Advogada Andreia Araújo fala sobre o 'Iguala OAB', movimento por igualdade de gênero

Com o intuito de trabalhar pelo incentivo às mulheres em buscarem seu espaço nas fileiras da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Piauí, a advocacia piauiense vai lançar nesta terça-feira (20/03) o movimento “Iguala OAB”. O objetivo é mobilizar a advocacia para, por meio de uma petição eletrônica, exigir igualdade de gêneros nas composições das chapas que irão concorrer no pleito institucional deste ano. O documento será encaminhado ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

Segundo a advogada Andreia Araújo, o movimento pretende envolver toda advocacia. "É um movimento que tem como objetivo trazer para a Ordem dos advogados do Brasil e que ganhe o Brasil, pela igualdade de gênero nas campanhas. Nós temos a proposta de que as chapas sejam compostas de 50% de mulheres, e isso surgiu do dado que nós temos de que 42% dos advogados inscritos na OAB são mulheres. Então se estamos chegando a 50%, a previsão é de que até 2020 cheguemos a 50%, por que não o compromisso dos candidatos que pretendem concorrer em novembro, que é a  nossa eleição, por que não compor suas chapas com 50% de mulheres?", questiona.

A iniciativa também faz eco aos movimentos que se multiplicam em todo o mundo em busca de paridade no mercado de trabalho e na garantia de tratamento igual entre homens e mulheres, uma vez que, mesmo sendo maioria entre estudantes de Direito - e também a maior parte das profissionais da advocacia nos patamares iniciais da carreira - as mulheres permanecem sendo minoria entre os cargos de gerência e em termos de representatividade.

"Nós precisamos estar nos cargos de decisão, os cargos que de fato tragam a política para as mulheres advogadas, mais perto das eleitoras enquanto advogadas e até da sociedade porque você sabe que alguém é chamada muitas vezes para falar sobre os reclamos da sociedade, é uma instituição que está acima dos interesses dos próprios advogados e ela também está cuidando desses interesses da sociedade como um todo. Você vê ela sempre é chamada a falar os diversos temas que são tratados na sociedade de forma geral", completa a advogada.

Um dos exemplos mais emblemáticos está materializado na própria entidade máxima que representa a classe no estado: a OAB-PI, na qual elas mal chegam aos 30% na composição da chapa - cota obrigatória desde 2015, quando foi aprovada a regra pelo Colégio de Presidentes das Seccionais da OAB. Por outro lado, há uma queixa generalizada de que esse piso é efetivado apenas nos cargos de pouca expressão e menor poder decisório dentro da entidade.

"Nós vamos lançar amanhã no nosso movimento uma petição eletrônica e essa petição eletrônica ela tem como compromisso de defender essa representatividade feminina na campanha. Nossa eleição é em novembro, então até lá nós queremos trazer essa pauta para que as mulheres e homens se apropriem dela, porque querendo ou não se tivermos candidatos homens ou mulheres, eles precisam estar comprometidos com essa pauta, porque nós somos quase 50% dos eleitores. Não temos pauta segregacionista, nós somos o interesse da participação feminina,  ele não tem que partir não só de mulheres, tem que partir de homens também que se comprometam com essa causa", afirma Andreia Araújo.

Nesses termos, a ideia central do movimento - e que será usada como partida para outras demandas - é atingir a mudança a partir da própria Ordem, com o comprometimento dos candidatos ao pleito deste ano em relação à ampliação da participação de advogadas na gestão da OAB-PI; aumento do interesse e engajamento das advogadas no pleito institucional que se avizinha, além da formulação de propostas feministas por partes das chapas que disputarão a eleição de novembro.

"O convite fica para todos os advogados e todas as advogadas piauienses para que estejam conosco amanhã no Sesc Ilhotas a partir das 19h, onde nós vamos estar lançando esse movimento 'Iguala OAB' e que ao longo desses meses que se aproxima da campanha da OAB, possamos estar debatendo esse tema e trazendo essa realidade para nossa instituição. Nós estaremos com um representante do movimento Mais Mulheres no Direito, que é um movimento nacional de mulheres e a coordenadora nacional estará conosco, é uma advogada de São Paulo, drª Karina Kufa, ela estará aqui conosco compartilhando essa experiência de acompanhamento nacional dessa questão. Amanhã inclusive lá no nosso evento vai ser lançado nosso site que nós estaremos com essas informações todas referentes ao movimento edição eletrônica também estará disponível para assinatura a partir de amanhã as 19 horas no Sesc Ilhotas", conclui a advogada Andreia Araújo.

Movimento 'Iguala OAB'
O Movimento Iguala OAB (50/50) é um esforço coletivo que busca estabelecer a igualdade de gênero nos quadros da OAB-PI, bem como visa a ampliar os espaços para o protagonismo feminino no campo jurídico, superando o tratamento desigual fundado no sexo, para, sobretudo, desconstruir as barreiras que dificultam as mulheres advogadas em encontrar uma posição no mercado de trabalho, mantê-la e fazê-las continuar progredindo em suas carreiras.