Elric, o amaldiçoado. -

Resenha | Sangue e Feitiçaria no Reino de Melniboné

 

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Escrito por Thiago Ribeiro
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Rei feiticeiro. Servo dos Lordes do Caos. Montador de dragões. Rei de Melniboné. Elric, o amaldiçoado.

Baseado na obra de MICHAEL MOORDCOCK de 1967, e pouco divulgada no Brasil, ELRIC, O TRONO DE RUBI é o primeiro lançamento da editora Mythos no selo GOLD EDITION, voltada a álbuns verdadeiramente de luxo, principalmente para trabalhos de publicação europeia. E que bom começo.

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Sendo o responsável, junto com o inigualável CONAN, a sedimentar a literatura do gênero ESPADA E MAGIA a obra publicada pela Mythos é uma publicação francesa, adaptada por Julien Blondel, Jean-Luc Cano, Didier Poli, Robin Recht, Julien Telo e Jean Bastide, sendo considerada pelo criador literário como a melhor adaptação (já tendo o personagem passado pelas editoras Marvel Comics, First Comics, Dark Horse e Boom Studios) de sua obra para outras mídias.

A edição da editora Mythos (Ultraluxo em capa dura - Formato 24 x 32 cm - 124 pags – cor, R$ 84,90), que se encontra esgotada com menos de um mês de lançamento na loja da editora e em outras fornecedoras, é um álbum de luxo no melhor sentido da palavra, tendo o acabamento gráfico se unido a uma arte de cair o queixo. Arte essa belíssima, que transporta o leitor ao mundo decadente de Melniboné. Conta com uma introdução do famoso escritor Alan Moore e recheada de extras mostrando como o trabalho para criar a história em quadrinhos foi feito.

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A história se passa no reino de Melniboné, outrora o maior reinado do mundo. Hoje, em flagrância decadência, com bárbaros batendo aos seus portões e os outros reinos, antigos e novos, mais e mais perdendo seu medo da cidade dos feiticeiros montadores de dragão. O autor do livro confirma na introdução do álbum da Mythos que a maior inspiração para a obra é a decadência do império da Inglaterra ao fim da Segunda Guerra Mundial.  

10 mil anos Melniboné reinou absoluta pelo mundo, sendo os seus cidadãos servos dos deuses do caos, figuras primordiais de grande poder e extremamente participativas na vida dos melnibonianos, sendo o maior deus do caos ARIOCH.

A capital do reino é desenhada de forma não esplendorosa, mas sim em flagrante decadência. Para se ter acesso à capital deve-se passar por um labirinto formado por rochas e pelo mar, protegido também por feitiços potentes. Porém, mais e mais inimigos chegam às portas de Melniboné.

É nesse cenário de fim de império que nasce Elric, o novo imperador. Imperador esse de uma sociedade escravagista, aristocrata e completamente cruel. E, sim, o personagem principal possui todas essas características, mostrando que essa obra não é para redimir um reino ou mostrar uma simples história de bem contra o mal. É uma história cruel, com personagens cruéis e que, ao menor sinal de fraqueza do próximo, é implacável. Esse é o maior destaque da saga de Elric. Ele, em completa oposição ao cimério Conan, é albino e extremamente fraco de saúde, tendo que se banhar em sangue de virgens (eu falei que a história era cruel), enquanto usa de poções e feitiçarias, para se manter vivo.

O trabalho publicado pela Mythos engloba dois arcos inaugurais da vida do imperador de Melniboné (O trono de Rubi e Stormbringer), mostrando os esforços de Elric para manter o trono contra ataques bárbaros, contra as investidas do seu primo Yyrkoon para assumir o reino, primo esse que é o irmão da esposa do personagem principal, a imperatriz Cymoril, e tendo que comandar uma raça decadente que vive a base do escravagismo.

A adaptação francesa do livro de MICHAEL MOORDCOCKpossui um texto ágil e uma arte belíssima, sendo o design de muitos personagens baseado no trabalho fetichista de Clive Baker em Hellraiser. 

É um livro essencial para os fãs de mundos mágicos e narrativas bem construída, devendo o leitor brasileiro ter esse volume na sua coleção, principalmente, os fãs de As Crônicas de Gelo e Fogo de R.R. Martin, adaptado pela HBOcomo a famosa série GAME OF THRONES, que notarão como as crônicas de Elric, publicadas em 1967, influenciaram o gênero de espada e magia.

 

Fonte: Thiago Ribeiro

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