Estimulação cerebral -

Declínio cognitivo é inevitável na velhice? Descubra como se proteger

Muitas pessoas veem o declínio cognitivo como uma consequência inevitável da velhice. No entanto, especialistas indicam que a perda de capacidade cognitiva não é uma parte obrigatória do envelhecimento. Recentemente, o caso de Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos, que decidiu não buscar a reeleição devido a questionamentos sobre sua capacidade mental, suscitou dúvidas sobre a conexão entre envelhecimento e declínio cognitivo. As informações são do Metrópoles.

É fundamental compreender que, embora exista uma correlação entre envelhecimento e declínio cognitivo, ela frequentemente é exagerada. Com o passar dos anos, especialmente após os 70, ocorre uma perda significativa no volume cerebral. Estudos indicam que, a partir dos 40 anos, o cérebro começa a perder plasticidade, o que reduz a capacidade de aprender coisas novas.

No entanto, segundo a neurologista Luciana Barbosa, professora de medicina na Universidade Católica de Brasília, avaliar o declínio cognitivo apenas pela redução do tamanho do cérebro ou da memória é uma visão limitada. “Estudos mostram que cerca de 80% dos indivíduos com mais de 70 anos relatam uma diminuição na memória. Apesar dessa queixa, isso é suficiente para afirmar que há um declínio cognitivo? Não necessariamente. Os 20% que não se queixam também são uma prova disso”, explica a médica.

Foto: ReproduçãoDeclínio cognitivo

O que é declínio cognitivo?

O declínio cognitivo não é diagnosticado apenas por uma perda de desempenho em testes de memória ou de perda de sinapses em exames de imagem. Ele depende do entendimento individual da pessoa ou daqueles que convivem com ela de que há mudanças na capacidade de raciocínio.

Na prática clínica, existem três grupos de pacientes com declínio cognitivo. O primeiro grupo é formado por pacientes que se queixam de alterações cognitivas, mas não percebem nenhum impacto em suas atividades do dia a dia e não costumam apresentar limitações em testes de memória.

“Mesmo estes casos mais leves não podem ser tratados com naturalidade. Eles precisam ser investigados, porque podem ser sinais de outros problemas. A pessoa pode estar com hipotireoidismo, com apneia do sono, com sintomas depressivos, transtornos de ansiedade – todos problemas que resultam nessa sensação de raciocínio lento”, afirma a neurologista.

No segundo nível, estão pessoas com um comprometimento cognitivo leve, em que se observa uma perda de desempenho nas avaliações clínicas. No entanto, a situação não traz prejuízos importantes nas funções sociais, familiares e pessoais. A pessoa pode passar a precisar de mais suporte, como anotações, agendas e outros recursos que a façam lembrar, mas ainda mantém independência completa.

O declínio cognitivo leve também pode ser motivado por fatores que vão além da idade, como alterações hormonais e deficiências de vitaminas. A especialista recomenda que, ao observar dificuldades para cumprir a rotina ou mudanças de comportamento, o ideal é passar por uma avaliação médica, evitando pensar que as alterações são “naturais da idade”.

No último grupo, estão os pacientes com um comprometimento cognitivo que afeta a independência e a funcionalidade, o que já é um indicativo de demência. “Quando a pessoa precisa de auxílio para realizar atividades bancárias, administrativas e/ou lembrar de suas medicações já não se trata apenas de declínio cognitivo, mas de o início de um processo de demência”, esclarece Luciana.

Como prevenir o declínio cognitivo

Segundo a neurologista Luciana Barbosa, o cérebro deve ser estimulado por toda a vida. “Ele é capaz de criar conexões em qualquer idade, não há limite para isso. À medida que envelhecemos, se torna um pouco mais difícil, mas ainda há a possibilidade de novas conexões”, afirma.

Ela recomenda que, independente da idade, as pessoas busquem aprender coisas novas, conhecer pessoas e lugares, e que se mantenham ativas socialmente. “Ações assim protegem o cérebro de quadros demenciais e nos possibilitam, idealmente, viver todos os dias de forma lúcida e consciente”, aponta,

Além disso, é preciso pensar na saúde física. De acordo com a especialista, manter hábitos saudáveis é a melhor forma de conservar o cérebro. “Realizar atividades físicas com regularidade e seguir uma dieta balanceada protegem o cérebro do declínio cognitivo”.

A médica também recomenda evitar ultraprocessados, carboidratos simples e alimentos com alto índice glicêmico porque eles aumentam a inflamação do corpo – quadro que, por pesquisas recentes, já foi relacionado a danos ao cérebro.

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