Ela foi buscar seus direitos -

'Fui negada a vestir uma roupa por ser negra', diz Monalysa, Miss Piauí

Por Apoliana Oliveira
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- "Fui negada a vestir uma roupa por ser negra"

- "As vezes as pessoas nem percebem que são pequenas coisas, palavrinhas, que podem ferir a outra"

- "Nada de 'deixa pra lá', a justiça está aí pra isso"

- "Começou assim, dentro da escola. Disse, 'vou soltar o meu cabelo'"
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A Miss Piauí Be Emotion 2017, Monalysa Alcântara, já começa a se preparar para a viagem à São Paulo, onde irá disputar com candidatas de todo país o título de Miss Brasil 2017. Ela esteve nesta quarta-feira (19/07) no estúdio do 180graus falando sobre o título, os desafios que vai encarar no concurso nacional, e sobre o desejo de representar bem a mulher negra piauiense.

Desde o início da semana ela cumpre uma apertada agenda de entrevistas e reuniões com o time de apoio montado pela Band Piauí, o que não deve durar muito, já que precisa retomar a rotina na academia, reforçar as aulas de oratória e maquiagem, montar a mala, ter um intensivo com a nutricionista. Afinal, o Miss Brasil acontece em um mês.

"VOU SOLTAR O MEU CABELO"
Mona, como é chamada pelos amigos, já inspirava desde cedo. Ainda no colégio ela decidiu não mais alisar e nem deixar o cabelo preso. Afinal, ser igual a todo mundo nunca foi o seu forte. "Começou assim, dentro da escola. Disse, 'vou soltar o meu cabelo', deixar ele", conta. E foi depois de entrar no mundo da moda que a jovem cresceu, e moldou sua personalidade. O trabalho e a convivência com outros profissionais lhe deram esta experiência, pois mesmo quebrando paradigmas em seu circulo de amizades, ela ainda tinha receio de encarar o mundo de frente com seu posicionamento.

Foi quando começou a aparecer em anúncios na TV, em portais de notícia, em jornais, falando sobre seu padrão diferente em Teresina, que percebeu seu poder de influenciar o mundo ao seu redor. "Achei que só eu passava por isso. Comecei a imaginar, já que eu sempre quis ser diferente, que sempre ouvi que faça o que for, faça algo para mudar a vida de alguém. Já que eu gostava do mundo da moda, entendi que poderia transmitir força e empoderamento, levar autoestima para crianças e adolescentes", diz Monalysa.
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- Conheça as 27 candidatas que estão na disputa pela coroa de Miss Brasil

- Vídeo e fotos: momentos marcantes de Monalysa, nossa Miss Piauí 2017
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PRECONCEITO E LUTA POR DIREITOS
Apesar de ter sido sempre muito bem recebida no mundo da moda, ele às vezes foi injusto com a estudante. "Passei por uma situação que nunca acreditava que ia passar, no meu mundo, no lugar que eu trabalho, que mais amo. Foi um ato de preconceito, injúria racial, no qual fui negada a vestir uma roupa por ser negra. A pessoa em questão acreditava que a minha cor não ia valorizar as peças dela. E foi um susto. Claro que foi um susto", relata a Miss Piauí.

Mas Monalysa fez o que toda vítima de preconceito precisa e deve fazer, procurou os seus direitos. "Gosto de transmitir isso, mas para dizer que você não pode deixar isso passar. Infelizmente isso é muito normal, acontece. O que não pode é a gente se calar. Espero que ela pague por isso. As vezes as pessoas nem percebem que são pequenas coisas, palavrinhas, que podem ferir a outra".

Aos 12 anos foi também vítima de preconceito, quando em uma loja foi impedida de ter acesso a um produto por ser negra. Apesar dos "mil motivos", Monalysa reforça que sempre sabe "o porquê", "quem é negro sabe". E defende que não há como ignorar a busca por justiça. "Nada de 'deixa pra lá', a justiça está aí pra isso".
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- Em breve o blog traz mais trechos da entrevista com Monalysa Alcântara

Fonte: None

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