‘Sentimento de incerteza’ -

Grávida é içada de helicóptero às vésperas de dar à luz no RS

Aqueles que cresceram com suas casas invadidas pelas águas do Lago Guaíba jamais imaginaram que as chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul entre o fim de abril e o início de maio desencadeariam a maior catástrofe climática da história do Estado.

Foto: Reprodução

Lurdes Barbosa Gonçalves, uma vendedora de 21 anos e mãe de três meninas, é um exemplo disso. Ela foi criada no bairro Sans Souci, na cidade de Eldorado do Sul, na Grande Porto Alegre. Desde a infância, ela perdeu a conta de quantas vezes viu sua mãe chorar e reconstruir o lar onde moravam. No último dia 4 de maio, foi a vez dela, grávida de 39 semanas, sair às pressas antes que a água tomasse conta.

“Até dia 10, era o prazo máximo para eu dar à luz. Quando as chuvas começaram, meu marido disse que não poderíamos ficar em casa porque moramos perto do rio. Na quinta-feira, ele me convenceu a ir para a casa da minha irmã, levamos máquina de lavar, geladeira, fogão”, relembra.

Seu marido, Jessé Gomes da Silva, de 24 anos, procurou um barco para resgatar a família. Com a ajuda de um vizinho, tentaram deixar a área, mas sem sucesso.

“No sábado, às 8h30, a água começou a chegar na frente de casa e meu marido começou a levantar as coisas, mas a gente ficou ilhado. Às 9h, a água já estava dentro de casa, na altura da canela”, conta Lurdes.

A poucos metros adiante, tiveram que abandonar a embarcação, que não resistiu à força da correnteza. A família acabou chegando a um prédio de dois andares, onde funcionava uma farmácia.

O pânico da situação fez com que a pressão arterial de Lurdes subisse, uma preocupação especial dado o estágio avançado de sua gravidez.

Foi então que seu marido e as funcionárias da farmácia começaram a sinalizar para os helicópteros que sobrevoavam a região. Simultaneamente, a central de operações da Polícia Rodoviária Federal recebeu o chamado de que uma grávida precisava de resgate.

O helicóptero com os operadores aerotáticos Gerson Pagano Galli e Lucas Plentz, junto com o comandante Toshio Nagano e o copiloto Daniel Dias, se deslocou imediatamente para o local onde Lurdes aguardava o resgate.

“A gente estava muito preocupado com a chegada da noite, pois já estava escuro e não realizamos resgates nessas condições. Além disso, o local era bastante apertado, confinado, com fiação elétrica e muros dos lados”, relembra o policial Galli.

“Não foi algo simples, enfrentamos todas essas dificuldades adicionais. Tentamos resgatá-la com o helicóptero parado, mas ela não conseguia nem ficar de pé”, acrescenta.

Foi então que os agentes decidiram utilizar a técnica de McGuire, na qual a vítima é colocada em uma maca e, posteriormente, içada pela aeronave.

Fonte: nd+

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