Problemas em gestão colocam escolas públicas entre as piores do Enem

O Piauí tem motivos para festejar e para lastimar o resultado do Enem 2010, divulgado ontem. O motivo da comemoração é que o Estado tem 5 escolas entre as melhores do Brasil. Todas são da rede particular. O motivo do lamento é que o Estado tem, também, 4 escolas entre as piores do país. Todas são da rede pública.

Dos 27 estados, 14 têm escolas representadas na lista das 100 com melhor desempenho nas provas e que tiveram maior participação dos alunos no exame. Outros 13 estados ficaram de fora desta "elite".

Das 10 melhores escolas públicas do Piauí, as três primeiras colocadas no Enem são federais - IFPI (ex-Cefet), Colégio Agrícola de Bom Jesus e Colégio Agrícola de Floriano.

Das escolas públicas estaduais, a melhor colocada foi Unidade Escolar Augustinho Brandão, do município de Cocal dos Alves. É aquela na qual o professor Amaral trabalha. Todos os seus alunos que se inscreveram no vestibular foram aprovados. Além disso, a escola foi campeã da Olimpíada Nacional de Matemática das Escolas Públicas.

A melhor escola pública do Piauí, na lista das 100 melhores do Brasil, aparece em 24º lugar. É o IFPI, que sempre foi uma referência no ensino médio.

De acordo com o Mec, somente 13 escolas públicas aparecem na lista das 100 melhores instituições de ensino o Exame Nacional do Ensino Médio. Isso mostra que existe um abismo muito grande entre o ensino público e o privado. No Brasil, 63% das escolas estão abaixo da média. Dessas, 99% são da rede pública. As do Piauí, do Maranhão e do Tocantins encabeçam a lista das piores.

Por que a escola pública não melhora? Uma das principais causas está na gestão, sem dúvida. As escolas são mal cuidadas, sofrem com a falta de equipamentos e enfrentam greves com frequencia. Os laboratórios de informática raramente funcionam. As bibliotecas são desatualizadas e pouco frequentadas. Os professores, mal remunerados e pouco exigidos, são, em grande parte, desmotivados e descompromissados. As famílias são ausentes.

O resultado não poderia ser outro: é esse mesmo que está sendo mostrado pelo Enem.