
Irmãos são agredidos por PMs durante Carnaval no interior de SP
Vídeos que circulam nas redes sociais flagraram a ação de policiais militares durante um bloco de Carnaval na terça-feira (4/3), em Nazaré Paulista, interior de São Paulo. Um casal de irmãos alega ter sido fortemente agredido pela PM, com uma “violência desproporcional”.
Ao Metrópoles, Giovana Cintra, que alega ter sido vítima das agressões junto com seu irmão mais novo, explicou que a situação começou ao final de um evento fechado de Carnaval, o Bloquinho de Nazaré.
Ela estava acompanhada do irmão e mais alguns amigos quando, por volta das 18h30, percebeu que os seguranças do espaço começaram a expulsar as pessoas. “Percebemos a movimentação e decidimos começar a procurar formas de ir embora dali.”
Ação truculenta da PM
Giovana afirma, então, que antes de sair do espaço precisou ir ao banheiro e pediu para que seus amigos a esperassem. Nesse momento, segundo testemunhas, a Polícia Militar foi acionada para auxiliar os seguranças do evento na evacuação do público. “A PM já iniciou com uma abordagem bem violenta, utilizando cassetetes”
A jovem afirma que, ao sair do banheiro, viu um tumulto próximo à saída do local. No meio disso, estava seu irmão, que segundo ela estava sendo espancado por vários PMs (imagem das marcas de agressão na foto de destaque).
“A agressão começou pois ele estava tentando voltar para o banheiro para me buscar. Ele pediu autorização para um dos policiais, que deixou ele voltar. Mas os outros não entenderam isso e passaram a usar da força para impedir que meu irmão voltasse para dentro do evento”, declara.
Giovana diz então que, nesse momento, se jogou por cima do irmão para que a agressão parasse. Porém, ela afirma que o espancamento continuou e ela passou a ser vítima também, “sem motivo aparente nenhum”.
Eles alegam desacato, mas isso não aconteceu de forma alguma, e mesmo assim também não é justificativa plausível para o nível de violência que foi empregado contra a gente
A irmã alega também que, mesmo após sair do local, as agressões continuaram do lado de fora. “Teve um momento que meu irmão foi mais agressivo verbalmente, já que estávamos do lado de fora e não havia motivo para que as agressões continuassem. Nessa hora, os policiais foram pra cima dele com mais força ainda, derrubando ele no chão. Um dos PMs pisaram na cabeça dele, provocando um corte profundo.”
O vídeo que circula nas redes sociais (veja abaixo) gravou o momento posterior às agressões contra Giovana e seu irmão. Alguns segundos depois, outro episódio é flagrado: um homem passa a ser agredido pela Polícia Militar do outro lado da pista em que estavam os irmãos.
Giovana afirmou que o homem flagrado nas imagens entrou em briga corporal após tentar tirar a arma de um PM. Ela diz que o mesmo policial que passou por essa situação alegou, no boletim de ocorrência contra ela, que havia uma ligação entre esse sujeito e o seu irmão, e isso justificaria a violência empregada.
“Mas isso não faz sentido, já que é possível ver nos vídeos que nós já tínhamos sido agredidos e estávamos nos dirigindo em direção ao outro lado da pista quando esse homem tenta encostar na arma do policial. Meu irmão não teve nada a ver com esse caso e não estava nem próximo ao local no momento”, disse.
Após o episódio, ambos foram encaminhados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital de Nazaré. O irmão de Giovana levou 6 pontos na cabeça.
A jovem ainda explicou que no boletim de ocorrência aberto contra ela pelos policiais militares, eles alegam que foram vítimas de agressões por parte dos irmãos. Segundo ela, todas as testemunhas ouvidas eram policiais. “Meu irmão, de apenas 19 anos, só estava tentando me encontrar. Nada justifica tamanha violência que foi empregada contra a gente”, diz.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) disse que as imagens já estão sendo analisadas para adoção das medidas cabíveis.
“Segundo a Polícia Militar, durante a segurança do encerramento do Carnaval no município, um homem de 23 anos desobedeceu ordens da equipe e entrou em luta corporal com os agentes, tentando tomar a arma de um policial. Além dele, um homem de 19 anos e uma mulher de 20 compareceram à unidade policial por envolvimento na ocorrência. Diligências são realizadas visando o esclarecimento de todos os fatos.”
Fonte: Metrópoles