
Rafael Fonteles detalha ações emergenciais contra a seca e investimentos em saneamento
Em entrevista abrangente à TV Antena 10, o governador do Piauí, Rafael Fonteles, abordou diversos temas estruturantes e emergenciais para o estado, com destaque para o enfrentamento da seca no semiárido, os investimentos em saneamento básico e a adoção de inteligência artificial com controle estatal dos dados públicos.
Crise hídrica e ações emergenciais
Fonteles reconheceu que a estiagem no semiárido é um desafio estrutural e conjuntural. A seca começou mais cedo e se intensificou, exigindo ações urgentes dos governos estadual, federal e municipal. Entre as medidas destacadas estão:
Reforço da Operação Carro-Pipa
Aceleração do programa de cisternas
Seguros agrícolas de garantia-safra
Investimentos para viabilizar o funcionamento de adutoras, como a de São Lourenço
“Estamos lidando com o impacto imediato, mas também enfrentando o problema de forma estrutural”, afirmou o governador.
Avanços no saneamento e novo modelo de concessão
O governador anunciou a ampliação dos investimentos no abastecimento de água e no tratamento de esgoto, com a meta de universalização nos próximos anos. Atualmente, apenas 5% das residências no interior têm acesso ao saneamento básico, enquanto Teresina passou de 18% para 70% após a concessão à iniciativa privada.
Com base no novo marco legal do saneamento, o Piauí firmou contratos que totalizam R$ 8,7 bilhões em investimentos, com acompanhamento das agências reguladoras estaduais e municipais. A empresa Águas de Teresina, do grupo Aegea, expandirá sua atuação para o interior.
“O foco é garantir abastecimento contínuo de água e, em seguida, avançar no tratamento de esgoto. Teremos uma transformação sem precedentes”, declarou.

Equilíbrio fiscal e teto de gastos
Sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, Fonteles reforçou que o Estado está financeiramente equilibrado e segue as novas regras do arcabouço fiscal federal. Ele destacou:
Gasto dentro da receita
Priorização de despesas com impacto direto na população, como educação integral, segurança e infraestrutura
Planejamento de médio e longo prazo, com foco em obras estruturantes
“Não se trata apenas de cortar gastos, mas de gastar melhor. A responsabilidade fiscal é essencial para manter o estado funcional e atrativo a novos investimentos”, explicou.
Inteligência artificial e soberania dos dados
Um dos pontos mais inovadores da entrevista foi a explicação sobre o projeto de soberania digital do Piauí, que prevê a utilização de inteligência artificial (IA) própria, com infraestrutura local e segurança de dados sensíveis, como os da saúde e da segurança pública.
Fonteles anunciou que a IA piauiense já está em funcionamento e teve como primeira aplicação o lançamento do BO Fácil, ferramenta que permite o registro digital de boletins de ocorrência. A IA foi treinada com mais de 150 milhões de palavras em português e desenvolvida por pesquisadores brasileiros, com servidores instalados no território piauiense.
“Essa é uma revolução tecnológica com segurança e soberania. Não podemos entregar dados sensíveis à iniciativa privada sem controle. Precisamos garantir que o Estado seja o guardião dessas informações”, afirmou.