Assassinato em posto -

Filho de prefeito não comparece em júri popular de ex-policial do qual era “amigo”

Por Rômulo Rocha - Do Blog Bastidores

 

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- O consumo de dois litros de uísque no Kanecas Bar

- O suposto uso de cocaína no bar Kanecas e no apartamento do filho do prefeito

- O suposto confronto com policiais federais no Kanecas Bar

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Marcos Alves, que vem a ser filho do prefeito de Avelino Lopes, Diógenes Alves (PP), não compareceu ao julgamento do ex-policial militar Igor Araújo. A justiça até que tentou intimar o filho do político, para que ele se fizesse presente ao júri popular, uma vez que seria “amigo” do acusado, e atuaria como “testemunha de defesa” do então PM. O oficial de justiça, no entanto, reporta que ele estaria na Bahia, que trabalha na realidade em Avelino Lopes, mas que passa dois dias somente em Teresina e retorna ao município do interior do estado.

“Certifico e dou fé que, dirigi-me ao endereço constante nesta, desde o dia 05/02/2018, e sendo aí, sempre sendo atendido pelo Sr. Wilken e Fernando que informou que o mesmo encontra-se para a cidade da Bahia. Certifico ainda que o mesmo trabalha na cidade de Avelino Lopes que aparece e passa dois dias e viaja novamente. As informações foram dadas pelo porteiros síndicos. Diante do exposto acima, deixei de intimar Marcos Dióstenes do Amaral Alves”, certificou o oficial de justiça Paulo de Tarso Teixeira Leda, ao se reportar a visitas no endereço em Teresina.

Marcos Alves chegou a informar a funcionários do 180graus que era “testemunha” do caso, ao protestar contra uma matéria do Blog Bastidores. Isso antes do Carnaval. Em tese, se comparecesse à audiência, estaria sanada o vício de não localização de sua pessoa na capital. O mandado de intimação para o julgamento foi expedido ainda em 17 de janeiro de 2018.

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O ITER CRIMINIS

EM JUÍZO ACUSADO DIZ QUE  SÓ ELE TINHA CONDIÇÕES DE DIRIGIR

Perante o juízo, do qual é réu, o ex-policial militar informou que não era segurança do filho do prefeito, mas que teria ido dirigindo o carro de Marcos Alves até o posto da João XXIII, onde ocorreria a morte do filho de um oficial de justiça, o jovem Alan Lopes Rodrigues da Silva. E conduziu o veículo porque o filho do prefeito e o outro acompanhante, Breno Ricardo de Carvalho Pereira, não possuíam condições de dirigir, devido ao consumo de álcool, mas mesmo assim foram ao posto comprar mais bebida alcoólica.

A acusação vai explorar, justamente, trechos do depoimento de Breno Pereira à Polícia Civil. Nele, Breno afirma que houve o uso de cocaína pelo ex-militar e pelo filho do prefeito tanto no Bar Kanecas - lugar que antecedeu o da morte, quanto no apartamento do filho do prefeito de nome Marcos Alves.

Diz Breno Pereira, três dias depois do fato, em depoimento ao delegado da Polícia Civil  Higgo Martins Moura:

- “Que conhece Igor Araújo desde criança, pois o avós de Igor, com quem ele morava, residem ao lado da casa do avô do declarante”

- “Que chegando lá [no Kanecas Bar], encontrou Marcos e Igor sentados à mesa, próximo ao balcão, que estavam terminando de consumir  01 (um) litro de uísque, tendo com a chegada do declarante solicitado outro litro de uísque”

- “Que deixaram o local no veículo de Igor e seguiram em direção ao apartamento de Marcos”

- “Que chegando lá, o declarante ficou na sala enquanto que Igor e Marcos faziam uso de cocaína”

- "Que já tinha conhecimento de que Igor e Marcos faziam uso de cocaína"

- “Que acredita que naquela noite Igor e Marcos fizeram uso de cocaína, tanto no apartamento de Marcos quanto no banheiro do Kanecas Bar”

- “Que então, passado pouco tempo, deixaram o apartamento no veículo Cruze, de cor branca, de propriedade de Marcos, que era conduzido por Igor”

- “Que já depois das 3:00 do dia 20/02/2016, chegaram no posto de combustível onde ocorreu o homicídio de Alan”.                               

NEGATIVA

Em contato com o Blog Bastidores, do 180, Marcos Alves disse que não faz uso de entorpecentes.

Em juízo, o acusado, ex-militar, também negou o uso de cocaína momentos antes do crime, e vem pregando a imagem de que é um bom moço, inclusive, explorando o fato de já ter sido condecorado por “bravura” pela Polícia Militar.

Essa é uma das estratégias da defesa, que alega que a morte ocorreu motivada por legítima defesa, ainda que os cinco tiros tivessem sido efetuados, supostamente, pelas costas da vítima, não possibilitando chance alguma de defesa, depois de um desentendimento banal.

O advogado de acusação, Gilberto Ferreira, sustentou que no Kanecas Bar ainda teria havido um possível princípio de "confronto" envolvendo Marcos Alves e o ex-militar, tendo no outro polo policiais federais.

_Trechos de depoimento de Breno Pereira sobre o uso de cocaína

 

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