Também enfrenta protesto -

W. DIAS agradeceu a Deus por 'Lula ter nascido no Brasil'

Esteve no início da tarde desta quarta-feira (21/10), na Assembleia Legislativa do Piauí, o ex-presidente Lula. Em visita ao Piauí, ele recebeu os títulos de cidadão piauiense e teresinense. A sessão foi presidida inicialmente pelo presidente da Casa, Themístocles Filho, que em seu discurso de abertura afirmou que o ex-presidente sempre teve atenção especial pelo Piauí. Lembrou do lançamento do programa Fome Zero e do banho que o ex-presidente desfrutou em Luis Correia

“Poderia passar horas e horas falando do que ele fez, mas quero me referir a dois fatos de seu mandato. Primeiro sobre os programas sociais, que reduziu o número de miseráveis a menos da metade do que no início do seu governo. Só no ano passado, foram mais de R$ 1,5 bilhões aplicados no Piauí. É dinheiro que vai para o pobre e fortalece a economia. E segundo, sobre a expansão universitária, onde o símbolo mais vistoso é o campos da Universidade Federal de Bom Jesus, que hoje conta com cursos de graduação, mestrado e doutorado, o que é importantíssimo para alancar a capacidade de desenvolvimento técnico da região”, destacou o Themístocles.

E foi das mãos de Luiz Lobão e do vereador Edilberto Borges, o Dudu, que Lula recebeu o título de cidadão teresinense, já que a sessão reúne as bancadas do legislativo municipal e estadual. “Falo do tamanho do orgulho que o senhor dá ao povo, principalmente ao mais pobre. Falo também do orgulho de servir ao povo, inspirado no senhor presidente Lula. Quero dizer que precisamos que o senhor continue seus voos e andanças, que iremos revitalizar o que há de mais importante em seu governo, que é o diálogo direto com a população. Muitas pessoas ainda precisam de sua ajuda”, disse Dudu, um dos propositores da honraria ao ex-presidente.

O título de cidadania piauiense foi entregue ao ex-presidente pelos deputados João de Deus, Fábio Novo, Flora Isabel e ainda por Cabelouro, um dos proponentes do título. "Vossa excelência arrebatou em 35 anos de trajetória os corações e mentes do nosso povo e o desenvolvimento com a inclusão social. Vossa excelência conquistou a confiança dos piauienses, seja para ajudar a organizar o PT, ou para defender a redemocratização do país. Depois veio conhecer as nossas cidades caracterizadas pela extrema pobreza, verificando seus valores e suas dificuldades com a Caravana da Cidadania, onde pode ver o descaso do poder público para com a população", disse João de Deus em seu discurso após a entrega do título.

Já Fábio Novo lembrou das obras do ex-presidente na capital e citou o exemplo de Ismael Silva, filho de família humilde que teve a oportunidade de fazer ensino superior graças ao ProUni. “Podemos falar de grandes coisas que fizemos em Teresina, como bem ressaltou o vereador Dudu. Naquele momento nós tínhamos muitos elefantes brancos, como a Ponte Estaiada que o senhor aportou R$ 45 milhões. Foi vossa excelência também quem concluiu o HUT e o nosso Hospital Universitário. Mas pra quê obra mais importante do que reduzir em 187,2% a nossa pobreza? Por último, trago a foto de um menino chamado Ismael, de quando ele foi receber o seu diploma no curso de Direito. Esse menino, presidente Lula, só teve direito de fazer Direito em uma faculdade particular que nós criamos o ProUni, que beneficia milhões de jovens”.

O secretário acrescentou ainda que o título se explica pelo fato de que Lula foi o presidente que mais veio e o que mais trabalhou pelo Piauí.

O governador Wellington Dias começou seu discurso fazendo um agradecimento. “Quero apenas fazer um agradecimento a Deus, de ter sido no Brasil que nasceu Luís Inácio Lula da Silva. Essa solenidade nos permite experimentar a fome. Mas a fome de quem tomou café. Imagina a fome de quem não jantou ontem e hoje não tomou café hoje. Acho que foi essa a grande revolução que você [Lula] permitiu, a de que grande parte dos brasileiros possam tomar café todos os dias”, disse.

Wellington disse ainda que “poderia falar de tantos programas e obras, mas queríamos apenas agradecer. Todos nós nos sentimos abalados quando na vida o senhor encontrou o câncer, mas que pela ciência se recuperou. Saiba que você não tem apenas eleitores, tem amigos, pessoas que lhe amam”.

Ao final de sua rápida fala, ele disse que não há como o Piauí não reconhecer o trabalho de Lula. “Sei que é direito de se contestar e criticar, mas creio que ninguém do Piauí pode deixar de reconhecer seu trabalho pelo Brasil e pelo Piauí. Já entregamos muitos títulos, mas esta é uma data história, creio que hoje estejamos dando título de cidadania a quem mais trabalhou pelo Piauí. Peço a Deus que ele continue lhe dando saúde, força. Leve o abraço a dona Marisa, aos seus filhos, seus netos, para que possamos tê-lo sempre preparado”.

O ex-presidente Lula abriu seu discurso lembrando das histórias de suas primeiras visitas no Piauí. “Venho ao Piauí há muito tempo, vim em 80 para fundar o PT, Regina e Nazareno lembram disso. E em 82 alugamos um ônibus, fomos a Água Branca, Amarante, Oeiras, Floriano, Santo Antônio de Lisboa e Picos, e a imagem mais forte que temos é a gente dormindo na casa do Zé Pereira, dele pregando as portas com pregos com medo dos nossos inimigos. Ele contava que teve de vender a única cabrita que dava leite para os meninos para pagar a pessoa que pediu dinheiro para fundar o PT. Contei essa história para mostrar a vocês, é que uma das coisas que fizeram o Brasil não dar certo, é que as pessoas que governavam o país, não conheciam o Brasil”, afirmou.

Lembrou ainda que sempre quis fazer seu ministério conhecer o Brasil e foi na Vila Irmã Dulce que mostrou a situação de dezenas de mulheres que viviam em situação de extrema pobreza. “Quem quiser governar esse país correto, tem que botar o pé na estrada e conhecer o sentimento desse povo. Trouxe os meus ministros para mostrar o Brasil que eu queria que eles conhecessem. Queria que eles conhecessem a entranha do país e do nosso povo. Fui àquela vila muito pobre, a Irmã Dulce, e vi muita gente perplexa ao ver como viviam aquelas mães. Depois levei eles [ministros] para saber o que era uma palafita, morar em cima de trapiche, em um quarto menor de dois por dois. Queria que eles vissem que tinha muita gente letrada no meu governo, que eles sentissem na alma o que era esse país. Depois fomos para Itinga, no Vale do Jequitinhonha e lá tinha um balseiro, com uma tora empurrando a balsa, tinha um calombo de tanto empurrar a vara. E lá estava o presidente da Vale do Rio Doce e da Usiminas, todos emocionados. E eu disse, aproveitem a emoção de vocês e façam uma ponte para esse povo”.

Lula afirma que passou por momentos em que acreditou que não conseguiria ser presidente do país e lembrou da época que foi condenado a prisão por conta de um discurso. “Conto essa história porque nunca imaginei que pudesse chegar à presidência. Houve o tempo em que achei que a elite não ia deixar. Lembro da vez em que mataram o companheiro Wilson de Sousa, cheguei na cidade, com o clima nervoso, e no meu discurso disse que estava na hora da onça beber água. Falei isso e fui embora, quando cheguei tinha um processo contra mim, pois alguém entendeu que aquilo que eu disse era uma senha, já que depois do meu discurso o suspeito de matar o sindicalista foi morto. E fui julgado e condenado a 3 anos e meio de prisão. O juiz que deu a sentença disse que eu tinha de ser condenado não porque andava com arma, pois a arma mais felina que eu tinha era a língua. Por sorte fui absolvido depois pelo tribunal superior. E isso me fazia pensar mais ainda que não podia chegar à presidência”, relata.

“Sempre quis provar que o pobre não era problema do país, mas sim aqueles que não queriam repartir recursos com o povo pobre. Era normal um piauiense ir para São Paulo só para trabalhar e o Piauí aparecer nas listas como o estado com mais gente pobre e mais mortalidade. Queria provar que isso nós íamos acabar. E o milagre foi acreditar no pobre. Não fizemos tudo e ainda falta muito para fazer. Se eu voltar, quanta coisa ainda vai ter para fazer. É por isso que viajo o mundo para dizer que os pobres foram a solução, foi um cara sem diploma que passou para história, como cidadão que recebeu mais título de doutor honoris causa. Eu já me sentia piauiense, mas o Piauí tem uma dívida comigo, nunca me deram um dia de descanso no Delta do Parnaíba. No dia que eu tentei aproveitar, entrei na água 6 horas da manhã e ainda me pegaram. Mas é assim, político não espera agradecimento. Mas não espere agradecimento, trabalhe, pois o maior agradecimento é dormir com a cabeça tranquila. Hoje me tornei um super-brasileiro ao receber esse título e posso dizer com orgulho, que hoje é um novo marco de toda essa trajetória”, completou o ex-presidente.

REPÓRTERES: Bruna Veloso e Ana Paula Soares
COLABORAÇÃO: Camila Vieira, Getúlio Rodrigues, Isabel Ribeiro e Maycon Carlos

Fonte: None

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