A partir de maio -

Proposta de reajuste de 9% é aceita por categorias como policiais e servidores do BC

Servidores de diversas categorias -entre elas, Banco Central e Polícia Federal- já aceitaram a proposta do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de reajuste salarial de 9% a partir de maio (pago em junho), acompanhado de um aumento de R$ 200 no auxílio-alimentação.

A proposta foi formalizada pelo governo na última terça-feira (14) e enviada às entidades representativas depois de o percentual ter sido acordado no dia 10, em reunião da mesa de negociação permanente conduzida pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos com participação dos sindicatos.

Foto: ReproduçãoBanco Central
Banco Central

No encontro, uma primeira oferta de recomposição de 8,4% a partir de abril havia desagradado às entidades filiadas aos fóruns nacionais de servidores públicos, que falaram em "frustração total". Após pressão, a negociação avançou até chegar aos 9% -sem pagamento retroativo. O valor do auxílio-alimentação de quem está na ativa, com a correção, passará a R$ 658.

Sem reajuste salarial desde 2019, os funcionários do Banco Central concordaram com os termos da proposta em uma assembleia realizada na terça. A deliberação contou com 95% de votos favoráveis à medida.

Segundo Fabio Faiad, presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), a oferta aceita é encarada como um "reajuste emergencial". "O plano é avançar na reestruturação da carreira", afirmou, depois de ter se reunido nesta quinta (16) com a diretora de Administração do BC, Carolina de Assis Barros.

O percentual final ficou muito aquém dos 27% pleiteados pela categoria em 2022, quando pressionou o governo com uma greve que durou de abril a julho, com uma breve pausa de duas semanas durante as negociações.

O movimento dos servidores do BC no ano passado fez parte da mobilização nacional do funcionalismo público por reajuste salarial e reestruturação de carreira. A pressão começou após o então presidente Jair Bolsonaro (PL) ter acenado com aumento apenas aos policiais federais, categoria que compõe sua base de apoio.

Na quarta-feira (15), a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) aprovou, em assembleia geral realizada virtualmente, o reajuste linear proposto pelo governo. O presidente da entidade, Marcus Firme, afirmou em nota no site que o aumento não era o ideal e disse que a categoria precisa de uma real reestruturação salarial.

Na PRF (Polícia Rodoviária Federal), as assembleias serão concluídas até domingo, segundo o presidente da entidade, Dovercino Neto. Oito estados ainda precisam deliberar sobre o tema. Nas reuniões já realizadas, disse, o índice de aceitação da proposta supera 90%.

"O governo Bolsonaro fez muito barulho, fez muita divulgação, e, de concreto, nada. A gente continua na busca, que é um sonho, de uma reestruturação da carreira e da tabela salarial", afirmou. "Passamos quatro anos da gestão sem nenhum tipo de recomposição. Com 9% é difícil alguém dizer que não quer, porque foi duro esse período sem recomposição."

Já a categoria dos auditores e técnicos federais de Finanças e Controle, com servidores do Tesouro Nacional e CGU (Controladoria-Geral da União), deliberou nesta quinta pela aprovação da proposta de reajuste, com 94% de votos favoráveis.

Para Bráulio Cerqueira, presidente do Unacon Sindical, a medida representa apenas um passo inicial em relação às demandas da categoria. "Um avanço em relação aos últimos anos, um primeiro passo, ainda insuficiente, para recuperação das perdas acumuladas e endereçamento das pautas específicas dos servidores do Tesouro e CGU", disse.

Outras categorias, como a dos analistas de comércio exterior e de funcionários do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), também já decidiram pela aprovação da proposta, de acordo com o Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado). Segundo Rudinei Marques, presidente da entidade, a expectativa é que até segunda-feira (20) a resposta do grupo seja consolidada.

A proposta original do governo era um reajuste linear de 7,8%, também acompanhado de um acréscimo de R$ 200 no auxílio-alimentação, oferecido em uma mesa de negociação realizada em fevereiro. Os funcionários públicos, por sua vez, pediam a aplicação de um percentual linear de 13,5% a partir de março.

O aumento de 9% aos servidores coincide com o valor citado à Folha pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, em sua primeira entrevista no cargo.

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