Bissexual, negra e nordestina -

O que Lucy Alves tem a dizer sobre 'Travessia', que chega à reta final?

Interpretar a primeira protagonista não foi fácil para Lucy Alves. Nunca é. Mas, no seu caso, apesar da atuação elogiada, Lucy viu-se em uma situação inesperada no início de "Travessia" (Globo). As atenções do público se dispersaram mais que o normal, já que havia uma curiosidade geral sobre a não-atriz em papel de destaque (Jade Picon), e também as polêmicas de viés político e conservador de Cássia Kis.

E Lucy, lá no meio, defendendo com unhas e dentes sua personagem, Brisa.

A atriz paraibana conta que levou tudo numa boa. Faz parte. Mulheres têm mais é que brilhar, todas elas. "Não existe espaço para disputa feminina, para inveja ou torcer pela queda de outra pessoa para me erguer. O dia em que eu me incomodar com uma mulher que está sendo prestigiada, acho que precisarei rever meus conceitos, meus ideais", afirma.

Bissexual, negra e nordestina, Lucy não considera o Dia da Mulher, 8 de março, uma data a ser comemorada. "É uma data de reflexão", diz. "É um momento de pensarmos em como estamos educando nossos meninos e meninas; em como proteger legalmente mulheres que sofrem abusos", afirma, em entrevista à Folha de S.Paulo. Leia abaixo.

PERGUNTA - 'Travessia' estreou depois de uma novela badalada como Pantanal e esteve envolvida em polêmicas de bastidores. Acha que houve algum tipo de má vontade com a trama?
LUCY ALVES - Eu costumo olhar as coisas pelo lado positivo. Vi tantas pessoas gostando da história, vibrando pela Brisa e trocando comigo.... Isso, sim, foi bem intenso para mim. Se Gloria [Perez] me chamasse de novo para este trabalho, eu iria. E de novo, e de novo, e de novo.

P.- Muito se falou sobre Jade Picon e Cássia Kis no início da novela. A primeira, pela falta de experiência, a segunda, pelas posições conservadoras. Você, a protagonista, sentiu-se ofuscada de alguma forma?
LA- O dia em que eu me incomodar com uma mulher que está sendo prestigiada ou homenageada, acho que precisarei rever meus conceitos, meus ideais. Nos dias de hoje, pelo menos naquilo que eu entendo ser o meu propósito íntimo ou artístico, não existe espaço para disputa feminina, para inveja ou torcer pela queda de outra pessoa para me erguer. Quero mais é que todas tenham espaço, tenham voz, tenham luz.

P.- Como uma brasileira negra, nordestina e bissexual encara o Dia da Mulher, comemorado no último dia 8 de março?
LA- O Dia Internacional da Mulher não é uma data comemorativa. É uma data de reflexão. É um momento de pensarmos em como estamos educando nossos meninos e meninas; em como proteger legalmente mulheres que sofrem abusos porque precisamos garantir que as leis sejam respeitadas; em igualar direitos e rever os deveres. É uma luta diária e uma eterna vigilância para manter nossas conquistas e buscar tudo aquilo que ainda nos falta.

P.- O que aconteceu com a série "Só Se For Por Amor", da Netflix?
LA- Não teria uma segunda temporada? Acha que foi um erro de estratégia lançá-la junto com "Rensga Hits", no Globoplay [ambas são musicais]? Não vejo erro algum. "Só Se For Por Amor" foi um trabalho lindo e muito especial para mim. Acredito que o público brasileiro ainda está se adaptando ao formato de séries, algo que é mais naturalizado no exterior. E é muito normal uma série ter uma temporada apenas. Senti que o público embarcou na história de amor que contamos, embalada em canções que fazem parte do cenário musical do nosso país. A série cumpriu o seu objetivo.

P.- E a carreira de cantora?
LA- Essa é a minha outra metade. Acabei de lançar uma 'live session' nas minhas redes sociais e a ideia é apresentar para as pessoas uma performance com meus instrumentos, numa releitura de músicas que eu gosto muito, sendo que muitas delas fizeram parte do repertório que apresentei no Masked Singer Brasil. Além disso, tem música nova vindo por aí e muitos shows.

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