Maçonaria -

APMM REVISTA ELETRÔNICA 2

APMM REVISTA ELETRÔNICA

Academia Piauiense de Mestres Maçons - Teresina (PI)
Informativo Maçônico, Filosófico, Histórico e Cultu8ral.  
ANO I – Nº 2     -      EDIÇÃO de 15.08.2023
Editor - Narciso Monte
EDITORIAL
MAÇONARIA, UMA UTOPIA NECESSÁRIA
(Significado e Conceito de Utopia).
Utopia é a ideia de uma civilização ideal, fantástica, imaginária. É um sistema ou plano que parece irrealizável, é uma fantasia, um devaneio, uma ilusão, um sonho.
No sentido geral, o termo é usado para denominar construções imaginárias de sociedades perfeitas, conforme os princípios filosóficos de seus idealizadores.
No sentido mais limitado, significa toda doutrina que aspira a uma transformação da ordem social existente, segundo os interesses de determinados grupos ou classes sociais.
 A palavra Utopia vem do grego e significa, literalmente, lugar nenhum.
O termo foi criado pelo filósofo inglês Thomas More (1478-1535), no seu clássico livro “Utopia” de 1516, para descrever um lugar que ele julgava ser o ideal conforme seu conjunto particular de crenças.
O termo expressa que esta sociedade é inatingível, impossível de realizar em qualquer outro lugar que não na imaginação.
Maçonaria: definição institucional:
“Uma Instituição que tem por objetivo tornar feliz a humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade, pelo respeito a autoridade e a crença de cada um”.
Enunciado perfeito para uma sociedade ideal.
Todavia, as diversidades mundiais ora vivenciadas, como as desigualdades sociais, os preconceitos, a intolerância, o racismo, as guerras e tantos outros confrontos entre os povos, toram esse objetivo inatingível, por isso dizer-se que a Maçonaria é uma utopia clássica.
PARA QUE SERVE, ENTÃO, A UTOPIA?
Segundo o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Hughes Galeano (1940-2015),
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve então, a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
Segundo os analistas sociais, A utopia é de vital importância na vida do ser humano por garantir ao mesmo a visão de um futuro pleno. Tal fato gera esperança e podemos afirmar, com certeza, que a esperança alimenta sonhos e estes sonhos criam projetos. Esse ciclo é importante, pois promove a realização de muitos empreendimentos que contribuem para uma sociedade melhor, de modo que quanto mais as pessoas acreditarem num futuro ideal, elas vão se empenhar para fazer parte do processo, e, mesmo que diretamente ou indiretamente, irão contribuir para sua construção.
Nós, os humanos, sempre estamos motivados a buscar o bem-estar.
Na utopia encontramos pelo menos 4 características básicas que nos permitem fazer uma avaliação de seu objetivo.  Funções de crítica, de avaliação, de esperança e de orientação.
Daí afirmarmos que a Maçonaria é uma utopia necessária, embora de difícil realização.
SOCIAIS
Confrades que aniversariam em agosto.
Dias:
06 – José de Jesus Martins Bringel
09 – João Leal Sobrinho
12 – José David de Brito
14 – Francisco de Almeida
15 – Luís Raimundo Ibiapina
20 – Francisco Mendes da Silva
21 – João Pequeno Barbosa Filho
22 – Alberto Barros Monteiro
27 – José Benício de Sousa
30 – Rodolfo de Sousa Profeta
ARTE E CULTURA
Literatura de Cordel
"TUDO NA VIDA DEPENDE
DE COMO SE COMPREENDE"
Conta-se que certo pai
Muito rico e imponente,
Querendo incutir no filho
Sua constante patente,
Levou-o pra passear
Em um singelo lugar,
Sobremaneira carente.
II
Seu desejo era mostrar
Para o filho tão querido
Um ambiente bem pobre
Sem nada de divertido,
Para que o filho entendesse
E logo, quando crescesse,
Evitasse ser falido.
III
Queria mostrar o filho
O imensurável valor
Da posição social,
Superior ao amor;
Da importância dos bens
Do prestígio e os vinténs
Que geram todo esplendor.
IV
E, desta forma, ficaram,
Em um dia, por completo,
Na casa de um agregado
Num ambiente discreto,
Com evidente humildade
E muita simplicidade;
No entanto, de amor repleto.
V
Retornando do passeio,
Logo o pai interrogou:
Filho, como foi a viagem?
Então, o filho exclamou:
É Papai, foi excelente
E o pai pensativamente,
Imediato indagou:
VI
Você viu a diferença
Entre viver na riqueza,
Onde se dispõe de tudo...
E na tremenda pobreza,
Uma carga de fracasso
Com um montão de bagaço,
Não existindo beleza?
VII
O que você aprendeu
Com tudo aquilo que viu?
Naquele lugar tão pobre,
Que lição adquiriu?
Por certo, bem estranhou
E tudo lá rejeitou
E nada dali curtiu.
VIII
Após um breve silêncio,
Organizando a resposta,
O filho se manifesta
Com sapiência composta,
Bem relatando a viagem
Com detalhada abordagem,
Com opinião oposta.
IX
Então, respondeu o filho:
Só dispomos de um cachorro,
Enquanto eles detêm quatro
Para prestarem socorro;
Se temos uma piscina;
Eles, um rio sem cortina
Que transpõe até um morro.
X
Só temos uma varanda
Com lâmpada florescente,
Eles, estrelas e a lua
Tendo noite incandescente,
Nossa área é reduzida
Eles têm mata florida,
Com um limite abrangente.
XI
Apenas alguns canários
Temos em nossas gaiolas,
Eles tantas aves soltas
Não seguras por argolas,
Cantando na natureza
Com melodia e beleza
Com diversas cantarolas.
XII
E continuando, o filho:
Também prestei atenção
Que eles em ato solene,
Fazem juntos oração,
Ao onipotente Deus
Pleiteando pelos seus,
Na hora da refeição.
XIII
Mas nós, sentamos à mesa
E tratamos de negócio:
Dólar, evento social...
E diversos tipos de ócio,
Após soltamos o prato
Concluindo um bendito ato,
Sem praticar sacerdócio.
XIV
E no quarto onde dormi
Passei enorme vexame,
Pois não sabia rezar
Mas Zé, seguindo um declame,
Deu graças a Deus por tudo
Mesmo sem qualquer estudo,
E nunca ter feito exame.
XV
Até a nossa visita
Zé lembrou de agradecer,
Lá em casa não tem isso
Todos vão adormecer,
Após a televisão
Ou alguma animação,
Sem mais nada acontecer.
XVI
Outro importante detalhe:
Dormi na rede do Zé
E ele foi dormir no chão,
Sem dar nenhum pontapé;
Só havia uma rede,
Bem do lado da parede,
Não era nenhum chalé.
XVII
Já na nossa residência
A desvalida empregada
Dorme no quarto de entulho
De natureza abafada,
E temos quarto sobrando
Com cama muito cheirando,
Nunca sendo utilizada
XVIII
Era o garoto falando
E o pai ficando sem graça,
Tendo bastante vergonha,
Cada vez mais se embaraça,
O filho ainda o abraçou
E logo mencionou
Dando a última mordaça:
XIX
Papai, sou-lhe agradecido
Por me haver bem mostrado
Neste pequeno passeio
Que me deixou encantado,
O tanto que somos pobres
Muito distantes de nobres,
E não havia notado.
XX
Desta forma percebemos
Que não é onde se mora,
Tão menos o que se faz
Ou os bens que nos ancora;
Pra se ter felicidade
Com toda dignidade,
Depende do que se adora.
XXI
Carlos Drummond já falou,
Com bastante segurança,
Que ser feliz sem motivo
É a verdadeira pujança,
Pois quando a causa se vai,
Tudo de bom se retrai,
Só nos restando a lembrança.
XXII
Gozar de felicidade
É questão interior,
Depende de como se olha,
Do que se dedica amor,
Deter ação positiva
Sem ambição aflitiva,
É um trilho promissor.
 Autor: Confrade Francisco de Almeida
Cadeira nº 86
Soneto do gênero lírico narrativa
PIAUÍ 

"TERRA ADORADA"

Terra adorada este meu Piauí!
Ô terra boa de viver,  morar!...
Quem por ventura a experimentar,
enfeitiçado, não quer mais sair.
II
De norte a sul, onde você pensar,
quem bebeu d’água ou se atreveu dormir,
provou do bode, do arroz com pequi,
não vi, ainda, quem não quis ficar.
III
Simples, ordeira, a sua gente acolhe
todos que chegam por acaso, ou não...
Quem a visita – e por amor – lhe escolhe,
IV
logo de cara, ela lhe estende a mão,
pois, acredita que, quem planta, colhe
e, mais ainda, se no coração.

Autor: Confrade David Ferreira

Cadeira nº 35

HISTÓRIA

Maçonaria Regular e Maçonaria Liberal, um paradoxo brasileiro

Ensaio em 3 Capítulos, por Paulo M.

2º Capítulo

Para a Maçonaria Regular - de origem Britânica, recorde-se - "a Maçonaria" não é o conjunto dos Maçons, mas o nome daquilo que eles fazem, do mesmo modo que "a Medicina" é o nome daquilo que os médicos fazem, e não o nome que se dá ao conjunto dos médicos. Da esfera da Maçonaria Regular faz parte o princípio de que a Maçonaria não deve intervir na sociedade enquanto tal, mas apenas através de cada maçon. Cada um destes pode - deve! - promover a melhoria da sociedade através do seu próprio exemplo, da sua atuação e da sua influência, seja isoladamente seja em ações conjuntas dos elementos da mesma Loja ou, mesmo, da mesma Obediência (ou seja: da mesma Grande Loja ou Grande Oriente). Assim, não se pode dizer que a Maçonaria Regular tenha um "corpo" atuante, pois cada mão, cada dedo, cada cabelo, age por si mesmo, sem que haja concertação daquilo que se faz.

Entendimento diverso tem, normalmente, quem pratica a Maçonaria Liberal - de origem Francesa - por entender ser a Maçonaria o conjunto dos Maçons, ativamente empenhados, enquanto parceiro social, na promoção dos ideais maçónicos de uma sociedade mais livre, mais igualitária e mais fraterna. A Maçonaria é, aos seus olhos, o conjunto daqueles que defendem uma mesma visão do mundo, e que se congregam enquanto grupo organizado no sentido de a tornar realidade. Deste modo, atua de forma mais ou menos concertada, mas sempre com a consciência de que fazem parte de um todo, de um corpo, com um propósito comum para o qual cada um contribui na medida da sua possibilidade.

Em Portugal, a obediência internacionalmente reconhecida no seio da Maçonaria Regular é a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, de que a Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues faz parte. A maior das obediências portuguesas internacionalmente reconhecidas no seio da Maçonaria Liberal é o Grande Oriente Lusitano (GOL). Uma e outra praticam Maçonaria - mas fazem-no de forma substancialmente diferente, decorrendo esta diferença, nomeadamente, do distinto entendimento que têm da ação da Maçonaria na sociedade. Não será alheia a esta diferença de postura perante a sociedade a profusão de referências nos media ao GOL, enquanto que a GLLP/GLRP tem uma exposição mediática muito mais reduzida. A avaliação do quanto de benéfico ou de nefasto para cada uma das Obediências e para a Maçonaria advém destas distintas posturas é algo que vos deixo como exercício de especulação individual.

E a partir de agora, quando ouvirem dizer ou lerem que "a Maçonaria" fez isto ou aquilo, averiguem a quem se refere a notícia: a que maçons, a que loja, a que obediência - isto, se não for "boato". Vão ver que, se o fizerem, muitas das perguntas que aqui têm surgido ficarão rapidamente respondidas - ou saberão, pelo menos, a quem dirigi-las.

Fonte: Blog a Partir Pedra, Portugal.

NOTA DA REDAÇÃO (N.R.) - São eminentemente notórios os grandes feitos da Maçonaria, praticados no passado e apregoados pelos maçons, principalmente no Brasil e na América Latina, constituem frutos próprios da Maçonaria Liberal, originária da França, evidentemente com discussões no âmbito das sessões das Lojas, em contrassenso à doutrina inglesa. 

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