Operação Iscariotes -

"CORRUPÇÃO" | Assessor de promotor de Justiça teria mentido para a PF durante busca e apreensão

Por Rômulo Rocha - Do Blog Bastidores

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- SIMBOLOGIA HISTÓRICA E RELIGIOSA: Nome da Operação Iscariotes, da Polícia Federal, em referência a Judas, passa uma mensagem nem um pouco subliminar: 'traidores' da instituição MP-PI e do senso e ideal de Justiça que se deve defender.

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Foto: Reprodução _Notas apreendidas na carteira do assessor do promotor de Justiça
_Notas apreendidas no que seria a carteira do assessor do promotor de Justiça, que haviam sido entregues pelo empresário Junno Pinheiro ao membro do MP-PI Maurício Verdejo para arquivar uma investigação criminal

A Polícia Federal acredita que André Ricardo Bispo Lima, assessor de promotoria de Justiça, tenha mentido quando da realização da segunda etapa da Operação Iscariotes, que visava colher mais provas contra ele e o promotor de Justiça Maurício Verdejo pela suposta prática do crime de concussão. Verdejo é suspeito de exigir dinheiro ao empresário Junno Pinheiro para arquivar uma investigação criminal.

A segunda etapa da operação foi deflagrada no dia 15 de agosto. Pairam contra o assessor de Maurício Verdejo suspeitas de “participação ativa nas tratativas para o encerramento da investigação e na obtenção de vantagem indevida”.

Quando da batida da PF em endereço ligado a André Lima, no bairro Todos os Santos, em Teresina, agentes da Polícia Federal apreenderam “3 cédulas de R$ 200,00 encontradas na carteira porta cédulas pertencente a ANDRE RICARDO BISPO LIMA, a qual estava dentro do seu veículo”.

Segundo os policiais, “as 3 cédulas foram arrecadadas a fim de verificar se as mesmas pertenciam ao lote de cédulas entregues por JUNNO SOUSA ao investigado MAURICIO VERDEJO (cédulas digitalizadas pela Polícia Federal antes da entrega)”.

Os policiais reportaram que “após o retorno à Superintendência da Polícia Federal, fez-se a comparação entre as 3 cédulas apreendidas e os arquivos digitais das cédulas entregues por JUNNO SOUSA ao investigado MAURICIO VERDEJO e constatou-se que as 3 cédulas arrecadadas são oriundas de um dos lotes de cédulas entregues por JUNNO SOUSA”. 

“Por fim, esta autoridade policial conclui que os elementos de provas apreendidos ratificam a hipótese criminal acima [concussão], uma vez que restou demonstrado que cédulas utilizadas para o pagamento da exigência de vantagem indevida por parte de MAURICIO VERDEJO foram encontradas em poder de ANDRE BISPO, restando comprovado o proveito financeiro por parte de ANDRE BISPO”, era a conclusão dos investigadores.

A SUPOSTA MENTIRA

Foto: Reprodução _Assessor do promotor de Justiça André Bispo
_Assessor de promotoria de Justiça André Bispo

A Polícia Federal afirmou que “quando as cédulas foram encontradas dentro da carteira de sua propriedade, o Sr. André Ricardo (assessor do promotor MAURÍCIO VERDEJO) foi brevemente entrevistado”, e nessa ocasião, “foi questionado sobre qual era a origem do referido numerário no valor total de R$ 600,00 (composto por três cédulas de R$ 200,00)”. 

Teria sido quando “o entrevistado então respondeu que teria recebido a quantia como pagamento de um cliente por atividades advocatícias”.

A Polícia Federal, no entanto, no decorrer das checagens, salientou que “André Ricardo está na condição de “licenciado” da OAB, conforme comprova consulta ao site do Cadastro Nacional de Advogados”.

Foto: Reprodução

Também foi reportado, como "importante destacar", que "as numerações das cédulas são sequenciais (“AI075975798“,“AI075975799“ e “AI075975800”)". Ainda, que "confrontando-se as três cédulas apreendidas com as notas previamente escaneadas e que foram entregues pelo noticiante JUNNO PINHEIRO CAMPOS DE SOUSA ao promotor MAURÍCIO VERDEJO, verifica-se que há coincidência de numeração".

"Conclui-se, portanto, que as cédulas apreendidas hoje [15 de agosto] e que estavam na carteira de ANDRÉ RICARDO BISPO LIMA são, com efeito, cédulas retiradas do rol composto por aquelas entregues por JUNNO PINHEIRO ao promotor MAURÍCIO VERDEJO como contraprestação de corrupção manifesta pela prática de concussão pelo membro do MP-PI", acresceram.

E continuaram os investigadores, dessa vez afirmando que "as notas que foram encontradas na posse de ANDRÉ RICARDO BISPO LIMA foram retiradas do volume de R$100.000,00 em notas de R$ 200,00 que não foi encontrado durante as buscas na casa do promotor". 

Foto: Reprodução

AS CÉDULAS DIGITALIZADAS PELA POLÍCIA FEDERAL PREVIAMENTE

Os numerários entregues ao promotor de Justiça Maurício Verdejo no dia 2 de agosto e no dia 7 de agosto foram, sempre, previamente digitalizados pela Polícia Federal.

A primeira remessa, os R$ 500 mil levados pelo empresário à casa do promotor de Justiça, era composta de "R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) em cédulas de R$ 200,00 (duzentos reais) e de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) em cédulas de R$ 100,00 (cem reais)".

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A segunda remessa, outro R$ 500 mil, era composta "de cédulas de R$ 100,00 (cem reais), R$ 50,00 (cinquenta reais) e de R$ 20,00 (vinte reais)".

Foto: Reprodução

DO VALOR DE 1 MILHÃO DE REIAS PAGOS FORAM ENCONTRADOS R$ 896.900,00

À época, a Polícia Federal também reportou que do R$ 1 milhão pagos inicialmente por Junno, referente à primeira parte do 'acordo', foram aprendidos R$ 896.900,00, sendo que o restante da cifra foi dado destino desconhecido.

"Registra-se que, segundo o termo de apreensão nº 3235111/2024 (fls 139/140 do RE nº 2024.0072653-DRPJ/SR/PF/PI), o valor total aprendido durante as buscas foi de R$ 896.900,00 (oitocentos e noventa e seis mil e novecentos reais), enquanto que o valor total da 1ª e 2ª entregas ao promotor foi de R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), o que indica que MAURICIO VERDEJO GONÇALVES JUNIOR deu destinação desconhecida a um saldo de R$ 103.100,00 (cento e três mil e cem reais).

Em face disso foi pedido e deferido pela Justiça o bloqueio de valores nas contas bancárias atreladas aos investigados para recuperar a parte não encontrada pelos investigadores.

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