Pai de jovem que morreu após ser atingido com fuzil diz que não foi dada ordem de parada
O genitor do jovem que perdeu a vida após ser atingido pela extremidade do fuzil de um membro da polícia militar declarou que seu filho não estava envolvido em atividades ilícitas e criticou a conduta dos policiais durante a abordagem. O incidente ocorreu no último domingo (25), na localidade da Brasilândia, na zona norte de São Paulo. Com informações do SBT News.
Valdizar Simões, pai de Matheus, estava fora da cidade quando soube do ocorrido com seu filho. Ao receber a notícia, retornou imediatamente à capital. Ele reconheceu que Matheus e seu amigo estavam em falta por não estarem utilizando capacetes, porém enfatizou que Matheus "não confrontou os policiais porque respeita as leis".
"Ele simplesmente estava indo embora de moto. Infelizmente, não houve uma ordem para parar. Ele apenas passou, o policial levantou o fuzil e atingiu seu pescoço, tirando sua vida", lamentou Valdizar. "Foi uma completa falta de preparo durante essa abordagem", acrescentou.
De acordo com Valdizar, seu filho estava de folga de seu trabalho em uma empresa de transporte, onde trabalhava no esquema de 6 dias de trabalho por 1 de folga. A motocicleta havia sido adquirida recentemente em uma concessionária e havia sido emplacada duas semanas antes. "Não se tratava de uma moto roubada, ele não assaltou ninguém, não estava cometendo nenhum delito para que algo desse tipo acontecesse. Esse é o nosso sentimento de indignação", afirmou.
Quanto ao amigo que estava com Matheus, o pai do jovem declarou que ele não fugiu após o incidente. Segundo Valdizar, o amigo procurou ajuda e informou a família da vítima, especialmente a mãe, que reside na região.
"Ele está profundamente abalado, em estado de choque. Quando estava na garupa, tentou reanimar Matheus e se aproximou dos policiais em busca de ajuda. Eles ignoraram. Ele conseguiu entrar em contato com a ambulância, mas já era tarde demais", explicou o pai de Matheus.
O policial militar que estava com o fuzil é um tenente e, em seu depoimento, afirmou que no momento do impacto, a arma atingiu seu rosto, deixando-o "desorientado" e ferido na mão. Posteriormente, recebeu alta médica. Ele e os outros policiais envolvidos foram interrogados. Serão realizadas investigações internas pela Polícia Militar e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
"É algo muito obscuro até o momento. Só queremos justiça e um melhor treinamento para os policiais, tanto os iniciantes quanto os tenentes. Portar um fuzil não é algo trivial, não se trata de qualquer arma, é algo sério. Não há justificativa para apontar uma arma para o rosto de um jovem praticamente, ele acabou de completar 20 anos, ainda é muito jovem", disse Valdizar. "Isso destruiu os sonhos do meu filho", lamentou.
Uma testemunha, que preferiu não se identificar, relatou que Matheus era um jovem trabalhador que estava na festa, confirmou que ele havia comprado a moto recentemente, e que seu amigo, que também estava na moto, não fugiu.
"Eles [policiais] impediram que o rapaz fosse socorrido, não permitiram que ninguém se aproximasse. Foram muito agressivos conosco e com a família. Lançaram gás lacrimogêneo em todos nós. Não tentaram prestar socorro, não ajudaram o rapaz", afirmou a testemunha.
Fonte: SBT News