Transporte Público -
Índice de motorização de Teresina pode ter ajudado a ruir o Inthegra Teresina, sugere auditoria
Por Rômulo Rocha - Do Blog Bastidores
Um dos relatórios técnicos que subsidiam o relatório de auditoria realizada a pedido da Assembleia Legislativa no sistema de transporte público de Teresina, incluindo avaliação do Inthegra Teresina, aponta que uma das prováveis causas da ruína do transporte público na capital foi a aquisição de veículos próprios motorizados, principalmente, motocicletas e motonetas. Mas que essas aquisições seriam resultado da insatisfação popular com o transporte público. O período de auditoria compreende 2014 a 2022.
Diz o documento que “se fizermos o recorte do tempo tendo como base o ano de 2008 (ano da conclusão do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana de Teresina) até o ano de 2021, o índice de motorização para Teresina apresentou um crescimento relativo de 125,2%, saindo de 27,4 veículos/100 habitantes para 61,7 veículos/100 habitantes”.
“Constata-se que a relação veículos/habitante foi intensificando-se, indicando uma maior disponibilidade de veículos motorizados para o transporte individual, o que pode ter contribuído para a fuga de usuários do transporte público de passageiros”, indicam os auditores da Corte de Contas.
“Observar a evolução do índice de motorização permite avaliar o grau de satisfação da população com o sistema de transporte público coletivo. Cidades com elevados índices de motorização sinalizam uma maior escolha dos cidadãos por transporte motorizado individual, por conseguinte, um descontentamento da população para com o serviço de transporte público ofertado”, concluem.
Acrescem que “quando se estratifica, da quantidade de veículos licenciados, as motocicletas e motonetas (veículos automotores de duas rodas), pode-se inferir que a evolução da quantidade dessa categoria nos últimos anos teve expressiva representatividade na composição do índice de motorização da cidade de Teresina, apresentando um crescimento relativo de 92,2% no período de 2010 a 2020, saindo de 12,8 veículos dessa categoria/100 habitantes para 24,6 veículos dessa categoria/100 habitantes”.
E que “da mesma forma, se fizermos o recorte do tempo tendo como base o ano de 2008 (ano da conclusão do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana de Teresina) até o ano de 2021, o índice de motorização para Teresina, considerando somente a quantidade de motocicletas e motonetas, apresentou um crescimento relativo de 173,9%, saindo de 9,2 veículos dessa categoria/100 habitantes para 25,2 veículos dessa categoria/100 habitantes”.
Dos autos da auditoria se extrai que o plano diretor, com relatório final datado de junho de 2008, definiria o Sistema Integrado de Transporte Público Coletivo Urbano de Passageiros para Teresina - o Inthegra Teresina.
Já em 2014, a Prefeitura de Teresina, através da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS), realizou concorrência pública que tinha como objeto a outorga de concessão para “prestação e exploração dos serviços de transporte do referido sistema, dividido em 4 lotes distintos, com linhas de transporte coletivo caracterizadas, disciplinadas e concentradas por região de influência (zona Leste, zona Sudeste, zona Sul e zona Norte), na qual os consórcios vencedores apresentaram proposta de frota total com 427 veículos, sendo 406 veículos da frota operacional e uma reserva técnica de 21 veículos. O prazo para a outorga foi estabelecido de 15 anos, prorrogável uma única vez por até mais 15 anos".
Os contratos foram assinados em 18 de novembro de 2014.
Era o começo do que não iria funcionar.