Tristeza toma conta no Mundial -

SEM LUZ, mais de 17 mil famílias no Piauí não viram a Copa

Por falta de energia elétrica, cerca de 17 mil famílias no Piauí não têm condições de assistir a um dos maiores espetáculos esportivos da face da Terra, a Copa do Mundo de Futebol. São pessoas que ainda estão fazendo uso do fogo como principal fonte de energia para facilitar suas vidas.

E isso mesmo com o alardeado programa do governo federal Luz Para Todos, lançado há 10 anos, ainda no primeiro governo Lula. Para falar do risco da sua não universalização, nada melhor do que um deputado da base governista do Palácio do Planalto, que tem propriedade para falar sobre o descaso.

O 180graus teve acesso a um requerimento de autoria do deputado federal Assis Carvalho (PT), datado de abril deste ano, e enviado ao Ministério das Minas e Energia, onde o parlamentar admite que o governo não tinha sido eficaz na universalização da energia elétrica no estado do Piauí, além de relatar inúmeras consequências da não universalização do programa no estado.

O documento foi endereçado ao ministro Edison Lobão, que até hoje tem feito ouvido de mercador aos pleitos da bancada federal em Brasília e do governador do Piauí, Zé Filho (PMDB).

“Os investimentos realizados até agora no Programa Luz para Todos não foram suficientes para universalizar a energia elétrica no Estado do Piauí, hoje temos cerca de 17 mil famílias vivendo sem previsão de sair da era da lamparina”, admite Assis Carvalho no requerimento.

“Sendo 6 mil famílias restantes para o cumprimento da meta estabelecida no ano de 2004 (início do Programa) e 11 famílias provenientes do crescimento populacional rural, sobretudo pela expectativa gerada com o advento da energia elétrica (uma década após início do Programa)”, complementa, revelando o prometeu mas não cumpriu.

CALOTE DA ELETROBRAS CAUSA 'DESEMPREGO' E 'INCERTEZAS'
Em outro trecho o parlamentar deixa claro a contribuição da Eletrobrás – subordinada ao Ministério das Minas e Energia – para a não execução total do programa no Piauí. São explicações que vão além da inércia do governo federal, tão defendido por Assis Carvalho.

“A Eletrobrás, empresa operadora do Programa Luz Para Todos no estado do Piauí, não efetua pagamentos das medições executadas desde dezembro de 2013, segundo prestadores de serviços e, conforme dados da Eletrobrás Piauí, chega a 20.000.000,00 (vinte milhões de reias)”, revela.

No documento Assis Carvalho ressalta ainda o clima de incerteza criado pelo governo federal para a população afetada no Piauí, a quem o PT vai pedir voto nas próximas eleições, e para as empresas envolvidas no processo de execução do programa.

“Informo a Vossa Excelência [ministro das Minas e Energia Edison Lobão] que as empresas contratadas estão fazendo a opção por paralisar as obras no momento em que cumpririam parte dos contratos, alegando ser impossível a manutenção das estruturas funcionando, por tanto tempo, sem serem ressarcidas dos investimentos disponibilizados. Outras empresas estão optando por algumas regiões em detrimento de outras, gerando, incertezas e provocando a demissão de muitos profissionais, motoristas, técnicos e cozinheiros; cerca de 300 trabalhadores já perderam seus empregos”, repassa.

Ao final o deputado admite que “a paralisação de uma obra do Programa Luz para Todos interrompe muito mais que um sonho de conforto, atravanca projetos produtivos, cessa investimentos de agricultura familiares, obstrui a perspectiva dos jovens de estudar e produzir na terra em que nasceram, dissipa as perspectivas de crescimento da produção rural, detém a economia local, adia os planos dos homens e mulheres que acreditaram no investimento e voltaram da cidade para o campo, num movimento inverso e inédito ao êxodo rural”, lamenta o parlamentar, ao cobrar uma posição do seu próprio governo.

Até agora nada foi feito. E nenhuma solução concreta foi tomada pelo Palácio do Planalto.

REPORTAGEM: 180graus direto de Brasília

Fonte: None

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