Liberto ou preso? -

Lula solto muda tudo. Preso, reforça discurso da perseguição

Por Helena Chagas, no Os Divergentes 

Lula solto, ainda mais sem se saber por quanto tempo, não seria exatamente Lula candidato, mas mudaria tudo. A reação rápida do juiz de primeira instância Sérgio Moro contra a de seu superior plantonista do TRF-4, Rogério Favreto, mostra o quanto o establishment teme o ex-presidente. Poucas vezes se viu um juiz de instância inferior desafiar dessa forma um desembargador hierarquicamente superior.

Por quê? Porque há muita coisa em jogo. Lula solto ainda teria sobre si o peso da Lei da Ficha Limpa, e dificilmente teria no Supremo Tribunal Federal – a quem caberá julgar o assunto em última instância – uma decisão favorável à sua elegibilidade. Mas teria enorme impacto no quadro eleitoral.

Há três meses se comunicando por cartas, recados e vídeos gravados antes de ir para a cadeia, o ex-presidente pode voltar às ruas e às redes com aquele gogó que todo mundo conhece. Vai sair falando a torto e a direito, e a desconfiança assustada do establishment político de que, mesmo na cadeia, ele seria capaz de botar um poste do PT no segundo turno da eleição presidencial viraria quase certeza.

A decisão pegou de surpresa a mídia, o establishment e inclusive muitos petistas. 

Com Moro, muita gente passou a trabalhar para não deixar Lula sair da cadeia.

Que ninguém se iluda: Lula pode continuar preso, mas a batalha jurídica deflagrada neste domingo para impedir a soltura do ex-presidente terá seu preço político. No mínimo, abre uma trinca na narrativa dos que sempre negaram qualquer perseguição a Lula por parte da turma de Curitiba e reforça o discurso da vitimização do ex-presidente.

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