Campanha começa a defasar -

Petróleo em alta limita atuação da Petrobras em campanha e joga pressão sobre diretoria

A alta do petróleo nos últimos dias limita a atuação da Petrobras na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que, nas últimas semanas, vinha comemorando seguidas reduções de preço por parte da estatal e divulgando as reduções como conquistas do governo.

A campanha do segundo turno começa com defasagem entre os preços internos e a paridade de importação –uma baliza em relação aos preços internacionais–, o que torna mais difícil justificar a manutenção da estratégia de cortes a conta-gotas nos preços da gasolina e do diesel.

Fontes da Petrobras dizem que há forte pressão do governo para, ao menos, não aumentar os preços. Para reduzir resistências, o presidente da companhia, Caio Paes de Andrade, estaria negociando a substituição do diretor financeiro da empresa, Rodrigo Araújo.

A troca por um executivo mais alinhado ao governo garante maioria no grupo que define reajustes, formado pelo presidente da estatal e pelos diretores financeiro e de logística e comercialização, Cláudio Mastella.

Outra mudança desejada por Paes de Andrade é na diretoria de governança, hoje ocupada por Salvador Dahan, que tem poder de veto sobre decisões prejudiciais à companhia. O conselho de administração, que fiscaliza o cumprimento da política de preços, já tem maioria alinhada ao governo.

O último corte no preço da gasolina nas refinarias da Petrobras ocorreu no dia 1º de setembro. O preço de venda do diesel foi cortado pela última vez em 19 de setembro. Sem mudanças nas refinarias, a queda dos preços nas bombas vem desacelerando nas últimas semanas.
A avaliação interna da empresa é que não há espaço para redução nos preços nos dois combustíveis atualmente, já que o petróleo vem subindo em resposta a corte da produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

Nesta quarta-feira (5), por volta das 15h, a cotação do Brent, negociado em Londres, estava acima de US$ 93 por barril. É o maior patamar desde meados de setembro.

Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), na abertura do mercado desta quarta, o preço da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,28 por litro abaixo da paridade de importação. Já o diesel estava R$ 0,17 por litro abaixo do valor necessário para importar o produto.

Os valores não consideram a alta do pregão desta quarta, o que pode ampliar a diferença. Desde o fim de setembro, o preço interno está mais baixo do que o externo, mas em valores que não justificariam ainda novos aumentos, segundo especialistas.

Fontes da estatal dizem que há algum espaço para corte no preço do gás de botijão, mas outros produtos que vinham usados pela Petrobras para gerar notícias positivas, como querosene de aviação e asfalto só são reajustados uma vez por mês, ou seja, só gerarão notícias perto da votação do segundo turno.

A queda dos preços dos combustíveis vem sendo usada um dos trunfos da campanha à reeleição de Bolsonaro, que teve a imagem desgastada pela escalada inflacionária do primeiro semestre. Na campanha do primeiro turno, o presidente e aliados visitaram postos no Brasil e no exterior.

Paes de Andrade foi nomeado na Petrobras no fim de junho, com o objetivo de dar "nova dinâmica" aos preços dos combustíveis, segundo o presidente da República, e teve o trabalho facilitado nos primeiros meses pela queda das cotações internacionais.

A Petrobras não vai comentar o assunto.

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