PT, PRB e PMDB articulam -

Deputados querem instalar CPI e chamar Aécio para explicar aeroporto

Deputados estaduais de oposição ao governo de Minas Gerais vão à Procuradoria de Justiça para cobrar investigações sobre a reforma de um aeroporto, com recursos públicos, em um terreno da família do senador e candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB), obra realizada enquanto o político era governador do Estado. Eles não descartam convocar o senador para depor em uma CPI caso consigam assinaturas para criar a comissão.

Parlamentares do bloco "Minas Sem Censura", composto por PT, PRB e PMDB, devem se reunir com o promotor Eduardo Nepomuceno na tarde desta terça-feira (22).

O bloco tenta emplacar uma CPI para investigar o uso de R$ 13,9 milhões de recursos do Estado para a obra na propriedade do senador. Conforme revelado pelo jornal Folha de São Paulo, um tio-avô de Aécio teve uma área da fazenda desapropriada e recorreu do pagamento de R$ 1 milhão de indenização.

A liderança do bloco enviou um ofício ao Tribunal de Contas do Estado pedindo informações sobre auditorias e pareceres envolvendo o ProAero, programa de construção de aeroportos no interior de Minas que investiu R$ 333 milhões em 29 cidades.

O deputado Rogério Correia (PT) quer conseguir 26 assinaturas entre os 77 deputados estaduais para criar a comissão parlamentar de inquérito.

"Em Minas tivemos menos CPIs durante o governo Aécio do que na ditadura, a base sempre barrou qualquer investigação. Ele foi um dos maiores entusiastas da CPI da Petrobras, dizendo que quem não assinasse não queria apuração porque tinha "rabo preso". Se a palavra do Aécio realmente valer, agora ele vai querer que tudo seja esclarecido.

Vice-líder do bloco, Gilberto Abramo (PRB) afirma que a coleta deve ocorrer mesmo durante o recesso parlamentar. "Precisamos averiguar a veracidade das denúncias. Precisamos montar a CPI para ver, de fato, se houve má-fé por parte do governo Aécio por utilizar dinheiro público naquilo que não é lícito. A CPI vai querer ouvi-lo".

Candidato à Presidência da República, Aécio Neves se esquivou da polêmica nesta segunda-feira (21), em visita ao Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Grande BH. O senador afirmou que é uma "ótima oportunidade" falar sobre as investigações e voltou a negar que as obras tenham ocorrido em terreno de familiares — a fazenda do tio-avô Múcio Guimarães Tolentino foi desapropriada para a obra. "Como alguém em sã consciência é capaz de achar ser possível um governo ou qualquer órgão público realizar um investimento público, numa área privada, um investimento público a partir de processo licitatório.

O deputado Rogério Correia contesta a desapropriação. "A fazenda foi desapropriada do próprio tio, olha o absurdo. Fizeram a obra antes de pagar a indenização. Está claro que é um terreno privado e usado por Aécio para ir à fazenda dele".

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou ontem que vai investigar pousos e decolagens na área, porque o aeroporto é considerado irregular por falta de homologação. Segundo a agência, o governo de Minas ainda não enviou a documentação completa.

O senador Aécio Neves usaria a pista para chegar à fazenda da família. O chefe de gabinete da prefeitura de Cláudio informou à Folha de São Paulo que Múcio Tolentino "é quem tem a chave" do aeroporto.

Em nota, o governo de Minas apontou que a área foi desapropriada em 2008, e que as licitações para a reforma do aeroporto ocorreram depois do processo. Segundo o governo, o que está em recurso na Justiça é a indenização ao proprietário, não a posse do terreno.

Fonte: Com informações do R7

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