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Weintraub vira 'problemão', mas Bolsonaro tenta evitar guerra aberta

O presidente Jair Bolsonaro (PL) está indignado com a tentativa de rebelião em sua base que tem como protagonistas dois ex-ministros de seu governo, Ernesto Araújo e Abraham Weintraub. Contrariando seu estilo ruidoso, porém, Bolsonaro ainda não levou essa insatisfação para o debate público, seja nas redes sociais ou no cercadinho do Palácio da Alvorada, onde costuma dar seus recados e criticar opositores. As informações são do Metrópoles.

A avaliação de parte dos conselheiros do presidente é de que não vale a pena partir para uma guerra aberta com antigos aliados, sob pena de consolidar um processo de erosão da base radicalizada, que se viu sem espaço (administrativo e eleitoral) após a aliança de Bolsonaro com o Centrão.

Esses conselheiros estão conseguindo segurar o ímpeto do chefe do Executivo de criticar a campanha de Weintraub, que virou “problemão” e já é comparado a “traidores” como os também ex-ministros Henrique Mandetta, Alberto Santos Cruz e Sergio Moro.

Até o fechamento desta reportagem, havia um acordo entre o presidente e seus aliados mais próximos de ignorar Weintraub e sua turma por enquanto, num cálculo eleitoral que mira um eventual segundo turno do pleito presidencial, quando Bolsonaro acredita que pode reconquistar os radicais que hoje estão debandando.

O acordo vem sendo cumprido inclusive pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), que não está respondendo às cobranças e provocações nas redes sociais, mas a temperatura está esquentando tanto que é difícil prever uma trégua duradoura.

Outro filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), já reclamou do comportamento supostamente robótico dos perfis pró-Weintraub que estão lhe pressionando.

Bolsonaro nunca abriu brecha para debate sobre sua indicação para a disputa do governo de São Paulo. Quer lançar seu ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e já trabalha na montagem da chapa. Ignorando pedidos para se contentar com um cargo “menor”, como o de deputado federal, Weintraub está circulando pelo estado de São Paulo e tentando viabilizar uma candidatura alternativa ao Palácio dos Bandeirantes.

Nessa pré-campanha, o ex-ministro da Educação evita críticas diretas ao ex-chefe, mas detona suas escolhas políticas. “O Centrão é que está batendo nos conservadores com mentiras”, reclamou Weintraub em live esta semana, que também contou com o ex-chanceler Ernesto Araújo (ele acusou partidos do Centrão de estarem se deixando usar pela ditadura comunista chinesa) e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

“A gente não gosta do Centrão, e isso ficou muito claro. Só que eu acho que o presidente tomou a decisão estratégica que ele acreditava ser a mais eficiente. Naquele momento, a ameaça era muito clara: eles iriam iniciar o processo de impeachment”, insistiu Weintraub no dia seguinte, em entrevista a uma rádio simpática ao governo.

 

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