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Gilmar Mendes diz que é preciso impor limites a prisões preventivas da Lava Jato

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes criticou na última segunda-feira (24/10), em São Paulo, o que chamou de “excessos” na Lava Jato e disse que é preciso estabelecer limites para as prisões preventivas que ocorrem na operação.

“Há [excessos na Lava Jato], tanto é que houve concessão de habeas corpus. Para mim, por exemplo, no que diz respeito à prisão provisória sem limites, isso me parece excessivo e precisa ser discutido no TRF [Tribunal Regional Federal], no STJ [Superior Tribunal de Justiça] e no Supremo”, disse Gilmar Mendes a jornalistas antes de participar do 3º Colóquio sobre o Supremo Tribunal Federal promovido pela Associação dos Advogados de São Paulo, no centro da capital paulista.

Perguntado se a Lava Jato não estaria promovendo um estado de exceção no país, como argumentam alguns juízes, Mendes respondeu que vê exageros nos desdobramentos da operação.

“Acho que há exagero, mas é necessário que a Justiça acompanhe isso de forma bastante tranquila e faça as correções devidas. Nós, no Supremo, já concedemos habeas corpus. Eu entendo que já deveríamos ter concedido mais. Acho que deveríamos ter colocado limites nessas prisões preventivas que não terminam. Precisamos realmente mostrar que há limites para determinados modelos que estão se desenhando.”

Lava Jato e Operação Métis
Gilmar Mendes disse que as ações da Lava Jato no Supremo deverão ser julgadas até o ano que vem. A demora, segundo ele, é normal. “Já tivemos muitas denúncias recebidas. Esse processo prossegue e certamente, no ano que vem, já teremos decisões do Supremo, ou condenações ou absolvições.”

Sobre a Operação Métis, deflagrada na última semana pela Polícia Federal contra agentes da Polícia Legislativa, Gilmar Mendes disse concordar com a posição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de que os agentes federais tinham que ter autorização do STF para agir. “Tendo a concordar com ele porque medidas em relação ao Senado devem ser autorizadas pelo Supremo. Não tenho segurança quanto a todos os elementos que envolvem esta operação, mas me causa realmente espécie que tenha havido obstrução de investigação em matéria que deveria ter sido determinada pelo Supremo. A mim me parece que pode ter havido excessos aqui”, disse.

Abuso de autoridade
Mendes também comentou as declarações de integrantes do Poder Judiciário sobre alterações na Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898/1965), que tramita no Congresso, e criticou os que são contrários à mudança da norma. “Não entendo porque se combate uma lei de abuso de autoridade. Não consigo compreender. É muito alta para mim essa ideia de combater uma lei de abuso de autoridade.

Porque se pode dizer que o projeto não é adequado, vamos modificar, mas o que se quer é não enfrentar uma questão que existe tão acima de qualquer questionamento, de seus atos, dos atos do juiz Moro, os atos dos demais juízes, os atos dos promotores, os atos dos delegados”, disse. Na semana, o juiz federal Sérgio Moro disse que a proposta é um “atentado à independência da magistratura”.

Fonte: Com informações do Notícias ao Minuto

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