Cadê o angico que estava aqui? -

O desprezo que temos pelas árvores e pelo verde na “cidade verde”

Gosto de sombra e água gelada. Sou daqueles que, mesmo à noite, procura uma árvore para estacionar o carro à sombra. É o hábito. Em algumas avenidas da capital, ao parar no sinal vermelho, paro na sombra, se tiver uma, nem que fique gente buzinando atrás. É muito calor.

Gosto  do verde. Estou sempre falando verde. Fico verde quando vejo a devastação das nossas árvores, que acontecem tão frequentemente. Minto?

Empresas construtoras e governos locais, ao iniciarem uma obra, na maioria das vezes, preferem derrubar tudo. Conjuntos habitacionais populares, condomínios e muitos loteamentos parecem desertos. Já presenciei um arquiteto mandar cortar as árvores para que o desenho da fachada pudesse aparecer! Pensei que estava brincando. No dia seguinte, estava lá sua fachada espelhada e o... deserto! Cruzes! Tem coração não! Meus óculos escuros, por favor!

Bem recente, aqui na capital, cruzamento da avenida Nossa Senhora de Fátima com avenida Jockey, houve uma peleja de uma motosserra com dois angicos brancos gigantescos. Teve “denúncia” nas mídias sociais e até o prefeito criança juntou-se à corrente humana virtual, dizendo-se também ser prefeito verde e que tinha produzido o blog com nome “Angico Branco”. É! Na época, Um angico escapou, mas o outro virou lenha.

Eis que, passados uns dois anos, a obra seguiu e o segundo angico sangrou na motosserra. Deserto! Ôrre, diacho! Não sei se houve compensação ou acordo com os poderes públicos. Mas isso não interessa. Interessa, sim, o triste fato de que desprezamos as árvores, o verde, criando uma cidade menos confortável.

Obra na Av N. S. de Fátima com av. Jockey, Teresina 
Obra na Av N. S. de Fátima com av. Jockey, Teresina     Foto: Gualberto de Sousa

Trago a imagem. Mas trago outra imagem de um grande condomínio, na zona leste de Teresina, em que o projeto preservou uma gigantesca árvore, que cito como exemplo. Ficou muito lindo.

Árvore preservada na av. Lindolfo Monteiro, Teresina
Árvore preservada na av. Lindolfo Monteiro, Teresina    Foto; Google

Esse desprezo pelo verde é cultural. Mas a preservação e ampliação das áreas verdes deve ser assunto em sala de aula, desde os primeiros anos do ensino fundamental. Deve ser motivo de campanhas permanentes.

Temos que desenvolver mais amor e cuidado pelas árvores para que tenhamos uma ambiente mais confortável. Mas esse amor não vai brotar por conta própria, feito capim nas sarjetas da cidade ou a chanana, aquela florzinha amarela, que insiste em florir nossos caminhos e nós insistimos em destruí-la.

A chanana nasce espontaneamente, mas a desprezamos 
A chanana nasce espontaneamente, mas a desprezamos     Foto: Gualberto de Sousa

Deve ser política pública. Temos o 21 de setembro, dia da árvore como ponto de partida que hoje não passa de uma formalidade no calendário.

Com a palavra os senhores prefeitos.

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