Julgamento é esta semana -

EXCLUSIVO: acusada da morte de economista da Prefeitura de Teresina vai a Júri Popular

Por Rômulo Rocha - Do Blog Bastidores

 

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- Antes da morte, economista havia procurado a advogada Cláudia Paranaguá para anular o casamento, sob a justificativa de que se casara com um alguém que não se mostrou ser quem antes se apresentara...

- José Afonso Vieira dos Santos Júnior era professor substituto da UFPI e integrava a equipe que tocou o projeto Lagoas do Norte, além de ter trabalhado com nomes como Felipe Mendes e Augusto Basílio...

- Há nos autos fortes indícios de que o suposto suicídio foi simulado, segundo o Ministério Público e o advogado de acusação, o eloquente Gilberto Ferreira... 

- Também foi encontrado no corpo da vítima veneno para aniquilar baratas, escorpiões e ratos. Detalhe: em pó. Após aplicado, veneno provocaria letargia no ser humano e até coma..

- Meses após a morte, mesmo em meio às suspeitas, a acusada Cybele Moura de Carvalho conseguiu perante o juízo da 2ª Vara Cível de Teresina alvará para levantamento de valores em três contas da vítima, além do seguro de vida (Veja documento na matéria)...

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_A cena do suposto crime, com a suposta simulação de enforcamento. 

Está previsto para próxima terça-feira (27) o julgamento da assistente social Cybele Moura de Carvalho pelo Tribunal Popular do Júri.

Segundo o Ministério Público, ela é a principal suspeita do suposto assassinato do então economista da Prefeitura de Teresina José Afonso Vieira dos Santos Júnior, encontrado morto em 18 de outubro de 2006 em uma despensa de um apartamento, em uma possível simulação para levar a crer que o jovem morreu vítima de enforcamento.

O Blog Bastidores, do 180, divulga agora informações exclusivas sobre o caso, como um suposto documento em que a vítima José Afonso Vieira Santos Júnior transfere um seguro em nome da mãe - a senhora Irismar Lopes dos Santos - para a esposa, quando do matrimônio. 

A mãe do economista chegara a ficar como sua dependente de 4 de setembro de 2000 a 29 de novembro de 2005, mas com o surgimento da nora, isso foi modificado.

A acusada, em registro reproduzido nos autos...
A acusada, em registro reproduzido nos autos... 

O advogado de acusação Gilberto Ferreira, que enfrentará no Tribunal Popular do Júri o advogado criminalista trazido de São Paulo, Yuri Félix Pereira, chega a falar em crime sob encomenda.

Há também nos autos um seguro de vida cuja beneficiária seria a então esposa. Além do que, cerca de seis meses após o casamento que ocorrera em 25 de novembro de 2005, o economista, alegando erro de pessoa e projetos de vida diferentes, resolveu pedir a anulação do matrimônio e para isso tratara sobre o assunto com a advogada Cláudia Paranaguá - uma das testemunhas no caso.

Quando da separação e após ter suas coisas projetadas para fora do local onde residia com a companheira, José Afonso Vieira dos Santos Júnior fora morar com um amigo no condomínio Santa Marta, próximo à Universidade Federal (UFPI). Em paralelo mantinha um apartamento alugado na zona norte da capital, onde viria a ser encontrado morto.

Segundo os autos, nos dias que antecederam a sua morte, o economista saíra da Prefeitura de Teresina dia 14 de outubro de 2006, onde era lotado nos quadros efetivos como economista concursado - mais precisamente na Secretaria de Planejamento do município.

Após isso se tem notícia de que estava em uma festa temática na antiga Templu. Era um evento de músicas românticas.

Em seguida, quando as pessoas começaram a sentir a sua falta, já fora encontrado no estado cujo registro fotográfico da perícia técnica faz ecoar inúmeras indagações.

VENENO EM PÓ E SUPOSTO ENFORCAMENTO

Resultado de perícia feita em São Luís, no Maranhão
Resultado de perícia feita em São Luís, no Maranhão 

José Afonso Vieira Santos Júnior foi encontrado morto supostamente enforcado com um fio telefônico.

Duas perícias iniciais, consideradas falhas, foram realizadas e atestaram suicídio.

Uma terceira perícia, com um maior rigor técnico, constatou então que o fio usado, em face de tração bimanual, se rompeu, o que corroboraria para comprovar a tese de que um corpo pesando entre 75 e 80 quilos e de cerca de 1,75m teria feito o material usado para o suposto enforcamento se romper no momento de uma suposta projeção.

Outro detalhe importante, detectado, por sua vez, pela perícia científica no estado do Maranhão, é que o corpo do economista possuía K-othrine, veneno usado para matar isentos como baratas e escorpiões e até pequenos roedores como ratos.

“Suas vias de absorção por excelência são as vias respiratórias e o trato digestivo, sendo pouco absorvido através da pele”, traz o laudo técnico.

“No ser humano, os primeiros sintomas do envenenamento agudo dependem da dose e da via de absorção. No envenenamento por ingestão, os primeiros sintomas são dores epigástricas, náuseas e vômitos. Nos casos graves ocorrem fasciculações, especialmente dos músculos das extremidades, distúrbios da consciência, sonolência, ataques convulsivos e coma”, complementa.

Ora, então como um homem que ingeriu tal substância em pó, e suspeita-se, pelas vias nasais, iria em seguida se matar por enforcamento?

Outra suspeita é que alguém tenha aplicado o medicamento na vítima, o esganado (porque o osso hióide, localizado na região da garganta, estava quebrado), e logo em seguida simulado o enforcamento.

É válido ressaltar, defende a acusação, que tal osso, o hióide, só fraturaria por forte esganamento, ou quando há enforcamento e o corpo projetado não toca os pés no chão, ficando suspenso.

Pela fotografia, é possível constatar que não foi esse o caso do economista. Ele está literalmente no chão.

A defesa da vítima, no entanto, diz que o fio cedeu, já que o corpo fora encontrado dias depois do ato.

A CENA DO CRIME
DE ONDE MESMO ELE PULARIA PARA SE ENFORCAR?

Outro detalhe que chama atenção é a cena do crime. Pela imagem, é possível fazer inúmeros questionamentos.

Não há uma cadeira para projeção do pulo. Os objetos no fogão da despensa estão arrumados. Subir nele e pular? E o vidro sobre ele? Por que não está quebrado? Ele suportaria o peso do corpo? Mais ao se subir no fogão para pular.. como? Nesse caso seria necessário um fio maior, porque sobre o fogão o corpo estaria acima da linha vertical de tensão do fio necessário para o enforcamento, e, assim, ao se projetar, o corpo teria lastro de fio para cair direto no chão e não ficar suspenso como quer fazer crer a defesa.

Um outro ponto de questionamento é que o corpo está encostado no fugão, 'arrumadinho'. Não há nenhum sinal de desordem de um corpo que sacode ao pular em face de enforcamento. E mais: por que escolher justamente essa despensa apertada para se enforcar, e logo após tomar veneno?

São perguntas que os dois advogados criminalistas - entre eles, Gilberto Ferreira, o de acusação, considerado um dos melhores oradores no estado - vão tentar responder essa semana, em meio à análise do Conselho de Sentença, responsável por proferir a decisão.

MAIS DOCUMENTOS E ALVARÁ PARA RETIRADA DO SEGURO DE VIDA

No documento abaixo há um em que passa a ser beneficiária a esposa. Nele há o timbre da Prefeitura de Teresina, em emissão ocorrida já em 2016, para ateste de fatos anteriores.

 

Já neste outro, pouco tempo depois da morte, a acusada conseguiu perante o juízo da 2ª Vara Cível de Teresina alvará para levantamento de valores em contas de titularidade da vítima em bancos como a Caixa Econômica Federal, o Unibanco e o Banco Real, além do seguro de vida e qualquer outro valor em nome do economista José Afonso Vieira dos Santos Júnior. VEJA:

 


_Veja fotos do boneco, em simulação, numa terceira perícia realizada...

 


_Objetos deixados sobre a mesa pela vítima no apartamento em que foi encontrado o corpo...

 


_A forma como foi encontrado o corpo da vítima...

 

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