
Piauí tem presos da facção que comandou rebelião no AM
Mesmo com as negativas da Secretaria de Justiça, o estado do Piauí está sim custodiando presos integrantes da facção Família do Norte (FDN), que no início do mês comandou um massacre dentro do Complexo Prisional Anísio Jobim (COMPAJ), no Amazonas, deixando dezenas de mortos.
Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi) os dois presos foram identificados como sendo membros da facção há pouco tempo e estão em uma unidade do interior do Estado. Eles permanecem isolados, medida tomada para evitar desentendimentos que venham a desencadear uma rebelião.
Ao 180, o sindicato evitou revelar onde estão os presos, justamente temendo conflitos com membros de outras facções. E sem agentes penitenciários suficiente, as cadeias do Piauí tornam-se verdadeiras "panelas de pressão", prestes a explodirem.
Segundo José Roberto, presidente do Sinpoljuspi, apenas 778 servidores atuam dentro dos presídios, destes somente 600 atuam como agentes penitenciários frente aos quase quatro mil presos hoje sob o poder do Estado. Um número que é insuficiente para atender o exigido pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, que orienta a presença de um agente para cada cinco detentos.
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“Hoje, nós teríamos que ter cerca de quatro vezes mais o número de agentes penitenciários que temos atualmente”, diz o presidente.
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Sem concurso, a situação piora
Anulado após comprovação de fraude por alguns dos candidatos, o concurso para agentes penitenciário levaria ao menos 400 novos servidores para dentro dos presídios estaduais. Mas de acordo com o sindicato, mesmo com a convocação máxima estimada, ainda haveria déficit de agentes no sistema prisional.
José Roberto lamenta o fato do concurso público ter sido feito em cadastro de reserva, e que na verdade, deveria ter sido feito como vagas definidas. “O cadastro de reserva é para a atividade meio, por exemplo, a dos médicos, psicólogos, professores e etc. Para a atividade fim, a do agente penitenciário, deveria ser concurso público com vagas definidas”, explica o presidente.
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Os agentes estão vulneráveis
À reportagem, o presidente do Sinpoljuspi também denuncia sobre os riscos a que os agentes penitenciários estão hoje expostos. José Roberto afirma que os materiais necessários para o trabalho dentro do presídio estão em falta, inclusive os destinados para proteger a integridade do profissional.
“Não temos estrutura para a nossa própria defesa. No estado do Piauí, não há um agente plantonista com colete aprova de balas fornecido pelo estado. Se você encontrar um agente com colete, ele tirou do bolso dele. O estado também nunca forneceu armamento para nós e em alguns casos faltam até mesmo algemas. Isso não é um material supérfluo, é algo necessário. Porque resguarda a integridade física do profissional de todos os outros que trabalham dentro de um presídio”, alerta.
Fonte: None