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Entenda os riscos de uma gravidez de gêmeos, como a da mulher de Cristiano Ronaldo

O jogador de futebol Cristiano Ronaldo compartilhou, na segunda-feira (18/04), a notícia da morte de um dos gêmeos que sua mulher Georgina Rodríguez estava grávida. Segundo a nota compartilhada nas redes socias, apenas um dos bebês, no caso a menina, sobreviveu ao parto. As informações são do R7.

De acordo com a rede de TV portuguesa SIC, o menino morreu durante o nascimento, mas a causa da morte não foi revelada pelo jogador, que pediu privacidade para o momento.

Em um cenário geral, toda gravidez de gêmeos é considerada de alto risco, conforme explica Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio Libanês e do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

“Na gravidez de gêmeos, o crescimento uterino é muito mais rápido do que em uma gravidez de um bebê só, então isso muitas vezes acarreta em trabalho de parto prematuro, aumentando o risco de os bebês nascerem antes da hora, e complicações relacionadas à própria gravidez, que exige um esforço muito maior do corpo da mulher”, afirma o especialista.

Segundo Pupo, há uma série de fatores que podem levar os bebês ao risco de óbito durante o nascimento, sobretudo se o parto ocorrer por meio vaginal. Um deles é quando os fetos dividem a mesma placenta, o que, geralmente, exige que o nascimento seja por meio de uma cesárea.

“Quando o primeiro bebê nasce, inicia o processo de descolamento da placenta e aí o segundo bebê pode ter um cordão fecal muito curto e, eventualmente, a placenta pode se soltar antes dele nascer”, explica o médico. Além disso, compartilhar a mesma bolsa de água também pode ser um fator de risco para o parto natural.

Outro determinante é a posição dos bebês na hora do nascimento, principalmente quando o primeiro está sentado e o outro não. “Nesses casos, durante a contração a cabeça do que está para baixo bate na cabeça do que está sentado e isso pode levar a lesões graves. Ainda tem a questão de quando a diferença de peso entre os dois é muito grande”, explica o médico.

De acordo com o obstetra, é mais comum, em situações de nascimento por meio vaginal, que o segundo bebê sofra mais com as complicações do parto do que o primeiro.

“Quando o primeiro bebê já nasceu e o segundo ainda está dentro do útero, pode ocorrer uma situação em que há uma limitação nutricional, de oxigênio, o que pode acarretar em sofrimento para esse segundo feto, com a possibilidade de ele vir a falecer. Não sei qual foi a situação no caso do filho do Cristiano Ronaldo, mas normalmente é o segundo que sofre mais as com essas dificuldades”, destaca o médico.

Além disso, em situações menos comuns, pode ocorrer de um dos fetos se desenvolver mais do que o outro, no que é chamado de síndrome transfusor transfundido, favorecendo um cenário de parto prematuro e mais complicações durante o nascimento.

Nesses casos, o que pode acontecer é de os fetos dividirem a mesma placenta ou de ter uma imbricação, com uma comunicação entre elas, favorecendo o crescimento de um dos bebês em relação ao outro, que recebe menos nutrientes e um volume menor de oxigênio.

“O feto que está pequeno, por conta da restrição, acaba amadurecendo mais rápido do que o que está grande. Só que é o feto pequeno que vai indicar o momento do nascimento, porque se não fizer o parto ele pode ir a óbito, então nesse cenário ocorre um parto prematuro. É uma situação inusitada, porque muitas vezes o feto que a mãe achava que ia ser mais difícil de sobreviver, porque é o mais magrinho, acaba indo melhor do que o mais gordinho, que estava super bem dentro do útero e não precisaria ter nascido [naquele momento]”, explica Pupo.

O especialista destaca, também, que normalmente as perdas na gravidez, seja de gêmeos ou não, ocorrem por doenças graves do feto ou da mãe que não foram bem acompanhadas durante o pré-natal, seja porque o médico não se atentou, ou porque a mãe não cumpriu regularmente as agendas de consulta ou não seguiu corretamente as orientações.

“Grávidas de gêmeos têm um risco maior para pré-eclâmpsia, para diabetes gestacional, para restrição no crescimento fetal intrauterino – pela diminuição no aporte de alimentos e energia –, para infecção urinária e também um risco maior para complicações após o parto. Porque como o útero cresce demais, tem mais atonia uterina, que leva a grandes sangramentos pós-parto e maior dificuldade do útero contrair”, ressalta Pupo.

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