Foto de criança morta em naufrágio já é um simbolo da crise migratória

Nada chocou tanto nos últimos anos quanto a foto de um menino morto numa praia da Turquia após o naufrágio de duas embarcações com imigrantes. O corpo do menino apareceu nesta quarta-feira em Bodrum e já é um símbolo da crise migratória que matou milhares de pessoas no Oriente Médio e na África, todas tentando chegar à Europa em busca de refúgio contra a guerra, perseguições e pobreza.

Centenas de veículos de imprensa pelo mundo propagaram a foto para comentar sobre a situação emblemática. No Brasil, Uol fez uma das reflexões mais fiéis sobre a exposição da imagem.

"A decisão de hoje não foi fácil. Além de jornalistas, somos pais, mães, filhos, tios. E as fotos nos comovem profundamente. Provavelmente seremos acusados de sensacionalismo e de busca por audiência fácil -- quando o cenário mais provável é que a imagem espante as pessoas, em vez de atraí-las. Mas o jornalismo existe para informar. E palavras não descreveriam com a força necessária a dimensão da tragédia em curso na Europa e Oriente Médio. Não nos compete suavizar a realidade, mas sim retratá-la com precisão", diz a reportagem publicada nesta quarta-feira.

De certo não há como esconder o fato. A vida do pequeno é mais uma das que se perdeu no mar. São pessoas que estão em busca de salvação, mas encontram pelo caminho mais dor e perdas. A foto do menino que parecia dormir na areia da praia, para muitos, pode parecer desnecessária, exposição demais, diriam. Mas como disse Veja uma vez “sensacionalistas são os fatos”, e como jornalistas, repete Uol, não podemos atenuá-los pelo simples fato de que aqueles que não enfrentam nem de perto este drama não podem ser feridos com tamanho absurdo.

A crise é tão grave ao ponto de um refugiado, que tentou travessia a nado o mar entre a Turquia e a Grécia, dizer: 'Que diferença faz morrer na Síria ou no mar?'. Ele nadou por quase sete horas até que foi detido por dois barcos da guarda costeira turca e grega.

ATENÇÃO - IMAGENS SÃO FORTES