CARTA -

O PT \'socialista\' exige o seu lugar ao sol junto ao governo do PSB

Este que vos fala pensava que o PT era um partido socialista em sua essência. Mas não. Possui diversas alas, apenas uma delas prima pelo socialismo como meta. Pois bem. Foi esta que hoje pela manhã colocou mais lenha na fogueira das relações políticas turbulentas entre o partido e o governador reeleito Wilson Martins.

Andam dizendo por aí que estas relações já estavam prejudicadas desde o tempo da campanha. Mas particularmente não acredito. Wilsão não se deixaria levar por pequenas distenções aqui e ali que seguramente poderiam prejudicar o seu projeto de reeleição. A não ser que fosse um grande dissimulado e nisto, sinceramente, não quero crer.

Os socialistas do PT confessaram nesta manhã que o governador declarou sentir “repulsa” por entregar cargos do setor agrário – Secretaria de Desenvolvimento Rural, Emater/PI, dentre outros – ao partido que foi determinante na sua eleição. O porta-voz dos magoados foi Adalberto Pereira, funcionário de carreira do Emater/PI e que milita no PT desde a sua função.

Segundo ele, na carta aos piauienses, foi nomeada uma comissão composta por Wellington Dias, Assis Carvalho e Fábio Novo, três grandes figuras da República, para negociar indicações de cargos junto ao chefe do executivo. Os petistas apresentaram à sua excelência a relação dos órgãos pretendidos pela agremiação. Wilsão, ao ver a lista, simplesmente teria abanado a cabeça negativamente e manifestado “repulsa” com característico movimento labial.

Os três mosqueteiros sequer tentaram argumentar. Conhecem a personalidade do governador. Já conheciam desde muito tempo. Alimentavam uma relação baseada na necessidade de sobrevivência política. Os que sobreviveram ao pleito de outubro estão muito bem acomodados em seus mandatos eletivos. Os que não conseguiram se eleger ou sequer disputaram, estes que aguardem as sobras do banquete. Sua excelência promete um banquete super-reservado.

A carta de Alberto Pereira em nome dos socialistas do partido causou espécie nos meios políticos. Foi o assunto mais comentado do dia, até porque todos parecem esperar pelo fato iminente de que haverá rompimento entre os petistas e o governo. Ou pelo menos entre alguns petistas e o governo. Parte do PT ficará onde estar, de acordo com o que lhe for ofertado.

Não se pode esperar contentamento pela indicação das secretarias de Justiça e de Planejamento. Henrique Rebelo tem voo próprio. É deputado estadual pelo PT mas poderia ser do PSB ou de qualquer partido que estivesse no poder. Seu comportamento tem sido este desde que entrou para a política, migrando de partido em partido como diz a música de Jota Quest: “Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou...” Enquanto Sérgio Miranda é indicação pessoal do governador, que se afeiçoou ao menino-prodígio, muito dinâmico e discreto, que pertence ao PT apenas por uma questão de ingenuidade ideológica. Ele também busca seu lugar ao sol.

Fábio Novo tenta minimizar o impacto da cartinha dos seus companheiros que lança críticas ferrenhas à indicação de Chico Filho para a presidência do Emater por entender que ele nada tem a ver com o projeto administrativo pelo PT no governo do estado, pertencendo ao modelo anterior, o neoliberal, que seria responsável “pelo sucateamento do setor público”. Como são muitos caciques e poucos índios é de se imaginar que tenhamos uma grande confusão pela frente. Talvez nem os encantadores de serpentes consigam escapar impunes.

Fonte: None

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