Filha do historiador Sérgio Buarque -

Morre a cantora Cristina Buarque aos 74 anos, vítima de câncer

A cantora e compositora Cristina Buarque faleceu neste domingo (20/04), aos 74 anos, em decorrência de complicações de um câncer. A informação foi confirmada por seu filho, Zeca Ferreira, por meio das redes sociais. Cristina era filha do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e irmã dos também músicos Chico Buarque, Miúcha e Ana de Hollanda. Nos últimos anos, vivia na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.

Reconhecida como uma artista discreta e avessa aos holofotes, Cristina construiu uma carreira sólida voltada ao resgate e valorização do samba de raiz. Seu trabalho foi marcado por profunda pesquisa sobre sambistas e canções da Velha Guarda, especialmente de escolas tradicionais como a Portela e a Mangueira.

Cristina iniciou sua trajetória na música ao lado do irmão Chico Buarque, com quem dividiu, em 1968, a faixa Sem Fantasia, do disco Chico Buarque Volume 3. Em 1974, lançou seu primeiro álbum solo, Cristina, com destaque para a música Quantas Lágrimas, de Manacéia.

Ao longo das décadas seguintes, lançou álbuns que reuniram obras de sambistas como Dona Ivone Lara, Nelson Cavaquinho, Cartola, Candeia e João da Baiana. Gravou ainda discos em parceria com Mauro Duarte e participou de diversos projetos coletivos, como o álbum Um ser de luz – Saudação a Clara Nunes (2003) e a caixa Acerto de Contas, de Paulo Vanzolini (2002).

Foto: Zeca Ferreira/Instagram.

Um dos seus trabalhos mais importantes foi o LP Vejo Amanhecer (1980), com participação do conjunto Época de Ouro, além de parcerias marcantes com Clementina de Jesus, Monarco e a Velha Guarda da Portela. Cristina também participou de tributos a Paulo da Portela e Geraldo Pereira, reforçando seu compromisso com a memória da música popular brasileira.

Além da atuação como cantora, foi uma importante pesquisadora do samba, responsável por registrar e divulgar obras pouco conhecidas de grandes compositores. Essa dedicação a tornou referência entre artistas da nova geração, como Teresa Cristina e Pedro Miranda.

Repercussão

A morte de Cristina gerou comoção no meio artístico. A cantora Teresa Cristina destacou sua importância na redescoberta do samba da Lapa e a descreveu como uma artista essencial, que valorizava o ofício e a essência do samba.

O produtor João Carino, que trabalhou com a artista no disco Ganha-se pouco, mas é divertido, sobre Wilson Batista, destacou sua vasta contribuição como “enciclopédia da música brasileira”.

Já o músico Tiago Prata, parceiro de Cristina em apresentações no tradicional Bar Bip Bip, lembrou sua firmeza em manter viva a chama do samba, mesmo fora dos grandes holofotes. "Ela não se rendeu ao mercado e formou toda uma geração", afirmou.

Cristina deixa filhos, netos, e um legado inestimável para a cultura brasileira. Apesar de seu desejo por discrição, sua obra continuará sendo reverenciada por músicos e admiradores do samba.

Fonte: Agência Brasil

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