Decisão Unânime -

EXCLUSIVO: CNMP afasta o promotor de Justiça Francisco de Jesus por violência sexual contra menor

Por Rômulo Rocha - Do Blog Bastidores

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- "Com ela [menor], o agente ministerial praticou e permitiu que fossem praticados atos libidinosos diversos da conjunção carnal, em mais de uma ocasião, consistente em passar as mãos no meio de suas pernas, em tocar e acariciar suas partes íntimas, seus seios, sua vagina", sustentou relatora

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Foto: 180graus.com _Promotor de Justiça Francisco de Jesus
_Promotor de Justiça Francisco de Jesus, que se autointitula "Chico de Jesus"

O PONTO FINAL E MAGISTRAL IMPOSTO POR UMA MULHER: CÍNTIA BRUNETTA

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), de forma unânime, no âmbito de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), decidiu pela disponibilidade - uma penalidade grave - do promotor de Justiça Francisco de Jesus, que se autointitula "Chico de Jesus", acusado de violência sexual contra uma menor e acusado de outros abusos, inclusive estupro, contra no mínimo 2 mulheres, no âmbito de violência doméstica. 

A relatora do caso foi a conselheira Cíntia Menezes Brunetta, juíza federal, que exerce a magistratura desde 2005, sendo a maioria do tempo na área criminal. O voto da conselheira foi elogiado pelos pares.

Nada mais significativo e SIMBÓLICO que uma mulher, com trejeitos delicados e finos, além de toda a força inerente ao gênero, atuasse de forma brilhante para impor um fim ao que algumas outras mulheres ousaram expor. 

Do voto da relatora é possível se extrair trechos considerados “gravíssimos” e que podem fazer emergir sentimentos adversos, como os expostos abaixo, sobre um suposto abuso de uma menor.

 “Com ela [menor], o agente ministerial praticou e permitiu que fossem praticados atos libidinosos diversos da conjunção carnal, em mais de uma ocasião, consistente em passar as mãos no meio de suas pernas, em tocar e acariciar suas partes íntimas, seus seios, sua vagina, introduzir o dedo por diversas vezes em sua vagina, inclusive, machucando-a. Também a boca da menor restou inchada, em razão do sexo oral a que foi constrangida a fazer, tendo sido ameaçada pelo processado de mal injusto e grave para que não contasse a ninguém”, leu a relatora, em trecho extraído de seu voto.

O membro do Ministério Público à época da eclosão desses fatos chegou a ser denunciado também perante o Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), acusado de estupro contra duas mulheres e abuso psicológico contra uma menor, em âmbito de violência doméstica.

Em seu voto, a relatora do caso sustentou que a conduta do promotor é de “tal gravidade e contra vítimas vulneráveis, que não há dúvida de que merece a penalidade de disponibilidade”.

FATOS NOVOS

Foto: Reprodução _Cithia Burnette
_Cíntia Brunetta

Cíntia Menezes Brunetta também determinou o envio de cópia integral do PAD à Procuradoria-Geral de Justiça do Piauí “para ciência e adoção das providências que eventualmente entender pertinentes, quanto a outros elementos de informação e de indícios de outros ilícitos e crimes ainda não apurados e que surgiram durante a instrução desse feito”.

PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA QUER DAR CELERIDADE A "AÇÕES PENAIS"

Foto: Reprodução _Procurador-Geral da República, Paulo Gonet
_Procurador-Geral da República, Paulo Gonet

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, que preside o CNMP, chegou a indagar à relatora se existiam atrasos em ações penais envolvendo Francisco de Jesus para que pudesse reportar ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Alguma notícia de atraso nas ações penais que a gente possa dar notícia ao CNJ?", chegou a indagar Gonet. A relatora respondeu que eram suscitadas muitas questões pelo promotor, tal qual como no PAD, mas que não tinha conhecimento de eventuais atrasos no TJ-PI.

Paulo Gonet disse que ficou "altamente impressionado com o caso e com a qualidade do trabalho não só da comissão, mas sobretudo agora do voto, minucioso, detalhado, cuidadoso e brilhante, como sempre, da conselheira relatora Cíntia Brunetta".

AÇÕES JUDICIAIS EM SÉRIE E TENTATIVAS DE RETIRADA DE MATÉRIAS DO AR

Ex-membro do Núcleo das Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID/MP-PI), o promotor de Justiça, quando do início das denúncias e informes na imprensa, que inclusive envolveram uma outra ex-companheira, moveu reiteradamente ao longo de anos a máquina judiciária contra jornalistas, além de usar portal de notícias amigo e sua própria rede social para reportar informações que não condiziam com a realidade fática e calcular tempo de prisão (superior a 8 anos) para o titular do Blog Bastidores, do 180graus, profissional de imprensa que havia sido destacado para cobrir os casos após sucessivos processos contra este portal de notícias e o seu ex-editor.

À época, ao analisar situações envolvendo o membro do MP-PI, incluindo situações no âmbito de processos judiciais, o Blog Bastidores já havia detectado uma estratégia que pareceu ser marca do membro ministerial: posar de vítima e apontar um algoz externo, insinuando que supostas ‘intimidações’ (inexistentes) ou denúncias contra ele eram motivadas pelos trabalhos desenvolvidos em sua profissão.

Foto: Reprodução

Em alguns dos textos jornalísticos editorializados publicados pelo Blog Bastidores, o promotor de Justiça inclusive foi alertado para o fato de que a cautela exigia o saber de que sempre há um alguém que é capaz de colocar o pingo nos is por mais poder que se ache que se tem. 

Ao que parece CÍNTIA BRUNETTA é uma dessas pessoas: uma MULHER com vasto conhecimento jurídico e numa posição plenamente capaz de apor esse ponto. 

Nada mais simbólico.

CLIQUE AQUI e assista a atuação da relatora, a partir do tempo 54min30s

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ALGUMAS DAS PUBLICAÇÕES do Blog Bastidores envolvendo "Chico de Jesus":

- DETALHES | À unanimidade TJ recebeu denúncia por estupro contra o promotor Francisco de Jesus

- EXCLUSIVO: Denúncia por estupro contra promotor de Justiça cita supostas ameaças com arma de fogo

- EXCLUSIVO: Sub-procurador-geral de Justiça diz que Francisco de Jesus o intimidou e xingou: moleque

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