Acusado de comandar um esquema de desvio de drogas, o policial civil Cléber Rodrigues Gimenez, responsável pelas investigações do 77º DP (Santa Cecília), na região central de São Paulo, pagava R$ 100 mil a um informante em Corumbá (MS) para alertar sobre carregamentos de cocaína que seriam transportados do Centro-Oeste para a capital paulista, onde eram confiscados, desviados e revendidos a traficantes internacionais.

Foto: Reprodução

De acordo com um relatório da Corregedoria da Polícia Civil, os membros do grupo de Gimenez também instalavam dispositivos de rastreamento nos caminhões carregados com a droga para localizá-los assim que chegassem a São Paulo. O investigador está detido desde janeiro, acusado de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Assim que os veículos atravessavam a divisa entre os estados, indivíduos conhecidos como “gansos”, se passando por policiais, interceptavam os caminhões e apreendiam os carregamentos de entorpecentes. Há décadas, essas figuras são utilizadas no submundo da Polícia Civil para se infiltrar entre criminosos e fornecer informações às equipes de investigação das delegacias.

Para que os gansos subordinados a Gimenez soubessem a localização dos alvos, um rastreador era colocado nos caminhões.
 

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A Corregedoria teve acesso, em 17 de janeiro, a imagens e vídeos que corroboram denúncias feitas por um possível cúmplice e informante dos policiais. As razões para essa delação não foram esclarecidas pelo denunciante.

O material enviado por e-mail, somado às denúncias e investigações, levou à prisão de Cleber Gimenez, do também policial civil Thiago Gonçalves de Oliveira, além do empresário do setor da construção Maxwel Pereira da Silva e de Cauê Mendes Parro. A defesa dos acusados não foi localizada pela reportagem. O espaço permanece aberto para manifestações.

Mais envolvidos

Com o apoio de pelo menos um perito do Instituto de Criminalística, as cargas de drogas falsas eram registradas como entorpecentes puros e apreendidas oficialmente em distritos policiais, permitindo que a cocaína desviada fosse revendida a traficantes.

Delegada é afastada por suspeita de ligação com tráfico de drogas

A delegada titular do 77º DP, Maria Cecília Castro Dias, foi afastada do cargo na última sexta-feira (07/02), também sob suspeita de envolvimento no esquema de policiais civis que desviavam drogas para vendê-las a traficantes.

A investigação também aponta para a participação de Elvis Cristiano da Silva, de 54 anos, atual chefe de investigações da 1ª Seccional, que supervisiona todas as delegacias da região central de São Paulo. Ele é suspeito de envolvimento no esquema e também investigado por supostamente comercializar cargos de chefia em delegacias sob sua jurisdição.

As defesas dele e da delegada Maria Cecília Castro Dias não foram localizadas. O espaço permanece aberto para manifestações.