Seis meses de mandato -

Nordeste: governo anuncia investimentos, mas parlamentares desconfiam

Lutando com uma série de desafios ao longo dos seis primeiros meses de mandato, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) precisou reformular sua estratégia política para garantir apoio da população e no Congresso. As informações são do Metrópoles. 

Após queda de popularidade registrada nas pesquisas de satisfação e resistência do parlamento para aprovação dos projetos do governo, o presidente precisou voltar-se a regiões de maior necessidade de presença governamental e com menor apoio dos moradores locais: em especial, a região Nordeste.

Foi nesse contexto que Bolsonaro anunciou três iniciativas em duas semanas voltadas exclusivamente para a região: o Plano de Desenvolvimento do Nordeste (PDN); a promessa de Fundo Constitucional de Financiamento – que preserva o Banco do Nordeste; e uma parceria do governo federal com as Confederações, que vão investir R$1 bilhão nos estados locais.

Para o coordenador da bancada cearense, o deputado Domingos Neto (PSD-CE), há um clima de “desconfiança” com o governo, que ainda não demonstrou ser um bom cumpridor de promessas.

De acordo com o deputado, contudo, os parlamentares estão com “grande expectativa” de que os projetos saiam do papel e se transformem em obras concretas – e assim a relação entre Executivo e Legislativo pode melhorar.

“Nem no papel ainda está, é evidente que existe um clima de desconfiança”, disse. “Ainda não aconteceu nada concreto, o Nordeste tem uma dependência do governo federal. Diversas obras são financiadas pelo estado e estão passando por momentos difíceis”, contou, ao dizer que tem a “esperança” de que os projetos do Executivo melhorem a situação de infraestrutura e desenvolvimento local.

A última pesquisa do Ibope registou uma queda de 19 pontos percentuais de Bolsonaro na região. Em janeiro, 42% dos eleitores consideravam a gestão como “ótima” ou “boa”. Em março, o número caiu para 23%.

Movimento certo – porém incipiente 
Para o deputado Eduardo Bismarck (PDT-CE), que tem tomado as rédeas da articulação com a oposição, o movimento do presidente está correto. “Apesar de ser da oposição, reconheço que o presidente tem que fazer isso mesmo, buscar a aproximação, que ele não tem.” Mesmo com o reconhecimento do esforço, entretanto, o deputado avalia a ação do presidente como “incipiente”.

“O movimento é incipiente ainda, o governo está articulando, ele não conhece a realidade do Nordeste. As pastas não são aliadas”, analisou. Como exemplo, ele se justificou com o “Investe Turismo”, um projeto do Ministério do Turismo que, segundo o parlamentar, é um “grande erro” e prova o desconhecimento da pasta sobre a região. “É total desprendimento (da realidade), eles não tiveram grupo de apoio, além de mostrar a incompetência do governo em fazer articulação”, completou.

Plano Nordeste
O primeiro dos planos para os nordestinos apresentado pelo governo foi o Plano de Desenvolvimento do Nordeste (PDN). Bolsonaro segurou a medida por uma semana e sugeriu, por diversas vezes, que seria um programa que renderia mais que a reforma da Previdência, do ministro da Economia, Paulo Guedes. “A previsão de nós termos dinheiro em caixa é maior do que na reforma da Previdência em dez anos, e ninguém vai reclamar desse projeto”, disse Bolsonaro, dois dias antes de anunciar a iniciativa, em Recife (PE), no dia 24 de maio.

O depoimento foi feito em café da manhã com a bancada nordestina, convocado pelo Planalto. O ato foi uma iniciativa de diálogo com o parlamento eleito pela região, para se aproximar de suas demandas.

Segundo o deputado Júlio César, entre as preocupações dos deputados, está o remanejamento dos fundos do governo aos estados. Durante o café, o líder da bancada frisou a necessidade de fortalecimento dos órgãos regionais para resgatar a participação da região no PIB brasileiro, como o Banco do Nordeste. Com o pedido, no mesmo dia em que foi apresentado o PDN, o presidente anunciou o aumento de R$ 4 bilhões no Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, sendo R$ 3 bilhões destinados à infraestrutura e R$ 1 bilhão para o microcrédito rural.

Com a ação, o fundo passa a ter o valor de R$ 27,7 bilhões. Segundo o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, a liberação dos recursos é resultado dos esforços dos órgãos de financiamento do Nordeste. “O Banco do Nordeste fez uma revisão das estimativas e esse valor está voltando dos financiamentos que foram feitos”, disse, após o anúncio do investimento.

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