Covid-19 expôs a vulnerabilidade -

Especialistas defendem fortalecimento da produção nacional de vacinas em audiência no Senado

A necessidade de ampliar a produção nacional de vacinas no Brasil, com investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, foi debatida nesta quarta-feira (26/03) em audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado. Especialistas ressaltaram que a pandemia de Covid-19 expôs a vulnerabilidade do país devido à dependência de insumos importados.

O debate, realizado a pedido do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), abordou o Projeto de Lei 4.467/2021, de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que destina recursos para programas e pesquisas em imunobiológicos, visando garantir autonomia nacional na produção de vacinas.

Foto: Saulo Cruz/ Agência SenadoBrasil precisa avançar na produção de vacinas, aponta audiência pública

Financiamento e inovação

Durante a audiência, cientistas destacaram a importância de um financiamento contínuo para pesquisas. Ricardo Tostes Gazzinelli, coordenador do Centro Nacional de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alertou que muitos estudos ainda dependem de verbas emergenciais obtidas durante a pandemia.

Já o professor da USP Jorge Kalil ressaltou que a interrupção no financiamento compromete o avanço científico:

— Diferente de uma obra de construção, onde se pode retomar de onde parou, na ciência, se você interrompe a pesquisa, muitas vezes tem que recomeçar do zero — afirmou.

A professora Daniela Ferreira, da Universidade de Oxford, destacou que o Brasil tem vantagens estratégicas para a pesquisa em vacinas, como a diversidade genética da população, ideal para ensaios clínicos de fase 3.

Autossuficiência e novas pandemias

O senador Alessandro Vieira defendeu que o país invista na produção própria de imunizantes para evitar a escassez em futuras crises sanitárias:

— No auge da pandemia, vimos países produtores priorizar suas próprias populações. O Brasil não pode mais correr esse risco — alertou.

O diretor de parcerias estratégicas do Instituto Butantan, Tiago Rocca, reforçou que uma nova pandemia é apenas questão de tempo e que investimentos consistentes são necessários para garantir vacinas eficazes contra novas ameaças, como a gripe Influenza.

A senadora Dra. Eudócia (PL-AL) destacou os avanços em novas tecnologias, como vacinas de RNA mensageiro, que já estão sendo estudadas para doenças como malária, leishmaniose visceral e até câncer no Brasil.

O senador Izalci Lucas (PL-DF) criticou a falta de previsões orçamentárias para a ciência:

— Pesquisa não se faz com discurso, se faz com recurso. Muitos avanços científicos esbarram na falta de financiamento — disse.

Fonte: Agência Senado

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