Fundo Nacional de Desenvolvimento d -

Marcelo Castro: "um negócio que o FNDE não pode alegar é não saber o preço de ônibus"

 

Por Rômulo Rocha - Do Blog Bastidores

 

_Senador Marcelo Castro, presidente da Comissão de Educação do Senado Federal (Foto: Agência Brasil)
_Senador Marcelo Castro, presidente da Comissão de Educação do Senado Federal (Foto: Agência Brasil) 

Presidente da Comissão de Educação do Senado Federal, o senador Marcelo Castro (MDB) vem tentando fazer oitivas para entender o suposto esquemão envolvendo pagamento de propinas que ocorriam no âmbito do Ministério da Educação e envolvia também o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). 

Para o parlamentar uma compra de ônibus escolares com sobrepreço é difícil de engolir, tendo em vista que compra de ônibus escolares é algo comum no poder público, fazendo com que seus compradores tenham uma certa expertise. 

"Um negócio que o FNDE não pode alegar é não saber o preço de ônibus, porque ônibus escolares são comprados no Brasil todos os dias. Então sobrepreço de R$ 700 milhões?", diz, relacionando o fato com o incabível. 

O FNDE é controlado pelo ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira.

Abaixo, trechos de entrevista com o senador Marcelo Castro, concedida essa semana a jornalistas no Senado, evidenciam o que ele pensa, por exemplo, daqueles que não comparecem à Comissão de Educação da Casa para prestar esclarecimentos dos fatos postos. Ainda, explicam porque o parlamentar não assinou até agora a CPI do MEC, além de muito mais. 

Confira:______________________________

SOBREPREÇO DE R$ 700 MILHÕES E MAIS

"Um negócio que o FNDE não pode alegar é não saber o preço de ônibus, porque ônibus escolares são comprados no Brasil todos os dias. Então sobrepreço de R$ 700 milhões? Kits de robótica com sobrepreço, segundo a Folha de São Paulo, de R$ 420 milhões, e evidentemente o áudio do próprio ministro [ex-ministro Milton Ribeiro] que eu acho que autoincrimina ele quando ele diz que os recursos do MEC vão ser, em segundo lugar, para os municípios dos prefeitos amigos do pastor Gilmar". 

RELAÇÃO "ESTREITA" DE PASTORES COM O MEC E FNDE DE CIRO NOGUEIRA

"Olha, aí é uma deformação completa da administração pública, você direcionar os recursos do Ministério da Educação porque o prefeito é amigo de fulano de tal. Então um pastor que não é servidor público, que não ocupa cargo comissionado, não tem nenhuma função administrativa no Ministério da Educação é quem está dando as cartas. E um jornal publicou que eles andaram no MEC e no FNDE 127 vezes. Ora, como é que o camarada não é funcionário, não tem função gratificada, não é prefeito, não é parlamentar… eu acho que não tem um parlamentar aqui no Brasil, por mais operoso que ele seja, que ele tenha andado 127 vezes no prédio do FNDE. Eu talvez tenha andado no MEC uma vez no ano, está entendendo? Isso é o normal, é o padrão, de alguma demanda que você tenha de algum município e o parlamentar ir resolver. Mas 127 vezes mostra que havia realmente uma relação muita estreita deles com as decisões que estavam tomando". 

SUSPEITAS DE "PROPINA" ENVOLVENDO VERBAS DO MEC

"Os empenhos que foram feitos para os prefeitos, grande parte deles, foi intermediado pelos pastores. Por isso que eles tinham que ir tantas vezes [na pasta], para conseguir mais verbas e empenhar mais recursos, e evidentemente, não estou dizendo que havia, mas a denúncia é que a liberação de recursos era em troca de propina". 

RELUTÂNCIA EM ASSINAR A CPI DO MEC

"Eu sou o presidente da Comissão de Educação. Então eu tenho que manter uma certa neutralidade, uma certa isenção, porque a comissão, tanto tem pessoas favoráveis a essa CPI, como tem pessoas membros contrárias. Então se eu saio, com a lista na mão, atrás de senadores para apoiar, aqueles que são contrários vão dizer: ‘Ô, o Marcelo está extrapolando os seus limites, ele não está mantendo a neutralidade".

INVESTIGAÇÃO DE FATOS DA "MAIS ALTA GRAVIDADE"

"A nossa parte como presidente da Comissão de Educação nós estamos fazendo todo o esforço, dentro dos nossos limites constitucionais legais, regimentais, que a Constituição nos impõe, para esclarecer esses fatos que são da mais alta gravidade: pastores pedindo propina de maneira franca, aberta, sem nenhum pudor, nenhum constrangimento, sem nenhuma cerimônia, a aquisição de ônibus com sobrepreço".

AUSÊNCIA DOS CONVIDADOS À COMISSÃO DE EDUCAÇÃO

"Nós entendemos que se a pessoa não tem culpa, a pessoa é a principal interessada em vir dar as explicações para mostrar: ‘olha, tou limpo, não tenho nada a ver com isso. Foi um mal entendido’. Se a pessoa não vem, já fica uma suspeita. É quase que uma confissão de culpabilidade. Porque se a pessoa não tem nenhuma culpa, essa pessoa deve ser o principal interessado em dizer: ‘olha, está aqui as provas. Eu estava em tal lugar. Não tenho nada a ver com isso. Tudo é um falso que me levantaram'. Então, evidentemente, que a pessoa seria interessada. Mas, cada um tem sua maneira de proceder". 

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