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Luísa Sonza critica marcas que não contratam quem apoia Lula e o PT

Um dos maiores nomes do pop brasileiro, Luísa Sonza quer extrapolar a música e discutir política. Foi o que a cantora disse à reportagem na noite desta quinta-feira (16) assim que subiu ao trio elétrico da Micareta São Paulo, festividade que antecede a Parada LGBT.

Há cerca de uma semana, Sonza denunciou nas redes sociais que artistas e influenciadores digitais que apoiam o ex-presidente Lula, principal concorrente de Jair Bolsonaro nas eleições que se aproximam, estão sofrendo boicote de algumas marcas, que não contratam tais celebridades ou tentam vetar suas manifestações políticas contratualmente.

"É ano de eleição. Não tem como não se posicionar. E por se posicionar não é só dizer em quem vota, mas discutir política. Nós, jovens, precisamos discutir política. Bloquear ou dificultar essa discussão é um desacato à sociedade."

Sua denúncia foi confirmada à reportagem por Fátima Pissarra, uma das diretoras da Mynd, agência de marketing que no ano passado lucrou cerca de R$ 300 milhões negociando ações publicitárias, os chamados "publis", para figuras como Sonza, Pabllo Vittar, Gil do Vigor e Gkay.

Ao ser questionada se tem algum receio de que as marcas também se afastem dela ou se teme por sua segurança, tendo em vista que outros influenciadores que declararam guerra contra Bolsonaro relatam sofrer até ameaças de morte, caso de Felipe Neto, Sonza afirmou não ter "medo de nada".

"Nunca tive muitas papas na língua. Sempre me posicionei e isso não vai mudar nunca. O que eu recebi foi a notícia de que outras pessoas que não têm o mesmo tamanho que eu estão sendo barradas por marcas. Pelo meu tamanho, com meus números, consigo fazer o que quero, mas outras pessoas não."

Sonza, contudo, deixou a política de lado assim que começou a cantar, por volta das 18h30, com cerca de uma hora e meia de atraso. Sua apresentação, que sucedeu a de Daniela Mercury e precedeu a de Ivete Sangalo, terminou por volta das 20h30.

A voltagem política do primeiro dia da Micareta, que vai até sábado (18) no Sambódromo do Anhembi, não foi tão alta, diferentemente do que ocorreu na Virada Cultural ou no Lollapalooza. O festival, em março, foi atravessado por uma tentativa de censura do PL, partido de Bolsonaro, depois que Pabllo Vittar exibiu no palco uma toalha com o rosto de Lula e fez um "L" com as mãos em apoio ao petista.

Entre uma música e outra, Mercury até chegou a pedir "paz para a Ucrânia, paz para o Brasil, porque a gente merece", o que o público respondia com manifestações de apoio a Lula, mas Sonza e Ivete Sangalo preferiram se concentrar no clima de festa.

Empilhando hit atrás de hit, alguns deles reproduzidos até quatro vezes durante a apresentação, Sonza pediu até licença à plateia para cantar uma música "mais triste", "Penhasco", com a promessa de que "depois a gente vira puta".

Entre uma sequência e outra de sucessos, a cantora largava o microfone para dançar funks de outros artistas, como Pedro Sampaio. À medida que trazia as coreografias virais no TikTok para o Anhembi, o público, composto majoritariamente por homens gays, reproduziam os passinhos, improvisando até as cordas em torno do trio elétrico como apoio para rebolar.

O ápice da apresentação –e também um dos pontos mais catárticos do primeiro dia da Micareta– se deu quando a cantora decidiu arrematar o show descendo do trio elétrico para dançar "Sentadona", um de seus últimos lançamentos e também um dos maiores sucessos de sua carreira, no asfalto do sambódromo.

Foi como se, por algumas horas, o público se permitisse esquecer do futuro do país, deixando de lado questões que a própria cantora discute nas redes sociais e os coros de "fora, Bolsonaro" que se tornaram a tônica de shows Brasil afora, para se preocupar apenas em se divertir.

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