"Teria que ser assim" -

Até onde o Centrão está disposto a ir na companhia de Bolsonaro

Razão para quem merece – no caso, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que a propósito da chegada do Centrão ao coração do governo, admitiu que “quem é Bolsonaro mesmo” sabia que “para poder governar teria que ser assim”. As informações são do colunista Noblat.

Demorou a acontecer, mas está aí. É um jogo que começa a ser jogado com atraso. Zambelli só não explicou por que na campanha de 2018, Bolsonaro preferiu esconder dos eleitores o que estava escrito nas estrelas, o que se daria mais dia ou menos dia.

Em palanque, Bolsonaro referia-se ao Centrão como “a nata do que há de pior no Brasil”. Seu filho Zero Três disse que até gostaria de fotografar cada apoiador do seu pai para conferir na “hora em que o pau comesse” quem o trairia aliando-se ao Centrão.

“Eu sou do Centrão”, reconheceu Bolsonaro na semana passada. “Eu nasci de lá”. E justificou por que só agora decidiu tirar a máscara:

“Se você afastar esses partidos de centro, sobram 300 votos para mim. Se você afastar cento e poucos parlamentares de esquerda, PT, PC do B e PSOL, eu vou governar com um quinto da Câmara?”

Estelionato eleitoral é quando um candidato promete ou diz coisas durante campanha e, uma vez eleito, faz o oposto. Bolsonaro apresentou-se como o presidente que demoliria o sistema político. O Centrão o que é se não o sistema em seu estado mais puro?

Fará diferença para “quem é Bolsonaro mesmo” descobrir que ele é um estelionatário? Zambelli está certa ao responder que não. Bolsonarista de raiz é como ele e por isso não precisa perdoá-lo. Bolsonarista de ocasião é que pode sentir-se enganado.

Quem não era bolsonarista, mas votou nele só para derrotar o candidato do PT, ou então viajou para não votar em ninguém, ou anulou o voto ou então votou em branco, esse, sim, está arrependido e à procura do que fazer na eleição do ano que vem.

Se satisfeitas as suas vontades, o Centrão garantirá no Congresso os votos que Bolsonaro precisa para não cair antes de completar o mandato. Que o presidente, porém, não lhe peça nada além. Se quiser, peça aos militares, que têm armas, mas não têm votos.

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