Morte ocorreu em 2013 -

Enterrado vivo: juíza volta a pronunciar acusados de assassinar Emídio Reis

Por Rômulo Rocha - Do Blog Bastidores

 

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ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

DIZ O MINISTÉRIO PÚBLICO: “os denunciados fazem parte de uma organização criminosa onde o poderio econômico e político são utilizados para cooptar simpatizantes e intimidar ou eliminar pessoas não-simpatizantes, conforme retratam os vários Termos de Declarações constantes no Inquérito Policial acerca da prática truculenta e intimidatória do denunciado José Francimar Pereira e os seus capangas durante o processo eleitoral, ou mesmo nos seus envolvimentos na morte de outras pessoas, por exemplo, no caso do desaparecimento de Francisco Marciel de Sousa”

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_A JUSTIÇA, PARECE, SE MOVE...

Vereador Emídio Reis
Vereador Emídio Reis 

MORTO COVARDEMENTE PELO PREÇO DE R$ 15 MIL

A juíza da 5ª Vara da Comarca de Picos, Nilcimar Carvalho, voltou a pronunciar o acusado de ser o mandante do bárbaro assassinato do vereador Emídio Reis, enterrado vivo após ser agredido com um soco inglês e alvo de dois tiros, quando de uma emboscada na região de Picos.

Na sentença de pronúncia - quando o magistrado decide que o caso deve ser remetido ao Tribunal de Júri porque há indícios da autoria por parte dos acusados - a magistrada relembra que os envolvidos “responderam o processo preso até 01.07.2016, quando foram postos em liberdade por decisão proferida pela Sexta Turma do STJ [Superior Tribunal de Justiça], no HC 355364/PI, e assim se encontram nesta ocasião" e sustenta que todos "poderão aguardar o julgamento em liberdade, nada justificando a segregação antes do julgamento em definitivo, inexistindo novos elementos que demonstrem a necessidade da medida".

O então vereador Emídio Reis foi assassinado no dia 31 de janeiro de 2013. Recentemente, uma ampla reportagem do 180graus (VER AQUI), que cobra o julgamento do caso, trouxe documentos nunca antes vindos a público e traçou os momentos de calvário por que passou o político que teve a coragem de denunciar a corrupção praticada no município de São Julião. O acusado de ser o mandante do crime é justamente o vice-prefeito da época, José Francimar Pereira. O prefeito de então, no entanto, escapou ileso do ocorrido.

Emídio Reis chegou a disputar, em 2012, a prefeitura de São Julião. Mas perdeu para a chapa de Francimar Pereira, encabeçada por Francisco José de Sousa, o José Neci. Mesmo derrotado, mas consciente dos abusos existentes na campanha do adversário, resolveu denunciar o caso à Justiça Eleitoral, assim como levou provas a outros setores da rede de controle. Entre elas, de desvios de recursos do fundo de previdência do município. O político estaria, com esses atos, assinando sua própria sentença de morte.

O vice-prefeito de então, José Francimar Pereira, é acusado de crimes como homicídio qualificado, diante da promessa de recompensa, motivo fútil, meio cruel e dissimulação ou recurso que dificultou a defesa da vítima, além da ocultação de cadáver.

Já Valter Ricardo da Silva e José Gildásio de Lima, os executores do plano macabro, segundo o Ministério Público, são acusados de homicídio qualificado sobre a promessa de recompensa, por motivo fútil (uma denúncia por corrupção feita pelo então vereador), meio cruel e dissimulação ou uso de recurso que dificultou a defesa da vítima (uma emboscada, mediante um pedido inicial de carona). A dupla também foi pronunciada por ocultação de cadáver e sequestro com maus tratos.

Juíza Nilcimar Carvalho, da 5ª Vara da Comarca de Picos
Juíza Nilcimar Carvalho, da 5ª Vara da Comarca de Picos 

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_As funções de cada um no crime:

Assim foram delineadas as funções dos acusados no crime:

1 – José Francimar Pereira – Mandante do Crime (tinha o poder sobre o resultado final);

2 – Joaquim Pereira Neto – Co-Autor (tinha como interferir no resultado final);

3 – Antônio Virgílio – Executor

4 – Valter Ricardo da Silva – Executor

5 – José Gildásio de Brito – Executor

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Antônio Virgílio, o homem que teria feito os disparos, sendo um na perna e outro nunca da vítima, foi assassinado com tiros à queima-roupa, início de agosto de 2017, junto com a mãe e uma terceira pessoa que estava na residência quando do ocorrido, já próximo da meia-noite.

Já o coautor Joaquim Pereira Neto, morreu em fevereiro de 2016, após sofrer um acidente de moto no centro de São Julião.

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ENTERRADO VIVO

A perícia médica legal à época constatou que o político fora enterrado ainda com vida, em uma cova rasa. Isso porque fora encontrada areia em seu aparelho respiratório.

Segundo a denúncia do Ministério Público, “os denunciados fazem parte de uma organização criminosa onde o poderio econômico e político são utilizados para cooptar simpatizantes e intimidar ou eliminar pessoas não-simpatizantes, conforme retratam os vários Termos de Declarações constantes no Inquérito Policial acerca da prática truculenta e intimidatória do denunciado José Francimar Pereira e os seus capangas durante o processo eleitoral, ou mesmo nos seus envolvimentos na morte de outras pessoas, por exemplo, no caso do desaparecimento de Francisco Marciel de Sousa”.

Ao sair da cadeia, com a anulação da primeira sentença de pronúncia pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), José Francimar Pereira foi visto com militares e o deputado estadual Nerinho – também secretário do governo do Estado, no que seria uma pizzaria.

Francimar e Nerinho, em registro que indignou
Francimar e Nerinho, em registro que indignou  

O registro fotográfico feito por terceiro causou indignação.

Ainda não há data para o julgamento.


* VEJA A MATÉRIA ESPECIAL FEITA PELO 180GRAUS COBRANDO O JULGAMENTO

- Enterrado vivo: cinco anos depois, caso do ex-vereador Emídio Reis ainda não teve um desfecho

* VEJA  NOTA COBRANDO POSIÇÃO DA JUSTIÇA DO ESTADO SOBRE O CASO

- Caso Emídio Reis está na 'mesa' de juíza há quase um ano sem data para ir a júri

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