Superman se esse filme tivesse ido para frente:

 

Contudo, o produtor Jon Peters, que tinha cuidado do Batman, interferiu no projeto e acabou impondo uma série de mudanças, como o fato do herói não voar, uma aranha mecânica gigante e um cachorro falante alienígena e gay. (Isso mesmo, não é brincadeira!). O vilão principal seria Brainiac e o astro (pelo menos na época) Nicolas Cage era o grande chamariz do projeto e faria o homem de aço. Então, por volta de 1996, a Warner decidiu contratar o diretor Tim Burton, que havia saído da franquia do Batman.

Burton demitiu Kevin Smith, colocou outro roteirista e impôs sua visão: o Superman continuaria sem voar, usaria uma roupa preta e carro possante. Isso lembra alguém? Contudo, os conflitos criativos se agravaram e (graças a Rao) o filme não foi para frente. Por volta de 1998, surgiu um projeto ainda mais ousado: Superman versus Batman, já que a franquia do homem-morcego também tinha afundado. Essa ideia foi levada à sério durante algum tempo e o filme, que chegou a ser chamado também de World’s Finest terminou não acontecendo. Mas um grupo de fãs do herói fez um fanfilm (produções amadoras e não-oficiais) com os dois heróis que foi um hit na internet.

 

Então, o projeto voltou os olhos de novo à ideia de Superman Lives e, em 2004, com a entrada do diretor Bryan Singer(de Os Supeitos e os filmes dos X-Men), se transformou em Superman – O Retorno, lançado em 2006, com Brandon Routh (Clark Kent), Kate Bosworth (Lois Lane) e Kevin Spacey (Lex Luthor). Singer investiu em um projeto um pouco mais intimista, sem grandes cenas de ação, e totalmente voltado a homenagear os antigos filmes de Richard Donner e Christopher Reeve. Em termos plásticos, um ótimo filme, que teve a proeza de trazer até Marlon Brando de volta como Jor-El – por meio de um efeito especial e gravações da voz do ator falecido em 2004 – porém, carente de ação e intensidade que provocassem o público moderno. Eu acho esse filme uma tragédia, mas tudo bem rs

Resultado: arrecadou apenas 400 milhões de dólares nas bilheterias e desmotivou a Warner a dar prosseguimento à franquia. Em paralelo, a franquia do homem morcego virara um fenômeno de crítica e público.

A Warner cogitou fazer um filme da Liga da Justiça, mas cancelou o projeto às vésperas de ser filmado, em 2008, com os atores contratados, cenários montados e figurino pronto. O motivo era o medo de chocá-lo com os filmes de Batman, que faziam tanto sucesso. No longa da equipe Superman e Batman seriam vividos por outros atores que não Brandon Routh e Christian Bale, mas os mais jovens, Scott Potter e Armie Hammer, respectivamente.

 

O filme já tinha sets construídos, figurinos e elenco, mas…

uma série de problemas fizeram com que o longa que já acontecia, fosse cancelado. Mudanças nas leis de incentivo da Austrália (onde a maior parte do filme seria gravada), greve dos roteiristas e consequentemente o orçamento estourado causaram atrasos no filme. Até que o sucesso avassalador de Batman: O Cavaleiro das Trevas em 2008 fez o projeto ser extinto de vez.

Foi preciso algum tempo para que a franquia do personagem fosse retomada de verdade, agora, com Superman – O Homem de Aço, estrelado pelo britânico Henry Caville dirigido por Zack 'GOD' Snyder (de 300 e Watchmen), com uma história criada por Christopher Nolan e David S. Goyer, a mesma dupla dos filmes do homem morcego. O filme dividiu a crítica especializada, os fãs e meus amigos. Ele custou 255 milhões e arrecadou 670. Alguns críticos elogiaram a narrativa do filme, as atuações, cenas de luta, visuais, a reinvenção do personagem e a partitura musical de Hans Zimmer, enquanto outros criticaram seu ritmo e falta de desenvolvimento de personagens. Eu adorei para cacete, mas isso também não importa rs

A cena dele voando a primeira vez é uma das coisas mais bonitas que, eu como fã do Superman, já vi na minha vida. É ápice de tudo que existe sobre ele em apenas alguns minutos:

Simplesmente o maior de todos.

Mudanças de Novo e Novos 52

 

A segunda metade da década de 2000 foi repleta de mudanças e grandes arcos para o Superman, embora as vendas tenham oscilado. De fato, os escritores continuaram a empreitada de trazer de volta muitos dos elementos pré-Crise.

Na maxissaga Crise Infinita, de 2006, escrita por Geoff Johns e desenhada por Phil Phimenez, uma espécie de sequência da primeira Crise, o status de herói e inspiração do Superman é testado, inclusive na clássica cena em que o homem de aço discute com o Batman, que diz que ele não inspira ninguém desde que esteve morto.

De todo modo, a chaga deixada pela Crise nas Infinitas Terras foi tão grande que o Multiverso voltou a fazer parte da DC com a saga Crise Infinita
De todo modo, a chaga deixada pela Crise nas Infinitas Terras foi tão grande que o Multiverso voltou a fazer parte da DC com a saga Crise Infinita 

 

Usando isso como mote, Johns coloca duas velhas versões do Superman – o da Terra 2 e o Superboy extinto – como personagens da saga. Ao final da primeira Crise, ambos ficaram presos em um limbo para além do tempo e do espaço, mas agora estavam de volta. Só que o Superboy Prime – para diferenciá-lo do Superboy clone, agora chamado, Connor Kent – quer remodelar a realidade à sua vontade e termina se transformando em um perigoso supervilão, que mata o Superman da Terra 2.

O nosso Superman quase não sobrevive ao confronto, mas mata sua versão juvenil e maligna, mas ao custo de seus poderes. O herói passa um ano afastado – cronologicamente – e retorna somente após a volta de sua força.

Em seguida, o mesmo Geoff Johns une-se a Richard Donner (isso mesmo, o diretor de Superman – O Filme) para escrever um arco de histórias do personagem, The Last Son, belamente ilustradas por Adam Kubert. A partir de Action Comics 844 tem-se uma boa história em que o Superman encontra uma criança com seus mesmos poderes, um filho do General Zod com Ursa, concebido na Zona Fantasma como estratégia de libertar os criminosos lá trancafiados.

 

Johns se tornou o principal articulista das histórias do Superman e promoveu uma série de arcos em consequência deste, que introduziu uma moderna versão do General Zod, antigo vilão do Superman da Era de Prata e Bronze (mundialmente famoso pelo filme Superman II – A Aventura Continua) que foi “extinto” no pós-Crise. Em Novo Krypton, a cidade engarrafada de Kandor ganha uma nova versão e é liberta; o que deixa 100 mil supermen na Terra.

Espelhando-se nas histórias da Era de Bronze, Johns e outros escritores colocam o Superman para alocar seus conterrâneos em um planeta com órbita oposta à nossa. Mas depois, em A Guerra dos Supermen, as maquinações de Zod, Luthor e do General Sam Lane (o pai de Lois), eclode uma guerra entre Novo Krypton e a Terra, que tem como resultado, a morte de praticamente todos os kryptonianos – cortesia de Luthor – e o estabelecimento de Zod como talvez o maior inimigo moderno do homem de aço.

Em meio a esse cenário, a revista Action Comicscompletou a histórica marca de 900 edições publicadas desde 1938.

 

Ao mesmo tempo, Geoff Johns também modificou mais uma vez a origem do herói. Na minissérie Origem Secreta, de 2010, escrita por ele e desenhada por Gary Frank, além de se estabelecer o herói com o rosto do ator Christopher Reeve, mostra-se uma origem que toma elementos de Legado das Estrelas, mas é muito mais explícita em reintroduzir a Era de Prata, colocando Clark Kent para ser amigo de Lex Luthor ainda adolescente; agir como Superboy (com uniforme e tudo); encontrar a Legião dos Super-Heróis; enfrentar um complô comandado por Luthor e o General Lane… e no caminho, mesclar elementos dos filmes e de Smallville.

A nova origem durou pouco. Em 2011, o mesmo Geoff Johns se tornou oDiretor Criativo da DC Entertainment – o cargo criativo mais alto do conglomerado DC – e articulou um total reboot/Retcon cronológico e editorial de seus personagens.

Enquanto Batman e Lanterna Verde sofreram poucas alterações, porque suas revistas estão entre as mais vendidas do mercado, o homem de aço sofreu transformações profundas. Ficou estabelecido que a palavra “super-herói” não existia até o surgimento do Superman e, que antes, os pouquíssimos seres metahumanos que tenham aparecido eram vistos com extrema desconfiança, temidos e odiados. O Batman é um veterano, já agindo alguns anos antes, mas definitivamente, ninguém pensa nele como um “super-herói”, mas como uma lenda urbana ou um terrorista. Quando o Superman se revela em toda a sua glória, o público ainda demora um tempo para se acostumar com ele até ganhar sua confiança.

 

Esse novo contexto é apresentado, no que concerne ao homem de aço, em três revistas. Em Action Comics, Grant Morrison e Rags Morales mostram exatamente o início da carreira de Clark Kent como Superman, antes mesmo de adotar seu uniforme (que agora é uma armadura kryptoniana), há mais de cinco anos atrás. É mostrado ainda como um jovem impulsivo e intempestivo, refletindo de certo modo a primeira versão de Jerry Siegel e Joe Shuster no fim dos anos 1930. Esta se tornou uma das revistas de maior sucesso da empreitada da DC, a terceira mais vendida de 2011, atrás apenas da Liga da Justiça e do Batman. Vale a pena ler.

Na revista da Liga da Justiça, escrita pelo próprio Geoff Johns e com desenhos da estrela Jim Lee (agora, também Co-Publisher da DC), é mostrada uma fase de transição, há cinco anos atrás, em que o Superman já usa seu uniforme, mas ainda é intempestivo e não tem total confiança da população. Ao mesmo tempo, ele se une pela primeira vez com outros heróis do Universo DC, como Batman e Lanterna Verde. O inimigo a ser combatido é Darkseid.

E, por fim, em Superman, é mostrado o “presente”, na qual o Superman já está mais próximo do herói que conhecemos, mas Clark vive meio melancólico e isolado, enquanto Lois Lane é uma editora dentro do conglomerado Galaxy que controla o Planeta Diário e não dá nenhuma bola para o repórter de óculos. O casamento entre os dois foi, obviamente, apagado da existência. O primeiro arco foi escrito por George Perez e desenhado por Jesus Merino, mas como não agradou muito o público, o próximo terá roteiros de Dan Jurgens. Os Novos 52 foram um sucesso editorial.

Chegamos ao 'Renascimento' mas não irei colocar aqui, deixa para depois. Acho que ficaria muita informação.

Alguns Fatos Importantes

- Em 1943, Jerry Siegel foi convocado pelo exército e se afastou temporariamente das revistas do Superman. Para preencher a lacuna, Ellsworth contratou mais dois escritores: Don Camerone Alfred Schwartz. Não muito tempo depois, chegou o desenhista Curt Swan, que se tornaria o principal artista do herói nas décadas seguintes.

O afastamento de Siegel criou um problema grande para o futuro. O escritor tinha criado o projeto de publicar as histórias do Superboy, uma versão adolescente do Superman, visando aumentar ainda mais a identificação com o público adolescente, tendo em vista que o homem de aço era um dos únicos heróis que não tinha um “parceiro mirim”, como o Robin que acompanhava o Batman. Contudo, Ellsworth não gostou da ideia e vetou o projeto. 

Em 1945, com Siegel ainda de serviço militar, o Superboy apareceu pela primeira vez, numa história publicada em More Fun Comics 101. Quando Siegel voltou, reinvidicou seus créditos e a editora negou. Enquanto isso, o Superboy começou a ter histórias regulares publicadas na revista Adventure Comics.

 

Esse fato criou problemas entre Siegel e a DC e as relações começaram a ficar ruins. Para piorar, o escritor percebia que tinha vendido sua criação à editora e não recebia royalities, ao contrário do que acontecia com Bob Kane, o criador do Batman, que manteve alguns royalities para si. Quando o contrato de dez anos de produção de histórias do Superman pela dupla Siegel e Shuster se encerrou, em 1947, a editora decidiu simplesmente não renová-lo e a dupla foi demitida. A título de comparação, Bob Kane continuou produzindo histórias do Batman até se aposentar em 1964.

E coincidência ou não, logo em seguida, em 1949, a DC lançou a revista Superboy, já que o personagem era um grande sucesso. Adventures Comicspassou a ter histórias de outros personagens e em breve traria a Legião dos Super-Heróis, um grupo de adolescentes do futuro, ao qual o Superboy estava sempre ajudando. Safados.

Em 1975, Siegel lançou uma campanha pública de protesto contra a DC Comics, reclamando do tratamento que ele e Shuster recebiam da empresa; A Warner Communications que controlava a DC aceitou pagar aos autores uma quantia vitalícia de 20 mil dólares por ano e garantiu que todos os quadrinhos , episódios de série de TV (que inclui a popular série Smallville), filmes e mais tarde jogos eletrônicos com o Superman fossem creditados como "Superman, criado por Jerry Siegel e Joe Shuster."

Em 16 de abril de 1999, a viúva de Siegel, Joanne Siegel, e a filha deles, Laura Siegel Larson, intimaram a empresa sobre direitos autorais. Warner Bros. contestou essa intimação o que levaria a uma batalha legal. Em 26 de março de 2008, o Juiz Stephen G. Larson da Corte da Califórnia sentenciou que os Siegel ficassem com uma parte dos direitos no país do personagem. A sentença não afeta os direitos internacionais da Time Warner e da sua subsidiária DC Comics. Isso valia para os trabalhos publicados a partir de 1999.

Em 23 de março de 2006, o Juiz federal Ronald S. W. Lew deu ganho de causa aos Siegel. Warner Bros. e DC Comics entraram com recurso e ajuizaram uma moção em janeiro de 2007. Em 27 de julho de 2007, o Juiz Federal Larson (substituto de Lew) revogou a primeira sentença.

- Em 1970, um grande evento balançou as revistas do homem de aço. Jack Kirby, o criador do Universo Marvel com Stan Lee, saiu de sua velha editora e foi para a DC. E onde foi trabalhar? Claro que com o Superman.

Como nunca foi convencional, Kirby escolheu a revista Superman’s Pal Jimmy Olsen, estreando no número 133, de 1970. Obviamente, a entrada do “rei dos quadrinhos” mudou totalmente o foco da revista, que no passado era uma das mais cômicas e insólitas da DC.

Kirby transformou a revista em um produto sério e ousado, desenvolvendo uma complexa trama que mostrava o Laboratório Cadmus fazendo experimentações com clonagem; o retorno do Guardião, um super-herói criado por ele mesmo nos anos 1940, homenageando o Capitão América (que ele também tinha criado, para a Marvel); e apresentando as ações de um poderoso alienna Terra, envolvido em uma trama misteriosa: Darkseid.

 

Na revista, Kirby criou o conceito dos Novos Deuses: uma nova raça de seres cósmicos extremamente poderosos que vivem em dois mundos em guerra, o malígno Apokolyps e o benéfico Nova Gênese. Os personagens do chamado Quarto Mundo, como Sr. Milagre, Orion e Forever People logo ganharam suas próprias revistas, assim como os Novos Deuses, para as quais Kirby migrou.

Esses personagens se tornaram parte fundamental do Universo DC, embora as revistas do Quarto Mundo não tenham feito tanto sucesso, devido aos seus conceitos muito complexos. E Darkseid, com o tempo, se tornaria o maior de todos os vilões do Universo DC.

- Superman – O Filme foi um estrondoso sucesso de bilheteria (a maior da história até então, ultrapassando Star Wars, que saiu no ano anterior) e de crítica. A Academia de Artes e Ciência de Hollywood até criou um Oscar especial de Efeitos Visuais para premiar o filme no ano seguinte – categoria que depois se tornou fixa. O filme é lembrado como exemplo de adaptação dos quadrinhos e criou uma imagem icônica do Superman na figura do ator Christopher Reeve.

As continuações, infelizmente, não seguiram o mesmo rumo. Devido aos problemas nas filmagens, Richard Donner foi demitido pelos Salkinds, e substituído pelo diretor de comédias Richard Lester, que recheou Superman II – A Aventura Continua de cenas de comédia pastelão e momentos “vergonha alheia”. Mesmo assim, parte do filme já tinha sido filmada anteriormente, de modo que foi possível o lançamento, em 2006, de Superman II – The Richard Donner’s Cut, que consegue ser melhor (e muito) do que a versão oficial.

A coisa piorou mais ainda em Superman III, onde o pastelão e a “vergonha alheia” é a linha principal do filme. Tanto que o Superman em si se torna coadjuvante do comediante Richard Pryor, um sucesso na TV na época. O filme ainda foi bem nas bilheterias, mas a crítica (e boa parte do público) odiou.

E assim termina nossa incrível aventura. Claro que ainda falta falar sobre Man of Steel, Batman Vs Superman e a o que acontecerá com o futuro do Superman depois da Liga da Justiça no cinema. Eu deixei para muita coisa de fora, o segredo do 'S', coisa que vou fazer em uma breve postagem futura. Superman é um personagem de camadas, cada uma com um universo de coisas. Então até onde consegui ir foi um tarefa muito difícil. Por enquanto, estamos ficando por aqui, mas este ainda é não o final. Um muito obrigado se chegou até aqui. Demorou, mas terminou... por enquanto.

 

Referencial:

Silva, Guilherme Mariano Martins da.   A descentralização do conceito de super herói paladino e a crise de identidade pós-moderna / Guilherme Mariano Martins da Silva - São José do Rio Preto: [s.n.], 2010.

Irapuan Peixoto

- Rubens Junior

Fonte: Pikachu Sama

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