• Mesmo quando não se gosta de um segmento, o melhor é regulamentar, diz CEO de site de apostas

    Mesmo quando não se gosta de um segmento, o melhor é regulamentar, diz CEO de site de apostas

    LUCIANO TRINDADE
    SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O avanço da regulamentação do setor de apostas esportivas no Brasil tem enfrentado forte resistência da bancada evangélica no Congresso Nacional. Deputados e senadores do grupo argumentam que a prática tem impactos negativos sobre a sociedade, como o vício e o endividamento de apostadores.
    Representantes do mercado, no entanto, defendem que, mesmo para aqueles que são contrários à prática –ressalte-se, legalizada no país desde 2018–, a regulamentação é justamente o melhor caminho para ter um mercado com regras para coibir e combater os possíveis malefícios e crimes atrelados ao setor.

    Foto: ReproduçãoAposta online
    Aposta online

    É o que defende Marcos Sabiá, CEO do Galera.bet, um dos mais conhecidos sites de apostas que operam no Brasil.

    "Eu costumo dizer que eu não bebo e não fumo, mas eu sei que a pior coisa para uma sociedade é não ter regulamentação para cigarro e álcool. É a regulamentação que permite tributação, publicidade consciente, destinação de parte da arrecadação para o sistema de saúde", diz ele. "Mesmo quando você não gosta de um mercado, a melhor solução é regulamentar para exigir contrapartidas."
    Sancionada em 2018 por Michel Temer, a lei 13.756 ficou quatro anos engavetada, sem regulamentação, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Temendo desagradar parte importante de sua base aliada, especialmente abancada evangélica, o presidente no período 2019-2022 deixou vencer o prazo para a definição das regras do setor.
    As apostas esportivas ficaram, então, no que membros da comunidade jurídica chamam de "mercado cinza", já que a atividade é legalizada, mas não tem uma regulamentação específica.
    A falta de regras claras, de um órgão regulador e da formação de uma cultura consciente para apostadores e para os atores do futebol, como os jogadores, favoreceram o surgimento de esquemas de manipulação, como tem revelado a investigação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás.
    Sabiá, que também é pastor evangélico, afirma que há "uma grande agenda de preconceitos em torno do assunto" que impede um debate mais objetivo sobre a questão.
    Entre seus pares no mercado, contudo, ele afirma que há otimismo em relação à regulamentação, seja por Medida Provisória ou por projeto de lei. Segundo ele, há um entendimento de que isso seja necessário para o crescimento sustentável do setor.
    "Se a gente vai construir um ambiente propício para isso via MP ou via projeto de lei, é uma decisão dos agentes políticos. O que a gente quer é regulamentar. Esse é o objetivo de quem quer operar seriamente neste mercado", afirma.
    Ele próprio tem atuado com sugestões para definições de regras. Sabiá cita experiências vistas em outros países para defender, por exemplo, uma tributação equilibrada –o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estima que o país possa arrecadar até R$ 15 bilhões anuais com tributos.
    "A gente percebe que uma tributação que seja adequada para os operadores, no caso, as casas de apostas, e que não pese sobre os jogadores cria um ambiente propício para que não se estimule alguém a jogar em uma casa não regulamentada", diz.
    Sabiá também é a favor de processos rígidos para identificar os apostadores e coibir o uso dos sites para a prática de lavagem de dinheiro.
    "No Galera.bet, eu tenho uma série de ferramentas para verificar uma série de coisas em relação a um CPF cadastrado. Se não tiver isso, vai ter um monte de gente usando o CPF de laranjas para cometer crimes. A regulamentação é que vai exigir que todo o mundo tenha que fazer esse tipo de validação", explica.
    Aposta não é investimento
    Além dos tributos, a regulamentação também será responsável por definir regras para a publicidade feita pelo setor, sobretudo para proteger jovens e crianças, além de incentivar uma prática consciente.
    Marcos Sabiá demonstra preocupação, por exemplo, com um mercado paralelo que tem crescido no Brasil junto com os sites de apostas, formado por "apostadores profissionais", como se declaram "gurus" que vendem cursos para pessoas que querem ganhar dinheiro com apostas.
    A oferta desse tipo de serviço é facilmente encontrada em canais no YouTube e grupos de WhatsApp.
    Para o CEO do Galera.bet, esses conteúdos podem levar ao vício e ao endividamento. "A gente combate veementemente qualquer discurso [de apostadores profissionais]", diz ele. "Jogo não é investimento."

  • Lojistas reclamam da volta de vendedores ambulantes no Centro

    Com a retomada das atividades econômicas pós-pandemia tem aumentado cada vez mais o número de vendedores informais no Centro comercial de Teresina. São vendedores ambulantes, além dos tradicionais “camelôs”, que atuam vendendo alimentos, utilidades domésticas e até peças de vestuário nas calçadas e ruas da cidade.

    De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Lojistas de Teresina (Sindilojas), Leonardo Viana, a situação preocupa a categoria. “Onde era para haver trânsito de pessoas, nas calçadas, há vários camelôs, dificultando a passagem e, até mesmo, a entrada dos clientes nas lojas. Carros estão disputando espaço junto com as pessoas nas ruas do Centro, podendo provocar acidentes. Esse é um problema que parecia ter sido resolvido há muito tempo atrás”, descreve.

    Leonardo também aponta que os comerciantes já sofrem com diversos outros problemas na região e que a volta dos camelôs às ruas e calçadas demonstra uma desorganização no gerenciamento da cidade. “As empresas no Centro já vem sofrendo muito com vários problemas recorrentes, com relação a transporte público, segurança, falta de pessoas. Lojistas, clientes, todos reclamando por causa da volta da desorganização da nas ruas do Centro”, afirmou Leonardo.

    O Sindilojas ressalta ainda que acionou a Prefeitura de Teresina em fevereiro deste ano, através de um ofício encaminhado à SAAD Centro, informando sobre os problemas gerados pelas obras de revitalização da região, falta de sinalização adequada e do retorno dos ambulantes.

  • Servidores do Banco Central farão protesto

    O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) aprovou nesta terça (23) uma paralisação por duas horas marcada para esta quinta (25), entre 14h e 16h.
    A mobilização ocorre em protesto contra o descumprimento de um acordo sobre o plano de reestruturação da carreira.

    Foto: Marcello Casal Jr/Agência BrasilBanco Central
    Banco Central

    Reclamam que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, agiu rapidamente para resolver o pagamento de bônus para os fiscais da Receita Federal e, para os servidores do BC, o projeto de reestruturação da carreira reside "esquecido em alguma gaveta do ministério".
    Em setembro de 2022, a categoria, a diretoria do BC e o governo do então presidente Jair Bolsonaro acertaram o plano que, segundo o sindicato, prevê somente ajustes de nomes de cargos e mais exigências para o ingresso na careira.
    Na gestão Jair Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional avalizou o projeto, que ficou na Casa Civil desde o ano passado.
    Sob Lula, os servidores do BC afirmam que tentam, desde abril, uma conversa com a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação) -hoje responsável pela revisão do projeto.
    "Está tudo parado em alguma gaveta, sem que a sra. ministra nos dê qualquer explicação a respeito", disse Fábio Faiad, presidente do Sinal.
    Segundo ele, o sindicato espera uma mudança de postura do ministério sob pena de que o calendário de mobilizações seja ampliado.

  • Como 4,3 milhões de investidores em criptomoedas perderam $46 bilhões

    Cinco grandes empresas de criptomoedas que entraram em colapso no ano passado – FTX, Celsius, Voyager, BlockFi e Genesis – falharam porque ofereciam aos clientes retiradas instantâneas, enquanto seus ativos estavam presos em investimentos arriscados e ilíquidos, numa tentativa de gerar retornos insustentáveis.

    Foto: Fábio Vieira/MetrópolesEconomia
    Economia

    Devido à possibilidade de os clientes sacarem seus fundo s instantaneamente, muitas vezes disponíveis na palma da sua mão via app, a velocidade dos saques foi histórica, segundo um estudo de Radhika Patel e Jonathan Rose do Federal Reserve Bank de Chicago.

    Veja a matéria completa no Metrópoles

  • Justiça nega recurso e confirma falência da Livraria Cultura

    A Justiça de São Paulo confirmou a falência da Livraria Cultura. A empresa teve negado um recurso no qual solicitava a manutenção do regime de recuperação judicial.

    Foto: Fábio Vieira / MetrópolesJustiça nega recurso e confirma falência da Livraria Cultura
    Justiça nega recurso e confirma falência da Livraria Cultura

    Em fevereiro deste ano, a Livraria Cultura obteve uma liminar que suspendeu o processo de falência, decretado no dia 9 daquele mês pelo juiz Ralpho Waldo De Barros Monteiro Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.

    Veja a matéria completa no Metrópoles

  • Dentro do esperado, PIB da zona do euro sobe 0,1% no 1º trimestre

    O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro teve um leve crescimento de 0,1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (16/5) pelo Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia.

    Foto: iStockDentro do esperado, PIB da zona do euro sobe 0,1% no 1º trimestre
    Dentro do esperado, PIB da zona do euro sobe 0,1% no 1º trimestre

    Os resultados vieram em linha com as estimativas do mercado e confirmaram a leitura preliminar divulgada no fim de abril.

    Na União Europeia, como um todo, a economia registrou avanço de 0,2% na comparação trimestral e de 1,2% na base anual.

    Veja a matéria completa o Metrópoles

  • Marisa: prejuízo aumenta 64%, para R$ 149 milhões no 1º trimestre

    A Marisa Lojas fechou o primeiro trimestre deste ano com um prejuízo líquido de R$ 149 milhões, de acordo com balanço divulgado pela companhia na noite de segunda-feira (15/05). As informações são do Metrópoles

    O resultado corresponde a um aumento de 64,2% no prejuízo em relação ao mesmo período do ano passado, quando a Marisa ficou no vermelho em R$ 90,7 milhões.

    Foto: ReproduçãoMarisa
    Marisa

    A receita líquida da empresa subiu 1,3% no período, para R$ 440,5 milhões.

    “Tal crescimento foi dirigido por melhores vendas em lojas físicas, mesmo considerando o fechamento de 14 lojas nos últimos 12 meses anteriores a março, e por um preço médio 14,3% maior, saindo de de R$ 42,81 para R$ 48,93”, informou a Marisa.

    “O volume de peças vendidas caiu 11,7%, de 12,9 milhões no primeiro trimestre de 2022 para 11,4 milhões na base de vendas mesmas lojas”, diz o comunicado da companhia.

    O faturamento da Marisa em suas lojas físicas teve alta anual de 5%, para R$ 548,1 milhões. No digital, a receita caiu 32,5%, para R$ 43,1 milhões.

    O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) registrou crescimento de 42,9% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, mas ainda ficou no vermelho em R$ 36,1 milhões.

    “Os aumentos verificados na receita e lucro bruto na operação de varejo neste trimestre, aliados à progressiva redução no nível de despesas operacionais, contribuirão de forma decisiva para, em curto espaço de tempo, diluir o volume de despesas fixas e gerar um Ebitda positivo para o varejo”, diz a Marisa.

    “O plano de reestruturação da companhia, em implantação desde fevereiro de 2023, inclui, entre outros pontos, o fechamento de lojas com margens de contribuição menores ou deficitárias e o corte de custos e despesas fixas ao longo do ano.”

    Ações de despejo

    Como noticiado pelo Metrópoles, pelo menos 10 ações de despejo por inadimplência em contratos de aluguel estão sendo movidas contra a Marisa. Os processos começaram a tramitar na Justiça em fevereiro deste ano, quando a empresa admitiu a incapacidade de honrar pagamentos que somam cerca de R$ 600 milhões.

    Na última semana, credores pediram a falência da varejista. Nesse caso, as dívidas alcançam R$ 800 mil.

  • Impacte Business deve reunir grandes nomes do empreendedorismo do país

    Impacte Business, o maior evento de empreendedorismo, negócios e vendas do Piauí, segundo reportagem do Ciência Política, tem data marcada para acontecer e contará com grandes nomes do empreendedorismo do país.

    Dentre as personalidades que participarão do evento, estão Felipe Titto, ator, apresentador e empresário, Caio Carneiro, especialista em venda direta há mais de 10 anos, além de Carolina Kavenak.

    Serão oito horas de conteúdo no Impacte Business, onde haverão troca de atualizações sobre as tendências do mercado, cases de sucesso. E, entre as atrações regionais, o médico Carlos Eduardo e o empresário jornalista Wrias Moura. 

    O evento acontece no dia 20 de maio no Centro de Convenções de Teresina. E, conforme reportagem, será uma oportunidade para expandir a rede de contatos, conhecer novos empreendedores, investidores, especialistas e clientes em potencial.

  • I Jornada do Direito Imobiliário acontecerá em Teresina

    A I Jornada do Direito Imobiliário já tem data marcada, dia 29 de maio, e será sediada no auditório do prédio histórico do Tribunal de Justiça do Piauí, das 8h às 18h. O evento é organizado pela Associação Piauiense da Advocacia (APAC) e Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (IBRADIM), em parceria com a Corregedoria do Foro Extrajudicial do Tribunal de Justiça do Piauí e a Escola Judiciária do Piauí.

    Nesse primeiro ano, a Jornada trabalhará a regularização fundiária, assunto recorrente no Piauí. De acordo com o presidente da APAC e diretor regional do IBRADIM, advogado Ian Cavalcante, aprofundar-se nessa área jurídica é necessário para que os advogados e acadêmicos de Direito possam contribuir com a evolução do Direito Imobiliário no Piauí e se atualizar sobre as novidades e mudanças na área.

    “Teremos o dia recheado de palestras com profissionais consagrados no assunto e, para fechar, a participação do professor Marcos Salomão, que é referência em registros de imóveis no Brasil. Acredito que a Jornada terá um papel importante no avanço do Direito Imobiliário no Piauí. Através dela vamos juntos fazer crescer no nosso Estado essa área tão importante para o cidadão”, destaca o advogado.

    A Jornada contará com os palestrantes Carlos Augusto Arantes Júnior, juiz auxiliar da Corregedoria do Foro Extrajudicial; Leonardo Brasileiro, juiz coordenador do Programa Regularizar; Danilo Rocha Luz, consultor jurídico da Corregedoria do Foro Extrajudicial; Ilimane Fonseca, tabeliã e registradora da Serventia Extrajudicial de Demerval Lobão-PI; e Carine Leal, advogada; além do professor Marcos Salomão, registrador no Estado do Rio Grande do Sul. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas através do link (https://encurtador.com.br/bloIJ).

    Foto: ReproduçãoI Jornada do Direito Imobiliário acontecerá em Teresina
    I Jornada do Direito Imobiliário acontecerá em Teresina


    Palestrante
    O professor Marcos Salomão é mestre e doutor em Direito há 10 anos. É especialista em Direito Imobiliário e trabalha há 25 anos como registrador de imóveis, sendo um dos principais nomes do Brasil nessa área de atuação. Além disso, já atuou como interventor judicial em cartórios de imóveis e notas, possuindo vasta experiência.

  • Entenda crise do streaming, que tenta segurar assinantes com onda de remakes

    Remakes, mudanças de nome, novos preços, cancelamento de projetos, fim das senhas compartilhadas, assinaturas com comerciais, retirada de conteúdos.
    Todas essas armas estão no arsenal recente dos estúdios hollywoodianos que comandam alguma plataforma de streaming. Mas, em meio à chuva de balas, a munição parece estar se esgotando.

    Foto: shutterstockstreaming Netflix HBO Amazon

    O mercado de conteúdo sob demanda dá sinais de se aproximar de seu pico, depois de crescer sem parar por pouco mais de uma década. Em abril de 2022, a Netflix perdeu assinantes pela primeira vez em dez anos. A queda se manteve nos meses seguintes e só foi revertida no fim do ano, quando o serviço começou a oferecer uma modalidade mais barata, com publicidade, em alguns países.
    Mas não é possível dizer que estancou-se a sangria. Os números permanecem instáveis em vários mercados importantes, como o britânico.
    Por lá, analistas projetam que a empresa deve perder 700 mil assinantes em dois anos. Na Espanha, um milhão de pessoas abandonaram a plataforma depois que a Netflix estabeleceu regras mais rígidas sobre o uso de uma mesma conta em lares diferentes.
    Por outro lado, o primeiro quadrimestre de 2023 viu um aumento de assinaturas. É uma boa notícia, mas eclipsada pelo comparativo do crescimento que ocorria no mesmo período em anos anteriores.
    Na concorrência, o Disney+ divulgou no começo do ano sua primeira perda de inscritos, de 2,4 milhões. No mesmo período, os lucros da empresa subiram, impulsionados não por entretenimento, mas pela divisão de parques temáticos.
    Outras plataformas crescem num ritmo lento demais, como é o caso do Peacock, da Universal, que não tem planos de desembarcar no Brasil. Por isso, o streaming trouxe uma perda de US$ 704 milhões aos cofres do estúdio neste primeiro quadrimestre. Já o Paramount+ ficou US$ 511 milhões mais pobre no período.
    Os dados ajudam a explicar a onda de demissões que atinge esse mercado, em que entretenimento e tecnologia, outro setor em crise, se embaralham. Netflix e Warner Bros. Discovery picotaram seu plano de dispensas ao longo do ano passado, e incluíram nele altos executivos.
    Na Disney, 7.000 vagas estão sendo cortadas. Na Amazon, uma centena de trabalhadores que atendiam o Prime Video foram mandados embora, somando-se às quase 30 mil demissões anunciadas em outras áreas da empresa.
    Assim, analistas de Hollywood batizaram o momento de "a grande correção da Netflix", marcada por cintos apertados e austeridade. Acionistas mudaram de ideia sobre a filosofia do crescer a qualquer custo e, agora, querem ver produtos que gerem lucros de forma mais imediata.
    Além da oferta de um novo plano de assinatura custeado, em parte, por publicidade, várias outras medidas estão sendo estudadas por Netflix e companhia. Qualidade em vez de quantidade, já disse seu CEO, é o novo foco da empresa, que se notabilizou por produzir em larga escala.
    A HBO Max, no próximo dia 23, vai ser relançada nos Estados Unidos com o nome Max, depois de um longo imbróglio nos bastidores da fusão entre a WarnerMedia e a Discovery, Inc. O Starzplay, também, já passou por um banho de loja, que o renomeou Lionsgate+ e deixou clara sua intenção de ter um catálogo mais adulto, com mais curadoria.
    Seguindo a máxima do menos é mais, a antiga HBO ainda anunciou que vai interromper a produção de filmes e séries na Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Holanda e Turquia -países com bom histórico de produção, mas com séries e filmes que sofrem para viajar longas distâncias.
    "Esses últimos anos foram um sonho de uma noite de pandemia. Houve certa euforia, uma correria que causou um aprendizado acelerado. Agora todo mundo está se reorganizando, voltando ao que deveria ter sido uma curva natural dessa adaptação do mercado ao streaming", diz Fabio Lima, fundador da Sofa Digital, agregadora de conteúdo para o sob demanda.
    Para ele, ainda há espaço para que as plataformas cresçam, mas é preciso, antes, desinchar, cortar excessos e políticas que faziam sentido para um mundo pandêmico de gente trancada em casa e menor concorrência.
    O grande desafio que se impõe é a retenção. Se na era da televisão a cabo os consumidores assinavam um pacote que incluía tanto canais que lhe interessavam, quanto outros dos quais não era possível se desvencilhar, agora as pessoas podem migrar de plataforma em plataforma com facilidade e rapidez.
    Por isso, boa parte das apostas está em conteúdo original. Ou não tão original assim. Apesar de séries e filmes novos, exclusivos, serem anunciados com frequência, uma parcela significativa deles tem um pé no passado, reciclando personagens e universos já testados e aprovados.
    Não é de hoje que Hollywood aposta em remakes, mas a onda de agora está mais para tsunami. O anúncio que melhor ilustra isso é o de uma nova versão para os livros de "Harry Potter", dessa vez em formato de série, para o Max. Vale lembrar que o último filme do bruxinho, extremamente popular, lucrativo e bem avaliado, tem só 12 anos.
    Tempo, no entanto, não parece ser um problema para os altos executivos de Hollywood. "Crepúsculo", com seus 11 anos de idade, também foi mandado para a linha de produção em forma de série. "Moana", animação da Disney lançada em 2016, vai ganhar uma versão em live-action tão precoce que Dwayne Johnson vai conseguir reprisar o papel do deus Maui.
    Eles quase seguem os passos de "O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder", que ao menos criou uma nova saga ambientada no mundo fantasioso de J.R.R. Tolkien em vez de contar a mesma história, no Amazon Prime Video.
    "Gremlins", "Scooby-Doo", "Meninas Malvadas", "Peter Pan", "Pinóquio", "Lilo & Stitch", "Percy Jackson" e "Grease" são outros filmes e séries amados que já viraram ou devem virar, muito em breve, novos conteúdos no streaming.
    "É muito difícil pôr uma nova marca no mercado. É um princípio do marketing. Todo mundo quer muita variedade, mas quando se tem muita oferta, é difícil escolher. Então quando as pessoas se deparam com isso, elas tendem a abandonar a plataforma ou procurar o que é familiar. É um comportamento inconsciente", diz Lima.
    Enquanto isso, a indústria redescobriu o cinema e tem reservado a ele lançamentos mais premium, digamos, com maior valor de produção, efeitos especiais de ponta e grandes astros. O Apple TV+, que demorou para entrar no ramo de longas-metragens, agora tem um Scorsese para ser lançado e já fechou parcerias milionárias de distribuição com Paramount e Sony.
    As bilheterias americanas ainda estão cerca de 23% atrás do que eram em 2019, mas analistas já dizem que a arrecadação durante a temporada de verão, que começa no meio do ano, pode rivalizar com os níveis pré-pandemia, impulsionadas por filmes como "Guardiões da Galáxia Vol. 3" e "Super Mario Bros.", com resultados acima do esperado.
    No Brasil, 2022 viu o público de cinema crescer 82% em comparação com o ano anterior, de acordo com dados da Ancine. Os números ainda estão 46% menores que os de 2019, mas são suficientes para causar otimismo e decretar que há uma recuperação acontecendo. Lenta, é verdade, em especial para produções nacionais, mas em curso. O número de salas em atividade, também, está próximo dos níveis pré-Covid, 3.401 contra 3.507.
    Nessa reconfiguração do mercado, estúdios e exibidores parecem ter feito as pazes. Se durante a pandemia estavam em pé de guerra, agora a CinemaCon, maior convenção do setor nos Estados Unidos, deu um clima de lua de mel para o relacionamento, com barulho e discursos bonitos sobre a tela grande.
    Em parte, claro, porque os estúdios conseguiram o que queriam, diminuir o tempo que um filme exibido no cinema fica de molho até poder ser licenciado para o streaming, a TV e outras plataformas. Já aos exibidores, ainda em recuperação pós-quarentena, restou aceitar a nova realidade.
    Entre as obras recentemente licenciadas para outras janelas está "Avatar: O Caminho da Água", que fez quase US$ 2,4 bilhões de bilheteria e, ao contrário do que vinha acontecendo com os lançamentos da Disney, foi disponibilizado para aluguel e compra digital antes de chegar ao Disney+ para os assinantes.
    "É caro produzir e lançar no cinema, mas ele muda o status do produto, dá um selo de qualidade. Com o encurtamento do intervalo entre a estreia e a disponibilização em outras plataformas, faz ainda mais sentido investir nele, porque não há mais um buraco grande o suficiente para que o público perca o interesse num filme", diz Lima, atestando que a simbiose nessa indústria é mais fundamental do que nunca.

Carregar mais
Trabalhe Conosco