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Censura: Especialista fala dos riscos de se confundir o humor com Fake News

 

Por Rômulo Rocha - Do Blog Bastidores

 

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_Taís Gasparian, advogada especialista na área de imprensa (Imagem: 180graus)

A despeito do fato da Polícia Civil do Piauí parecer ter noção, antecipadamente, até mesmo mais do que especialistas que tratam sobre 'Fake News', tendo indiciado jornalista no estado baseado em relatos de pessoas ligadas ao senador Ciro Nogueira (PP), a advogada Taís Gasparian demonstrou preocupações ao tratar, em palestra, sobre o tema “A confusão sobre o que é ‘Fake News’ e o risco da censura: liberdade de expressão em Xeque”.

Advogada especializada na área de imprensa, mídia e internet, que advoga especialmente para jornalistas e empresas de mídia na defesa da liberdade de imprensa, já tendo integrado comissões de liberdade de expressão na OAB de São Paulo e no Conselho Federal da OAB, Gasparian tratou de projetos que tramitam no Congresso Nacional sobre 'Fake News' e afirmou que “não tem nenhum desses projetos que definam o que é Fake News”. Para ela, o melhor seria, inclusive, substituir o termo 'Fake News' por “desinformação”.

Taís Gasparian levantou ao menos dois temas durante a palestra proferida no Congresso Internacional de Jornalistas Investigativos, ocorrido em São Paulo, para evidenciar sua preocupação com a discussão. 

Um deles é como diferenciar o humor da desinformação. “Como vamos fazer com os sites humorísticos?”, questiona. Isso porque uma crítica humorística pode, em tese, ser confundida por seus alvos, com uma 'Fake News'.

Um outro questionamento é em relação aos próprios erros que possam vir a cometer profissionais de imprensa. Um exemplo é a publicação da foto de uma pessoa que não a noticiada por um suposto cometimento de crime. “Como fazer a distinção [nesses casos]?” voltou a questionar. 

No Piauí a foto do deputado federal Júlio César (PSD) já foi posta na página de polícia do jornal O Dia, sob a acusação de ter violentado uma senhora, quando na verdade se tratava de outro Júlio César. 

CASO DA CENSURA DO STF

Em relação à censura determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, no rumoroso inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e que supostamente investiga “Fake News”, a advogada afirmou que a mais alta Corte do Poder Judiciário brasileiro teria como saber que o documento que alegaram não existir, e que embasou a matéria de capa titulada “O Amigo do amigo do meu pai”, constava sim dos autos da Lava Jato.

Isso teria evitado a censura à revista digital Crusoé.

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