Durante ação do Greco -

OAB-PI representa delegado e policiais que prenderam advogado por engano em Teresina

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí, Celso Barros Coelho Neto, entregou, nesta sexta-feira (10/07), uma representação disciplinar ao Corregedor-Geral da Polícia Civil, Delegado Francis Eduardo Branquinho. Ele esteve acompanhado do Presidente da Comissão de Defesa das Prerrogativas dos Advogados, Marcus Nogueira.

A representação foi protocolada contra o delegado Laércio Evangelista e os agentes do Grupo de Combate e Repressão ao Crime Organizado (GRECO), que prenderam um Advogado, na última terça-feira (07/07), por engano.

“A OAB Piauí, como instituição que prima pela valorização da Advocacia, sobretudo, pela defesa das prerrogativas, já tomou todas as providências para que os autores possam ser punidos conforme a Lei estabelece. Fizemos essa representação e estamos acompanhando o caso e exigimos a apuração rigorosa da Corregedoria Geral da Polícia Civil”, frisou Celso Barros Coelho Neto.

O Advogado, que prefere não ser identificado, foi preso durante a ação da Polícia Civil, na zona sudeste, em que investigavam suspeitos de um sequestro. Após a sua liberação, o Advogado relatou o caso à OAB Piauí e os momentos constrangedores que passou durante a operação policial.

Ao saberem sobre o ocorrido, a Presidência e a Comissão de Defesa das Prerrogativas dos Advogados da OAB Piauí tomaram as providências cabíveis em defesa dos direitos do Advogado.

Segundo o Presidente da Comissão, Marcus Nogueira, a OAB Piauí acompanhou o Advogado até à Central de Flagrantes para que fosse feito um Boletim de Ocorrências em sua defesa, bem como a realização do exame de corpo de delito, no Instituto Médico Legal (IML). “Estamos tomando todas as medidas cabíveis. O exame de corpo de delito atestou as agressões sofridas pelo Advogado. Além da representação protocolada hoje junto à GRECO, iremos fazer uma representação criminal junto ao Ministério Público, em virtude do abuso de autoridade e promoveremos na OAB um processo de Desagravo Público”, ressaltou.

Sobre o caso
Um advogado foi preso por engano em Teresina nesta terça-feira (07/07) durante uma ação da Polícia Civil que procurava suspeitos do sequestro de um gerente do Banco do Brasil e sua família.

Ao 180, ele pediu não ser identificado, mas em um áudio, ele relatou os momentos de terror que viveu, no meio da rua, fato testemunhado por muitas pessoas e até filmado. Sua prisão por engano aconteceu na região do bairro Dirceu Arcoverde, Zona Sudeste de Teresina.

"Sai do supermercado e fui pegar minha esposa na casa da minha cunhada. Estava manobrando para poder estacionar e um carro me tranca. Os policiais bateram no vidro, mandando eu abrir a porta, eu abri e fiz tudo que eles pediram, mandaram eu botar a mão na cabeça, deitar no chão, chão quente por sinal. Perguntaram meu nome, eu me identifiquei, disse que eu era advogado e eles não quiseram dar ouvidos. Me algemaram, me apertaram, na hora de levantar me deram um chute, um policial, e um delegado levou meu carro", relatou.

"Eles falando um com o outro, como se tivessem percebido que estavam me confundindo com um assaltante de banco, um sequestro, que estavam perseguindo. Me levaram para um posto na Ladeira do Uruguai, para entregar meu carro, um lugar um pouco isolado, disseram que não iam me liberar ... Ai me levaram para o Greco, a algema apertada, o carro balançando e quando mais balançava mais me machucava, acho que ralei o joelho na hora de levantar", contou o advogado.

"Cheguei na delegacia e me trataram como bandido, chamando todo mundo de bandido, pegando na minha camisa apertando. Um policial falou para o delegado, dizendo que eu era advogado e ele disse: aqui pode ser é quem for, vai pro pau do mesmo jeito. Tive um constrangimento, estou um pouco abalado... Já tenho medo de bandido, agora estou com medo da polícia", concluiu no áudio.

Ao 180, o advogado disse que demorou um pouco a ser liberado após a polícia perceber que se tratava de um engano, que lamentaram o ocorrido, ma sequer pediram desculpas.

A Polícia Civil ainda não se manifestou sobe o caso.

Sobre a prisão dos sequestradores
O delegado geral da Polícia Civil do Piauí, Lucy Keiko, informou que na noite de terça-feira (07/07) o gerente de uma agência bancária em Teresina e sua família foram vítimas de sequestro. 

"Na noite de ontem, iniciou-se um crime de extorsão mediante sequestro. O gerente de um banco e seus familiares foram sequestrados e nesta quarta, o Greco tomou conhecimento desse fato, e juntamente com o Bope, passou o dia em diligências no sentido de libertar os familiares", disse Lucy Keiko.

As vítimas foram libertadas na tarde desta quarta-feira (08) na rodovia BR-343, na saída de Teresina para o município de Altos. Toda a ação foi coordenada pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO) e teve apoio do Batalhão de Operações Especiais do Piauí (BOPE).

Três suspeitos de participação no crime foram presos após perseguição na Avenida Joaquim Nelson, no bairro Dirceu, zona Sudeste de Teresina.

"A partir do acionamento do GRECO pelo setor de segurança do banco, todas as equipes começaram a fazer o trabalho de levantamento de informações e monitoramento, que culminou na captura de três pessoas e a apreensão de todo o dinheiro que foi retirado da agência e entregue aos criminosos, em seguida a família foi liberada. Todo o trabalho foi feito visando a segurança da família. Assim que a família foi libertada, deu-se início à perseguição mais efetiva aos criminosos que terminou com a prisão na Avenida Joaquim Nelson, no bairro Dirceu", disse o delegado Tales Gomes, coordenador do GRECO.

Segundo informações do delegado Laércio Evangelista, do GRECO, os presos serão autuados pelos crimes de organização criminosa, extorsão mediante sequestro e posse ilegal de arma de fogo.

A polícia disse ainda que as diligências continuam e outras prisões poderão acontecer.

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