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A enxurrada de apoios tardios a Bolsonaro pode não pegar bem para políticos do Piauí

A enxurrada de apoios tardios a Bolsonaro pode não pegar bem para políticos do Piauí
A enxurrada de apoios tardios a Bolsonaro pode não pegar bem para políticos do Piauí

O segundo turno para a Presidência do Brasil tem produzido cenas pródigas no Piauí. Candidatos derrotados têm vindo a público declarar seu apoio a Bolsonaro depois de percorrer toda uma campanha mantendo distância da imagem tóxica, ao menos no Nordeste, do mandatário com receio de perderem votos.

Foto: 180 ImagensComparativo da última pesquisa divulgada pelo instituto Credibilidade com o resultado da eleição para governador do Piauí em 2022
Comparativo da última pesquisa divulgada pelo instituto Credibilidade com o resultado da eleição para governador do Piauí em 2022

Alguns, como foi o caso de Silvio Mendes, tanto negou seu apoio de primeira hora quanto tentou embaralhar a compreensão da população sobre quem seria o seu verdadeiro candidato a presidente no Estado. Silvio, sempre que possível, fazia questão de enfatizar o trabalho de parceria que teve com o petista durante sua presidência. Ontem (06/10) reuniu a imprensa para declarar seu voto a Bolsonaro ignorando os questionamentos de porque não o fez no primeiro turno.

Foto: ReproduçãoJoãozinho Félix foi soberbo em confiar que é uma liderança política consolidada na região norte do Piauí e nenhum de seus candidatos venceu
Joãozinho Félix foi soberbo em confiar que é uma liderança política consolidada na região norte do Piauí e nenhum de seus candidatos venceu

Em Campo Maior, o prefeito Joãozinho Félix que continua filiado ao MDB, portanto, da base do Governo Estadual filiou o filho, Dogim Félix, ao Progressistas do Ministro Ciro Nogueira. Ciro é o maior expoente da oposição e representante de Bolsonaro no Piauí. O prefeito passou a campanha inteira sem pedir um voto para Bolsonaro com receio de comprometer a votação de Dogim para deputado estadual. Hoje (07/10) divulgou comunicado pedindo voto para Bolsonaro.

Joel Rodrigues, que foi candidato ao Senado, foi outro que manteve léguas de distância do presidente Bolsonaro. O ex-prefeito de Floriano é do Progressistas e teve sua campanha patrocinada por Ciro Nogueira. É de dentro do núcleo Bolsonarista no Piauí, mas só declarou voto depois de ser derrotado nas urnas.

O que realmente está por trás destes apoios tardios

O Ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, é o artífice dessa enxurrada de declarações de apoios atrasados para o presidente Bolsonaro. Ciro foi escolhido pelo mandatário por causa de suas reconhecidas capacidades políticas, o que o tarimba como grande cacique do Centrão no Brasil.

O resultado dos candidatos de Ciro no Piauí, no entanto, contradizem sua fama. Silvio Mendes perdeu o Governo do Estado para Rafael Fonteles do PT por mais de 300 mil votos. Em Teresina, onde Silvio foi prefeito por dois mandatos, Ciro garantiu no interior do Piauí que venceriam com mais de 150 mil votos. Não conseguiram diferença nem de 25 mil.

Na disputa pelo Senado, Nogueira se envolveu diretamente, pois se tratava de uma questão pessoal vencer Wellington Dias, com quem havia rompido há dois anos por divergências não explicadas. Joel Rodrigues teve uma votação expressiva, mas não conseguiu derrotar o petista.

Para a Câmara Federal, o Progressistas só elegeu dois nomes. Na Alepi, fizeram apenas oito dos 30 deputados.

Antecipando esses resultados negativos, Ciro Nogueira ainda tentou se licenciar do cargo de ministro, uma semana antes do pleito, para se dedicar à campanha estadual. A situação repercutiu muito mal em Brasília a ponto do ministro voltar atrás. Era tarde, no entanto, para evitar o desgaste junto a Bolsonaro.

Ciro está muito enfraquecido no núcleo da campanha do presidente e corre para demonstrar que ainda tem algum prestígio em seu estado natal para minimizar o seu prejuízo pessoal. Seus comandados necessitam empenhar suas imagens no pedido de voto como forma de garantir alguma participação em um eventual segundo mandato de Bolsonaro, por isso seguem o ministro nessa empreitada.

A própria cabeça de Ciro Nogueira está a prêmio e fontes, em Brasília, dão conta de que ele já não tem influência alguma nas decisões estratégicas da campanha de Bolsonaro.

Em que tudo isso vai dar?

Esses apoios tardios não parecem conduzir para um bom desfecho. As chances ainda estão a favor de Lula e o Piauí, como estado mais lulista do Brasil, tende a ter nesse segundo turno votação superior do que no primeiro. No dia 02 de outubro, Lula obteve 77% dos votos e a previsão é de que supere os 80% no próximo dia 30.

Bolsonaro, com certeza, não vai se esquecer de que todos se afastaram dele para não perder votos, o que os põe a todos no final da fila das benesses nesse eventual e difícil segundo mandato.

E o povo, esse mesmo é que não vai se esquecer de tamanha trapalhada. E olha que 2024 está bem aí. Será se vão querer votar em candidatos que pediram voto para Bolsonaro nesse Piauí lulista?

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