Foi preso na Operação Lavajato -

Preso, Delcídio afirma que foi a Dilma quem indicou Cerveró para a Petrobras

Dois dias após ser preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato e de ter sido abandonado pelo PT e pelo Planalto, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) declarou, em depoimento na Superintendência da PF em Brasília, que o ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi indicado pela presidente Dilma Rousseff, quando ela era ministra de Minas e Energia. Segundo Delcídio, ela o consultou em 2003, primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sobre Cerveró, que havia trabalhado com Delcídio na Diretoria de Gás e Petróleo da Petrobras.

Ainda de acordo com o senador petista, Dilma conhecia Cerveró desde o tempo em que era secretária de Energia do Rio Grande do Sul, na gestão de Olívio Dutra. Até então, a escolha de Cerveró era atribuída a uma dobradinha entre o próprio Delcídio e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República respondeu que “presidenta Dilma Rousseff nunca consultou o senador Delcídio do Amaral ou qualquer outra pessoa acerca da nomeação de Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras”. E mais: “No período em que exerceu a função de ministra de Minas e Energia, nunca sequer foi consultada ou mesmo participou, em qualquer medida, dessa indicação”. Ainda de acordo com a Secom, como “é público e notório, a presidente da República não manteve relações pessoais com Nestor Cerveró, seja antes ou depois da sua designação para a diretoria da Petrobras”.

Delcídio também envolveu o vice-presidente, Michel Temer, alegando que ele tinha proximidade com o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada. Questionado sobre o que seria essa relação próxima, o político disse que preferia não responder. Preso na Lava-Jato, Zelada é acusado de atuar em nome do PMDB mineiro e de fazer parte de esquemas que renderam propinas a ele e ao partido na compra do navio Vantage.

Zelada também é suspeito de receber suborno para a compra de metade de um poço de petróleo em Benin, negócio de US$ 34,5 milhões que rendeu 1,3 milhão de francos suíços em corrupção para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda de acordo com o Ministério Público.

Em nota divulgada ontem, Temer alega que falou com Zelada em 2007 — no mesmo ano em que esteve com seu antecessor, Nestor Cerveró, conforme revelou o Correio — para discutir a Diretoria de Internacional da Petrobras. No entanto, afirmou que “não indicou” Zelada “nem trabalhou” para que ele se tornasse diretor da estatal. “O presidente do PMDB nega qualquer relação de proximidade com Jorge Zelada e repudia veementemente as declarações do senador Delcídio”, afirmou a assessoria do vice-presidente da República.

O advogado de Zelada, Alexandre Lopes, disse que não tem como confirmar uma reunião de 2007, no entanto, atestou que a relação de seu cliente com Michel Temer é “zero”. “Primeiro, deve ser bravata. Só Temer pode responder”, continuou Lopes.

A assessoria de imprensa do senador Delcídio do Amaral comunicou ontem, por meio de nota, que ele se encontra “abatido, porém sereno e concentrado, junto dos advogados, na formulação da sua defesa com o firme propósito de provar, o quanto antes, a sua inocência”.

Preocupação
Em uma gravação de 4 de novembro feita pelo filho de Nestor Cerveró, Bernardo Cerveró, o senador Delcídio afirma que Michel Temer estava preocupado com Zelada, que está preso em Curitiba. “O Michel conversou com o Gilmar (Mendes, ministro do STF) também, porque o Michel tá muito preocupado com o Zelada, né?”, disse o parlamentar, no áudio, ao comentar tentativas de convencer os ministros do Supremo a soltarem Cerveró. Gilmar Mendes negou qualquer conversa.

Como mostrou o Correio na quarta-feira, o vice-presidente Michel Temer confirmou o relato do lobista Fernando Baiano sobre outra negociação pelo cargo de diretor Internacional da Petrobras. A assessoria do peemedebista afirmou que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, lhe telefonou e pediu um encontro com Nestor Cerveró, que, naquela altura, estava ameaçado de perder o posto.

Temer recebeu o então diretor em 2007. Ele teria dito a Cerveró que não poderia ajudá-lo porque o cargo pertencia ao PMDB de Minas Gerais, comandado por Fernando Diniz, e já estava prometido a Jorge Zelada — o que de fato aconteceria depois. A única divergência do vice-presidente é que, ao contrário do que disse o lobista, ele afirma que o pecuarista não participou da conversa com Cerveró.

Fonte: Com informações do Correio Braziliense

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