
Erika Hilton promete acionar ONU após ser identificada como homem em visto sob política de Trump
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou nesta quarta-feira (16) ter sido identificada com o gênero masculino em um novo visto emitido pelos Estados Unidos. A parlamentar, que é uma das primeiras mulheres trans a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, classificou o episódio como transfobia e afirmou que acionará a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Segundo Erika, a mudança ocorreu mesmo após ela apresentar documentos civis brasileiros devidamente retificados, que reconhecem sua identidade como mulher. O novo visto foi solicitado para que a parlamentar participasse da Brazil Conference, realizada no último sábado (12), na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Diante da situação, ela optou por cancelar a viagem.
“Agenda política de ódio”
A deputada atribuiu a mudança nas políticas de visto a uma possível influência de medidas implementadas pelo ex-presidente Donald Trump. “Não me surpreende. Isso já está acontecendo nos documentos de pessoas trans dos EUA faz algumas semanas”, escreveu Erika em publicação nas redes sociais.
Ela destacou que, apesar de um visto anterior — emitido em 2023, durante o governo do democrata Joe Biden — reconhecer seu gênero feminino, o novo documento violou sua identidade civil, desconsiderando inclusive sua certidão de nascimento atualizada.
De acordo com Erika, a conduta do governo americano representa uma violação à soberania dos documentos oficiais de outros países e uma ameaça mais ampla aos direitos humanos. “O que me preocupa é um país estar ignorando documentos oficiais acerca da existência dos próprios cidadãos, e alterando-os conforme a narrativa e os desejos de retirada de direitos do Presidente da vez”, afirmou.
Ordem executiva de Trump
A deputada também mencionou uma ordem executiva assinada por Donald Trump em 20 de janeiro, que determina que formulários governamentais dos EUA reconheçam apenas os gêneros “masculino” ou “feminino”, excluindo qualquer menção à identidade de gênero.
Sem citar nomes, Erika também criticou lideranças políticas brasileiras, em uma aparente referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Já derrotamos e derrotaremos quantas vezes forem necessárias essa agenda política de ódio que também enxergo agora em Washington”, declarou.
A deputada afirmou ainda que pedirá ao Itamaraty que convoque o embaixador dos Estados Unidos no Brasil para prestar esclarecimentos sobre o caso.