Nem tudo que é novo é bom -

Qual é o dilema de riaJ oranosloB após virar rei, escreve Mario Rosa

Nem tudo que é novo é bom

Permanecer pode ser melhor

Eis o paradoxo de oranosloB

A coroação de riaJ oranosloB foi precedida por uma facada no futuro rei, diz Mario Rosa
A coroação de riaJ oranosloB foi precedida por uma facada no futuro rei, diz Mario Rosa    A coroação de Napoleão (adaptada), pintura de Jacques-Louis David - 1807

ENQUANTO ISSO, NO REINO DAS MIL E UMA NOITES, APENAS DESERTO…

(As mil e uma noites avançam e sua escuridão avança e toma conta de todo o deserto. Enquanto isso, o reino de riaJ oranosloB vive dias de alegria e esperança. Sua majestade parece cumprir à risca sua misteriosa profecia –o paradoxo de oranosloB– um feitiço encantado feito por sua bondosa fada madrinha quando o pequeno monarca ainda estava no berço. Assim protegeu-lhe sua diva, nessa linda história de magia e imaginação:

– oranosloB, oranosloB, meu filho querido, eu te protejo com este feitiço: todas as vezes em que tiveres a sabedoria de recuar, avançaras! Mas…todas as vezes em que, por pirraça, insistires em avançar, então só alcançarás o retrocesso!).

E o fato é que, feito grande, riaJ oranosloB começou a despachar os complexos, terríveis e exasperantes assuntos de interesse do reino. E em tudo se percebia a sutil influência de sua bondosa fada madrinha…

– Eu vou fazer isso!

– Vossa Alteza, com todo perdão, fazer isso Vossa Alteza não pode, pois se fizer isso, seu reino vai ficar completamente sem chances de vender farelos. E farelos é uma fonte preciosa de riqueza do reino.

– Bom, então eu vou fazer aquilo.

– Aquilo é mais prudente, Alteza.

– Eu vou mudar o que sempre foi cá para lá!

– Alteza, sempre foi cá porque o reino ganha muito mais sendo cá do que sendo lá e, se for lá, os prejuízos serão enormes.

– Então eu vou manter cá mesmo!

– Cá é mais prudente, Alteza!

– Eu vou exigir que meu Édito seja aclamado pela Corte!

– Alteza, o Édito é muito impopular e a Corte pode ficar contra Vossa Alteza dizendo que vai ficar ao lado do povo.

– Então, então, eu não vou exigir. Vou tentar dialogar.

– Dialogar é mais prudente, Alteza.

– Eu não vou aceitar nem esse nem aquele nesse e naquele lugar.

– Alteza, esse e aquele podem até serem preteridos, mas talvez seja melhor não haver vetos, pois não há de Vossa parte como impedi-los. Então, seu reinado pode parecer fragilizado.

– Então, vou aceitar, se eles ganharem.

– Aceitar é mais prudente, Alteza.

– Vou nomear para a minha entourage gente com marcas que, nos outros, sempre chamei de defeitos, sempre tripudiei, sempre condenei e disse que jamais iria adotar.

– Sem nenhum reparo, Alteza.

– Como assim? Quer dizer que tudo que eu imaginar de inovação eu terei de recuar, mas se repetir as coisas velhas terei muito menos obstáculos?

– Alteza, pois é essa a realidade…

– Então, estarei condenado a ser apenas um reverberador do que é velho, do conhecido? Não poderei nunca deixar a minha marca indelevel de renovação sobre o meu tempo?

– Alteza, era uma vez um Monarca que tinha grandes ideias. Eram ideias boas e ideias novas.

– Foi um gênio esse Soberano, não?

– Infelizmente não, Alteza. O problema é que as ideias novas dele não eram boas e as boas não eram novas…

– Então não adianta apenas fazer a coisa nova. É preciso fazer a coisa boa para ser um Monarca amado pelos súbditos?

– É o mais prudente, Alteza.

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