Relações estrangeiras do país -

Diálogo com países sul-americanos reforça integração no continente, diz embaixador

As relações estratégicas do Brasil com os países e territórios vizinhos — incluindo a América do Sul, o Atlântico Sul e o Continente Antártico — foi tema de um audiência pública realizada nesta segunda-feira (11/12) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Um dos participantes foi o secretário adjunto de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, embaixador Affonso Massot. Segundo ele, a relação com o entorno sul-americano é estratégica e necessária, pois facilita a integração econômica, política e cultural com as nações vizinhas. Para isso, "é necessário um diálogo franco, permanente e firme entre os países do continente, visando a busca conjunta de controles modernos e eficazes das questões que afetam as suas fronteiras, como o tráfico de drogas e de pessoas".

Para Massot, a política externa do Brasil para a América do Sul deve levar sempre em consideração os interesses dos estados que fazem fronteira com o continente sul-americano: Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

— O entorno do território brasileiro não nos chegou sem esforço, mas através de fortes conflitos armados, que não deixaram de gerar um sentimento recíproco de desconfiança entre os vizinhos, que perdurou boa parte do século XX. A relação essencial e prioritária foi e segue sendo com a Argentina — esclareceu.

Massot destacou também que o momento atual reforça o poder de negociação do Brasil no mercado internacional, visto que a União Europeia demonstra hoje mais interesse na concretização de um acordo com o Mercosul, o que pode ser interpretado como um gesto político à tendência protecionista do presidente norte-americano Donald Trump e da saída do Reino Unido da UE.

Comércio marítimo

O subchefe de Estratégia do Estado-Maior da Armada, o contra-almirante André Novis Montenegro, por sua vez, destacou que o Brasil possui fronteira marítima de 8 mil quilômetros de extensão e ressaltou a importância econômica do comércio praticado nos portos ao longo da costa.

- Os mares são pontes que ligam os povos, e o Brasil deve muito aos mares, ao Oceano Atlântico, importante para as comunicações, pesca, turismo e exploração do petróleo e recursos naturais subterrâneos, vitais para o crescimento do Brasil. São recursos infindáveis que o Brasil tem direito a explorar. Noventa e sete por cento do comércio exterior é feito por via marítima. Qualquer dificuldade tem reflexo no Produto Interno Bruto — frisou.

Já o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Jorge Ramalho da Rocha, disse que a ideia do entorno sul-americano surgiu para dar substância a um projeto legítimo do Estado brasileiro, desenvolvido nas últimas décadas, a partir de uma concepção que começou a ganhar consistência na década de 1970 e obteve identidade política.

Imigração

O presidente da CRE, senador Fernando Collor (PTC-AL) destacou que o Brasil é "fundamentalmente fruto da imigração", e que cada fluxo migratório contribuiu para o crescimento econômico e social do país.

— O Brasil sempre quis vencer pelo convencimento, pelo diálogo, pela busca de consensos. Estender pontes é uma tradição do Brasil. O Brasil sempre procurou buscar caminhos para a construção da paz, construir consensos, dirimir dúvidas, consolidar a sua força baseada no softpower, e não na busca de uma afirmação — afirmou.

Fonte: Agência Senado

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