Veja detalhes do depoimento do PM que matou policial civil no litoral do Piauí
Valério de Sousa Caldas Neto, um policial militar, é o principal suspeito de ter matado o policial civil Alexsandro, da Polícia Civil do Piauí. O crime ocorreu no município de Parnaíba, situado no litoral do Piauí, em 12 de setembro. O escrivão Alexsandro, que estava lotado na delegacia da mulher, foi vítima de disparos fatais em uma calçada durante a madrugada.
Valério, o suspeito, se apresentou às autoridades algumas horas após o crime na central de flagrantes. Ele estava acompanhado por um oficial da Polícia Militar do Piauí e pelo delegado regional da Polícia Civil, portando a arma que foi subtraída de Alexsandro no momento do homicídio. O Cabo Valério é lotado no 24° batalhão da PM-PI.
Valério de Sousa Caldas Neto prestou depoimento às autoridades, detalhando sua versão dos acontecimentos. Ele afirmou que não conhecia a vítima e que confessou ter efetuado dois disparos contra ela. Segundo seu relato, ele havia chegado em casa entre 22h e 00h do dia 12 de setembro de 2023, vindo do serviço, e saiu novamente para visitar um tio em Luís Correia. Valério negou ter consumido bebida alcoólica durante a visita.
Ele alegou ter visto um indivíduo com uma blusa de capuz do lado de fora de sua casa, o que achou estranho dadas as circunstâncias, e decidiu segui-lo. Valério afirmou que, em determinado momento, o indivíduo sacou uma arma e se aproximou dele, levando-o a efetuar dois disparos em autodefesa. O acusado percebeu que a arma pertencia à Polícia Civil somente depois do ocorrido. Ele mencionou que seu foco inicial era encontrar uma forma de se comunicar com as autoridades, devido a problemas de bateria em seu celular e falta de internet em sua residência.
Valério relatou que fez contato com seu tio, que é aposentado do exército, e tentou usar a internet de estabelecimentos locais para se comunicar. Ele também mencionou ter ligado para um comandante, que o orientou a se apresentar no Batalhão e entrar em contato com um advogado. Valério afirmou que não chamou a Polícia Militar em parte devido ao seu estado emocional e que a PM o buscou em sua casa na manhã seguinte.
Durante a busca em sua residência, as autoridades encontraram uma porção de maconha, que Valério afirmou ser para uso pessoal. O acusado revelou que sofre de transtorno pós-traumático e é usuário de maconha, mas não havia consumido drogas no momento do incidente. Ele destacou que já havia pedido apoio psicológico à instituição policial e que passou por tratamento no CAIS em Teresina.
Em coletiva de imprensa, o subcomandante geral da Polícia Militar do Piauí, coronel Costa Lima, revelou que o cabo Valério possui 8 anos de serviço na corporação e era considerado um bom policial pelo seu comandante. A corregedoria abrirá um processo administrativo disciplinar, oferecendo ao suspeito a oportunidade de ampla defesa. Se o conselho concluir que ele não tem condições de permanecer na PM, será excluído da corporação.
“Segundo o comandante dele, é um bom policial que entrou em 2015, não tem nem estabilidade ainda. Mas no tocante à PM, a corregedoria vai abrir processo administrativo disciplinar, onde será concedida ampla defesa e, ao final, se o conselho entender que ele não tem condições de permanecer nas fileiras da PM, ele será excluído da corporação”, pontuou.
O coronel lamentou profundamente o assassinato de Alexsandro e disse que essa tragédia não afetará a relação entre as duas instituições policiais. Ele pontuou: "É com tristeza que a gente recebe essa ocorrência, mas eu acredito que, embora tenha sido com dois policiais, em nada vai abalar a nossa relação, especialmente os trabalhos que temos feito em Parnaíba, mas a gente fica muito triste."
O delegado geral da Polícia Civil do Piauí, Luccy Keiko Leal, informou que foi instaurado um inquérito para esclarecer a motivação por trás do crime. Ele comentou: "Tivemos conhecimento que o autor do crime se trata de policial militar. A polícia militar de Parnaíba não colocou nenhum obstáculo e nos ajudou apresentando rapidamente esse policial para ser autuado em flagrante pelo crime de homicídio. Durante o inquérito, vamos esclarecer todas as circunstâncias da morte do nosso colega."
Luccy Keiko Leal também prestou homenagem a Alexsandro, descrevendo-o como um excelente policial e expressou suas condolências à família, amigos e colegas do falecido. Ele afirmou: "A Polícia Civil do Piauí está de luto hoje, pois tivemos conhecimento a poucas horas que o policial civil Alex, lotado na Delegacia da Mulher de Parnaíba, foi assassinado durante a madrugada. Desde então, foram feitas diligências ininterruptas para tentar identificar o autor do crime. Quero me solidarizar com os colegas do policial e com seus amigos e dizer que é uma perda inestimável, era um excelente policial e infelizmente ocorreu esse crime."
