Maçonaria -

APMM Revista Eletrônica III

APMM REVISTA ELETRÔNICA

Academia Piauiense de Mestres Maçons - Teresina (PI)

Informativo Maçônico, Filosófico, Histórico e Cultu8ral. 

ANO I – Nº 3     -      EDIÇÃO de 01.09.2023

Editor - Narciso Monte

EDITORIA

MAÇOM NÃO GOSTA DE ESTUDAR MAÇONARIA

Com o título acima, postei na edição de 07.04.2020 no Blog Maçonaria, do portal 180 graus, artigo de autoria de um Mestre Maçom da Grande Loja de Minas Gerais, Escritor, Advogado e Professor.

O articulista diz haver verificado que o maçom, em geral, não tem o hábito de estudar maçonaria e afirma que “estudar maçonaria” é fato e prova de relevância na formação do Mérito Maçônico.

“Maçons lendo mais livros significa mais luz na Maçonaria”.

O maçom médio, que ostenta o título de Mestre, deve estar preparado para entender e compartilhar o conteúdo dos postulados da Ordem, positivados na literatura básica, pelo menos, ficando as especializações nas múltiplas áreas do conhecimento a critério do gosto e das aptidões de cada um.

Será verdade que maçom lê pouco?

O escritor maçônico e professor da UnB, Kennio Ismail, faz este questionamento e justifica:

“EXISTE NO MEIO MAÇÔNICO UMA CRENÇA, POPULARIZADA POR ALGUNS ESCRITORES MAÇONS, DE QUE “MAÇOM NÃO LÊ”.

Ora, os maçons não são analfabetos, pois exige-se intelecto bastante para absorver e compreender os ensinamentos maçônicos.

Vejamos uma explicação racional: conforme o IBGE (2021), apenas 17,7% dos municípios brasileiros possuem livrarias. Uma boa parcela dessas livrarias é segmentada, ou seja, de livros religiosos, ou jurídicos, ou didáticos. Isso significa que menos de ¼ das livrarias do país atendem vários segmentos. É claro que essas cidades com livrarias são as maiores, mais populosas, distantes das pequenas cidades do interior. Assim sendo, como única alternativa, sobra ao maçom do interior é a compra pela Internet, correto?

Mesmo com o avanço da tecnologia, cerca de 35 milhões de brasileiros interioranos ainda estão fora desse mercado, por falta de cobertura digital, cabendo ainda argumentar que 2/3 das Lojas Maçônicas brasileiras estão situadas nas pequenas cidades do interior.  

FALTA O HÁBITO DA LEITURA E FALTA O QUE LÊ

Esses dois fatores contribuem para o baixo índice de leitura pelos maçons, especialmente aqueles que moram nas pequenas cidades brasileiras.

SOCIAIS

Confrades que aniversariam em setembro.

Dias:

01 – Carlos Douglas dos Santos Alves

02 – Júlio Rodrigues de Brito Filho

06 – Jaime Lopes de Souza Júnior

07 – Carlos Alberto Ferraz Osório

12 – João Sampaio Nery

13 – Francisco Muniz

15 – Murilo César Moura Pires de Melo

16 – Francisco Gomes Oliveira

18 – Francisco das Chagas Silva Nery

19 – Ernâni Napoleão Lima

27 – Flávio Coelho de Albuquerque

ARTE E CULTURA

Literatura de Cordel

Eis aqui novos conselhos

Que lhes servem de espelhos

Por Francisco de Almeida, Cadeira nº 86

Senhor Natan Naval Tata,

Empresário indiano,

Exímio investidor

Com equilibrado plano,

Em suas palestras, nos lista,

Acenando-nos boa pista,

Visando prevenir dano.

II

Somente nove conselhos

Ele acha suficientes

Pra se ter vida ajustada

Com decisões abrangentes.

Sem sofrer de ansiedade

Com pura felicidade,

E resultados crescentes.

III

Primeiro e grande conselho!

Não eduque os seus filhos

Pra conseguirem riqueza,

Mas pra disporem de brilhos,

Buscando a felicidade,

Valorizando a verdade,

E não terão empecilhos.

IV

Pois, desta forma, crescendo,

Conhecerão o valor

Que cada coisa dispõe

Como bem confortador,

Se esquecendo do preço,

Levando em conta o apreço,

Pelo útil ou por sabor.

V

Consuma os seus alimentos

Como se fossem remédio,

Elegendo os mais benéficos,

Nunca cedendo ao assédio

De guloseimas impuras

Que lhe trarão amarguras,

Provocando muito tédio.

VI

Irá comer seu remédio,

Não agindo desta forma,

Como se fosse alimento

É o que a medicina informa,

Um absurdo por dia

Roubando sua alegria;

E cada vez mais deforma.

VII

Para escolher companhia,

Prefira sempre quem lhe ama,

Quem ama não abandona

E também nunca difama,

Jamais irá desistir

De, ao seu lado, seguir,

É o que o amor proclama.

VIII

Registra a Bíblia Sagrada

Que o amor é paciente,

Sobremaneira bondoso,

Não se ira facilmente,

E nunca se vangloria

Não maltrata a companhia,

Jamais age injustamente.

IX

Como quarta indicação,

Há bastante diferença:

Entre “ser humano”, verbo,

Com amor ou desavença;

E “ser humano” pessoa,

Um animal que magoa

E age com indiferença.

X

Pois “ser humano” pessoa,

Animal inteligente,

Por vezes é tão brutal

Não agindo como gente,

E “ser humano” ação

É fazer de coração,

Com amor sempre presente.

XI

Aqui, em quinto registro,

Grande verdade, é dizer,

Quando se nasce é amado

E também ao se morrer,

Todavia nesse intervalo

Com bonanças e gargalo,

Você faz por merecer.

XII

Só se colhe o que se planta,

É regra sem exceção,

Seja mais cedo ou mais tarde

Tem-se a compensação,

Pelos acertos, os louros

Pelos erros, os agouros,

Como ação e reação.

XIII

Se preferir andar rápido

Poderá seguir sozinho,

Mas se quer atingir longe

Acompanhe um certo anjinho,

Todos precisam de ajuda

De pessoa que nos acuda;

E também dar um bracinho.

XIV

O homem é social

Por sua própria natureza,

O isolamento é perverso

Trazendo muita tristeza,

Os humanos se completam,

Uns aprovam outros vetam,

Sem retirar a beleza.

XV

São os seis melhores médicos:

A luz do sol e o descanso,

O exercício e a dieta,

Com postura de um ser manso;

Também a autoconfiança,

Bons amigos na balança;

E o mais lhe virá sem ranço.

XVI

Acreditar em você

É atitude essencial,

Para progresso na vida

Como um fato natural;

Se você se acha capaz

Vem o equilíbrio e a paz

Com segurança total.

XVII

Vem como a oitava alerta!

Se você olhar pra lua,

Vê a beleza de Deus,

Em uma grande obra sua;

E mirando para o sol,

Verá seu poder de escol,

Com verdade nua e crua.

XVIII

E se olhando no espelho,

Verá a maior criação

De Deus Onipotente,

Com requinte e perfeição;

Logo, acredite em você,

Nunca ficando à mercê

De qualquer ocasião.

XIX

Na vida, somos turistas,

Sendo Deus o grande agente

De uma viagem ligeira,

Porém, de rota abrangente,

Já com reserva listada 

E destinação marcada,

Por um gestor competente.

XX

Então, na viagem, vida!

Confiemos no Criador;

Solte o seu potencial

Com segurança e amor;

Não valorize o orgulho,

Não se estresse com bagulho,

E não cumule rancor.

INVERSO

(de repente...)

Por David Ferreira da Silva, Cadeira nº 35.

Sou eu um todo posfácio,

fiel adepto do bem.

Sou um mero “carpe diem”

- um imediato de Horácio...

De Bilac, a “flor do lácio,”

é sua expressão em verso,

um brinde a seu universo,

enquanto bom trovador...

O sou, também destemor,

espectro de todo inverso.

OPINIÃO

Ser ou não ser uma federação maçônica? Eis a questão.

Por Kennio Ismail (*)

Estamos acompanhando o atual problema de relacionamento entre GOB-MG e GOB, problema este que se arrasta desde a época de Amintas e Eduardo Rezende. Este problema vem concomitante a outro, entre o GOB-BA (GOEB) e o GOB, que também vem sendo remoído desde junho de 2019. Ainda, tivemos o conturbado caso do GOSP, eclodido em setembro de 2018.

Além de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, que estão entre os maiores estados maçônicos em número de membros e lojas, acumula-se outros casos de conflitos e intervenções em Grandes Orientes Estaduais, como em Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, etc.

Todos esses casos têm gerado instabilidade, não apenas no seio do GOB, mas também no meio maçônico regular brasileiro, visto que, em alguns casos, as outras potências regulares locais, Grandes Lojas da CMSB e Grandes Orientes da COMAB, precisam se posicionar quanto a intervisitação, etc.

E ao observarmos a história da Maçonaria brasileira, em especial do Grande Oriente do Brasil, vemos que não se trata apenas de casos recentes e isolados. O fato é que, desde que se implementou o atual sistema de Grandes Orientes Estaduais, o GOB enfrenta esse tipo de problema.

Como exemplo, tem-se a manifestação em conjunto de seis Grandes Orientes Estaduais, em 1962, reivindicando um novo “pacto federativo”, em que se concederia soberania aos mesmos. Os desdobramentos dessa reivindicação, aliados a um processo eleitoral conturbado, levariam à cisão de 1973. E essa espécie de reclamação não ressurge periodicamente… é permanente. Só que nem sempre é alta o bastante para ser escutada.

O fato é que o GOB é uma federação, mas adotou uma característica que não é inerente a uma federação maçônica, o que, aparentemente, tem gerado mais de meio século de conflitos internos, que vivem a abalar seu pacto federativo.

Há algumas outras federações maçônicas mundo afora. Um exemplo clássico é a Grande Loja Unida da Inglaterra – GLUI. Ela possui uma série de Grandes Lojas Provinciais e Grandes Lojas Distritais, que devem obediência à GLUI. Sabe qual a diferença dessas Grandes Lojas Distritais e Provinciais para os Grandes Orientes Estaduais do GOB? Seus Grão-Mestres são nomeados, não eleitos.

Uma Grande Loja Distrital nada mais é do que um Distrito ou Delegacia Maçônica, com uma espécie de Delegado nomeado para administrá-la. E, em verdade, um Grande Oriente Estadual do GOB não deixa de ser exatamente isso, pois não emite placets e cartas constitutivas, nem pode firmar tratados com outras potências, dentre outras limitações.

Praticamente todos os conflitos entre os Grandes Orientes Estaduais e o GOB giram em torno do fato do GOB intervir em um Grão-Mestre Estadual que foi eleito pelo povo maçônico gobiano daquele Estado.

Um Grão-Mestre Estadual do GOB fez campanha, rodou a jurisdição, visitou dezenas de lojas, tornou-se uma liderança e foi eleito e empossado no cargo. Quando ocorre uma intervenção, o próprio termo, “intervenção”, acentua a gravidade do que é feito, pois é uma violação, mesmo que legal, em uma organização. A vontade daquele povo maçônico, de certa forma, é atropelada.

E é nessas horas de intervenção que aquelas dúvidas retomam “com plena força e vigor”: da razão dele ser um “Grão-Mestre” e não ter a autoridade que os Landmarks tradicionalmente adotados no Brasil concedem a um Grão-Mestre; da falta de autonomia, independência e soberania do Grande Oriente Estadual; da vontade de milhares de irmãos do povo maçônico local estar abaixo da vontade de uma única autoridade maçônica do Poder Central; etc. E então os desejos separatistas de alguns saem das sombras para sussurrar aos ouvidos daqueles mais e menos revoltosos.    

Entretanto, todo esse processo conturbado de intervenção, cisão, judicialização, é fruto do modelo organizacional adotado e, simplesmente, não precisaria acontecer se fosse adotado outro modelo. Um CNPJ Filial não se desliga da Matriz. E um Grão-Mestre Estadual nomeado não faz campanha, não é necessariamente uma liderança, não quer ter seus poderes igualados aos dos outros Grão-Mestres do Estado, não aspira soberania, e não sofre uma traumática intervenção. No máximo, uma simples exoneração.

Quer ser, de fato, uma federação? A sugestão é que crie 27 CNPJs de Filial para os Grandes Orientes Estaduais e nomeie seus Grão-Mestres Estaduais. Poderão ser chamados de Delegados Regionais, se preferir. Caso contrário, outra opção é se tornar uma confederação e dar soberania a eles, perdendo assim o poder de intervenção. Mas enquanto esse modelo híbrido jabuticabesco estiver em vigor, a previsão é de que o atual pacto federativo gobiano continuará a ser ferido, prejudicando lojas e irmãos, e causando instabilidade nas relações.

Fonte: No Esquadro, 30.06.23

CRÔNICA

Ingratidão Maçônica

Por Laurindo Roberto Gutierrez (*)

Quando fui iniciado, a vida para mim, ganhou um novo sentido, pelas novas amizades e pelo ensinamento que recebia nas instruções de meus preceptores. A sessão maçônica era  uma coisa extraordinariamente nova e reveladora. Jovem ainda, nos meus trinta anos contados, sonhava em crescer na Ordem, e ser como aqueles irmãos mais antigos, pois via neles tanto conhecimento e amizade, eram na verdade, sábios inspiradores.

 Para mim, eles viviam num mundo de felicidade, e isso era uma herança, que levariam até os dias da velhice, pensava eu.  Esse sentimento inundava meu o espírito de paz e esperança, crendo numa vida futura plena de realizações maçônicas. Jamais poderia pensar que o caminhar dos anos trouxesse consigo mudanças tão importantes.

Parece que a juventude não conhece o segredo para a transmutação, e quando a idade avança, somos pegos por uma realidade surpreendente, às vezes desalentadora.

 A Ordem que servimos por décadas a fio, envidando os maiores esforços, nos abandonará na idade senil, justamente quando estaremos mais carentes e fragilizados.

Na América do Norte, os maçons idosos vão para o albergue da Ordem, onde vivem em paz e dignamente.

Abordo esse assunto, levando em conta apenas dois casos de irmãos que vivem no mais completo abandono maçônico. Um, vitimado por uma hemiplegia, não sai para lugar algum, o outro quase cego. Agora vivem ambos, confinados em suas casas.

Essa realidade é bem diferente dos Templos aconchegantes, e dos amplos salões de festas de suas Lojas, que um dia frequentaram.

Aquela alegria barulhenta e os abraços fraternos deram lugar ao abandono, ao ostracismo involuntário e ao silêncio cósmico que arrasa seu moral.

Se tivessem a mão amiga de um irmão, poderiam ir à Loja, aos almoços, e de novo serem felizes, pela convivência fraterna entre os irmãos.

A maçonaria, pródiga em ajudar os velhinhos dos asilos profanos, vira a cara para seus próprios membros, que nem sempre precisam de apoio pecuniário, apenas de uma visita.

 A tentativa de levar irmãos à casa de um enfermo, sempre resulta em fracasso, pois ninguém se interessa. Os Veneráveis Mestres, alguns deles, quase nunca vão preferindo “formar uma comissão”, para uma obrigação que é sua, que ele solenemente jurou cumprir, com a mão sobre a Bíblia.

O apelo das cunhadas e dos filhos, pedindo uma visita dos maçons, não faz eco. Alguns de nós, me incluo nisso, acham que maçom inativo não é mais irmão, e não é merecedor de nosso amor, nem de nossa visita, porque deixou a Loja há anos.

Se não mudar meu sentimento, renunciarei aos graus que alcancei, e pedirei para ser novamente iniciado. O tempo corre célere, e a vida escapa pelos dedos como o mercúrio, quando tentamos segurá-lo. Irmãos, há tempo, ainda que curto, para amar e dar alguma alegria ao maçom, pois

O Céu não pode esperar.

Fonte: O Malhete

(*) Loja de Pesquisa Maçônica Francisco Xavier Ferreira- Porto Alegre- RS

HISTÓRIA

Maçonaria Regular e Maçonaria Liberal, um paradoxo brasileiro

Por Paulo M., da Loja “Mestre Affonso Domingues – Lisboa – Portugal (Capítulos I e II)

Conclusão

A corrente fiel à Maçonaria Regular, de origem inglesa (1717), não admite qualquer intervenção na vida política, restringindo-se às questões ética e moral na formação do homem, na busca de um mundo ideal, sob os influxos do humanismo.

Já a maçonaria liberal nascida na França, com o advento do Grande Oriente (1728), uma espécie de upgrade ao modelo inglês, defende uma atuação mais abrangente da Instituição perante a sociedade, inclusive nas questões de políticas sociais, bem como nos cânones da religiosidade, sob a égide da ciência e da filosofia.

Neste sentido assim escreveu José Castellani, médico, escritor e historiador maçônico de renome, ao comentar o artigo 7º dos Princípios Fundamentais para o Reconhecimento de Grandes Lojas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, consentâneos com a Constituição de Anderson.  

Como o texto é lacônico e parece até incompleto, pois se refere à discussão e não a simples abordagem intelectual e ética dos fatos político-sociais e religiosos, de maneira ampla e não específica, muitas Obediências e grande parte dos maçons preferem entendê-lo como proibição do exercício de coação político-partidária e de proselitismo religioso, já que isso pode exaltar os ânimos e levar a um estado de hostilidade entre Maçons.

Assim, evitadas as discussões em torno de crença religiosas e de credos políticos, seria permitida a análise da Política, em seu amplo sentido sociológico, e das religiões em sua história, filosofia e doutrina.

O paradoxo (contrassenso) está no fato de a Maçonaria brasileira tida como regular e como tal reconhecida (GOB, CMSB e COMAB), adotar posicionamentos antagônicos, alternadamente.

Na legislação positivada todas se dizem obedientes aos Landmarkes (modelo inglês). Todavia, na prática, por vezes se comportam como adeptas da Maçonaria liberal, como foi o caso da Independência do Brasil, da Proclamação da República e da Abolição da Escravidão.

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