
Governo estuda, junto ao setor privado, como enfrentar taxa do aço de Trump, e descarta retaliar
O Governo brasileiro expressou seu descontentamento com a decisão do governo dos Estados Unidos de aumentar as tarifas sobre o aço e o alumínio importados do Brasil, elevando a taxa para 25%. A medida, anunciada em (12/03), afetará diretamente as exportações brasileiras, que em 2024 totalizaram US$ 3,2 bilhões. Em nota oficial, os Ministérios das Relações Exteriores (MRE) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) qualificaram a imposição de tarifas como "injustificável e equivocada", destacando o impacto negativo da ação unilaterial do governo americano no comércio entre os dois países.

O governo brasileiro tem buscado alternativas para enfrentar a medida sem recorrer a retaliações imediatas. Em declaração conjunta, os ministérios ressaltaram a importância de buscar soluções por meio de negociações com o setor privado, sem que haja ações retaliatórias antes de uma negociação com o governo dos EUA. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista que a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de negociar pacificamente. "O presidente Lula falou ‘muita calma nessa hora’. Já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa", disse Haddad, após uma reunião com representantes da indústria do aço.
Além disso, o ministro Rui Costa, da Casa Civil, informou que uma reunião entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e representantes do governo dos EUA está prevista para esta sexta-feira (14/03), com o intuito de discutir o impacto da taxação e tentar alcançar um entendimento. "O presidente só tomará alguma posição depois dessa reunião", declarou Rui Costa.
Os ministérios MRE e MDIC destacaram ainda a preocupação com as empresas e os trabalhadores brasileiros, e enfatizaram o histórico de cooperação econômica entre os dois países. Segundo dados do governo dos EUA, o Brasil teve um superávit comercial com os Estados Unidos de US$ 7 bilhões em 2024, sendo o aço e o alumínio produtos-chave nas exportações. O Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA e o maior exportador de aço semiacabado para aquele país.
O governo brasileiro também informou que tomará medidas em coordenação com o setor privado para defender os interesses dos produtores nacionais, incluindo a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). As reuniões com o setor privado, que ocorrerão nas próximas semanas, terão como objetivo avaliar as alternativas para neutralizar os impactos negativos da taxação.
A taxação de 25% sobre o aço e o alumínio entrou em vigor nesta quarta-feira (12/03) e afeta diretamente as exportações brasileiras. Os EUA são um dos maiores compradores do aço brasileiro, tendo adquirido 49% do total do aço exportado pelo Brasil em 2022, segundo dados do Instituto Aço Brasil.
Fonte: Reprodução/ Agência Gov