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Batman é um plágio? Entenda a antiga polêmica da DC Comics

Nem todo mundo sabe, mas o Batman, hoje um dos maiores ícones dos quadrinhos e da cultura pop, começou como um plágio nada discreto de O Sombra -- o mascarado dos programas de rádio e das revistas pulp foi criado em 1930 por Maxwell Grant, pseudônimo de Walter Brown Gibson. As informações são deIGNBrasil.

"Batman plagiou O Sombra. Essa afirmação não tem nada de controversa: os dois Bat-cocriadores [Bob Kane e Bill Finger] a reconheceram em entrevistas", conta Glen Weldon no livro A Cruzada Mascarada: Batman e o Nascimento da Cultura Nerd, publicado no Brasil pela editora Pixel.

O Caso da Sociedade Química, história da Detective Comics #27 de 1939 que ficou conhecida como a primeira aparição do Batman, "muito imita o conto Partners of Peril de O Sombra, publicado em novembro de 1936", relembra Weldon. Ambas as histórias apresentam figurões de indústrias químicas morrendo misteriosamente.

Segundo o o autor, "ao parecer estético contemporâneo, tal cópia renderia um processo com vitória ululantemente garantida." Vale lembrar que na época do surgimento do Batman (que inicialmente atendia por Bat-Man), outros "imitadores" nasceram: Vingador Escarlate, Besouro Verde e Detetive Fantasma são apenas alguns exemplos.

O Batman surgiu na National Comics (futura DC Comics) como resposta ao sucesso do Superman, estreante no ano anterior na Action Comics #1 -- um dos quadrinhos mais valiosos do mundo até hoje.

"Finger precisava de uma história que vendesse o personagem. Então, ele surrupiou a que encontrou: Partners of Peril, conto de O Sombra escrito em 1936 por Theodore Tinsley, enxugando aqui e ali para caber nas seis páginas disponíveis, e para dar espaço a um herói ainda mais extravagante", escreve Weldon.

Existem outras referências que ajudaram ao Homem-Morcego tomar forma, como o Zorro e o filme O Sussurro do Morcego (1930). Até o discurso de quando Bruce decide entrar para a vida de combatente do crime não foi exatamente original.

A detective Comics #33 veio para finalmente dar uma origem ao vigilante e responder o porquê alguém decidiria se vestir de morcego para lutar contra bandidos. A morte de Thomas e Martha Wayne, que todos já estão cansados de revisitar (tanto quanto a de Tio Ben na Marvel) foi o gatilho para que o milionário-mirim colocasse uma única meta em mente: vingança.

Como resposta a alguém que buscava por um símbolo para provocar medo e para ser "uma criatura da noite, sombria, horrenda...", um morcego entra pela janela aberta, como se o destino tomasse uma decisão.

"Nada no personagem era novo", narra Weldon. "Ele era uma combinação de clichês de fontes variadas: até sua origem era carregada de plágios. Kane tirou muitos dos quadros da origem do livro infantil Junior G-Men, ilustrado por Henry Vallely. A imagem de encerramento da história foi desenhada pro cima de um Tarzan de Hal Foster."

Até o morcego que entra repentinamente pela janela foi "tirado de cabo a rabo de uma edição de 1934 da Popular Detective", diz Weldon. Não obstante, anos antes, o Fantasma, primeiro herói mascarado dos quadrinhos, proferiu um juramento bastante parecido com o de Bruce.

"Juro dedicar minha vida à aniquilação da pirataria, da cobiça e da crueldade em todas as suas formas", prometeu a cria de Lee Falk, perante o crânio do assassino de seu pai. Compare: "E juro, pelos espíritos dos meus pais, vingar suas mortes, dedicando o resto da minha vida à guerra contra todos os criminosos".

Aos poucos, o Batman saiu da sombra de O Sombra. As histórias ficaram mais leves, com mais piadas e toques investigativos de Sherlock Holmes. E, como bem sabemos, o excêntrico detetive de Sir Arthur Conan Doyle possui dois elementos essenciais: um arqui-inimigo à altura e um fiel ajudante. Foi quando nasceu o Robin. Mas isso é história para outro dia.

Curiosamente, o Batman e O Sombra já se cruzaram nos quadrinhos na década de 1970, em Batman #253 (1973) e Batman #259 (1974). Mais recentemente, eles se encontraram na minissérie de seis partes Batman/The Shadow, publicada em 2017. Sem ressentimentos, pelo visto.

Apesar do começo cheio de "homenagens" a outras obras, é inegável a importância cultural do Batman nos dias de hoje; afinal, ao contrário de muitos, ele sobreviveu ao passar dos anos e, além dos quadrinhos, continuou relevante em mídias como cinema, TV e videogames.

O herói da DC Comics, inclusive, ganhará uma nova versão nos cinemas em 2021, que será estrelada por Robert Pattinson.

 

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